Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Em show na Caixa, Virgínia Rodrigues comemora 20 anos de carreira

Repertório será um passeio pelos discos da cantora

Da adolescente de origem humilde, moradora do subúrbio de Salvador, que cantava em corais de igreja, à estrela da música, com passagem pelos palcos de míticas casas de espetáculos de Nova York e Londres. É essa a trajetória de Vírginia Rodrigues, descoberta por Caetano Veloso, quando, em 1997, participava da encenação da peça Bye bye Pelô, com o Bando de Teatro Olodum, dirigida por Marcio Meirelles.

Virgínia, que já se apresentou várias vezes em Brasília, está de volta à cidade com a turnê do show comemorativo de 20 anos de carreira. Ela cumpre curta temporada de amanhã a domingo no Teatro da Caixa. Acompanhada por Bernardo Borísio e Leonardo Mendes (violões), Marco Lobo e Sebastian Notini (percussão) e Iura Ranevsky (violoncelo), tendo o cantor e compositor baiano Tiganá Santana como convidado especial.

Cantora de voz prolixa, que atinge desde notas agudas a tons mais graves, Virgínia trouxe para seu trabalho influências de estilos como o samba e o jazz e também da música clássica; e referências a entes do candomblé e da umbanda. Intérprete sofisticada, com cinco discos lançados, tem o talento reconhecido no Brasil e no exterior.

Lançado no Brasil, Estados Unidos, Europa e Japão, Sol negro, o álbum de estreia, produzido por Celso Fonseca, trouxe composições de Dorival Caymmi, Gilberto Gil, Djavan e Caetano Veloso, autor da canção-título. Em 2000, a cantora chegou ao público com Nós, CD com o qual homenageou os blocos afro de Salvador, ao entoar músicas do Ilê Aiyê, Olodum, Ara Ketu e Afreketê.

Mares profundos, o terceiro disco de Virgínia, que saiu em 2004, com produção de Caetano Veloso, reúne 11 sambas-afro, compostos por Baden Powell e Vinicius de Moraes, e fecha com Lapinha (Baden e Paulo César Pinheiro). Em Recomeço, de 2008, ela emprestou seu canto camerístico para clássicos como A noite do meu bem (Dolores Duran), Beatriz (Edu Lobo), Por toda minha vida (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e Todo sentimento (Chico Buarque e Cristovão Bastos).

O quinto título da discografia de Virgínia, Mama Kalunga está bem representado no repertório do show que ele traz para o público brasiliense, por meio de Ao senhor do fogo azul (Gilson Nascimento), Sou eu (Moacir Santos e Nei Lopes), Luandê (Ederaldo Gentil), Teus olhos em mim (Nizaldo Costa e Roberto Mendes) e a faixa título, que tem a assinatura de Tiganá Santana. A elas se juntam músicas de outros discos, entre as quais Sol negro (Caetano Veloso), Tristeza e solidão (Baden e Vinicius),Noite de temporal (Dorival Caymmi).



Virgínia Rodrigues
Show da cantora, comemorativo dos 20 anos de carreira, acompanhada por banda e participação de Tiganá Santana, sexta e sábado, às 20h e domingo, às 19h, no Teatro da Caixa (Setor Bancário Sul). Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia entrada). Assinante do Correio tem direito a meia-entrada. Classificação indicativa livre. Informações:3206-6456.



Três perguntas / Virgínia Rodrigues



Antes de iniciar a carreira de cantora, qual era sua relação com a música?
Na infância e no começo da adolescência, eu ouvia muito rádio em casa. Naquela época, ao contrário de hoje que há a predominância de determinados gêneros musicais na programação radiofônica, ouvia-se de tudo. Cresci ouvindo Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Maria Bethânia, Gal Costa.


Como tem sido a presença de Caetano Veloso em seu trabalho?
O Caetano, desde que me assistiu no espetáculo Bye bye Pelô, do Bando de Teatro Olodum, tem sido importantíssimo para minha trajetória. Além de produzir o Sol Negro, meu disco de estreia, mantêm-se atento ao meu trabalho, dando sugestões e levando a me apresentar no exterior, em palcos como o do Carnegie Hall, em Nova York; e o do Royal Theatre London, em Londres. Além de tudo, é um grande amigo.


Que avaliação faz desses 20 anos de carreira?
É uma data para ser celebrada, pois faço o que gosto, meu trabalho ganhou o acolhimento do público e da crítica e tenho levado meu canto ao Brasil e ao exterior. Em Brasília, por exemplo, sou sempre recebida com carinho. Tomara que, nesses novos tempos, continue tendo liberdade para chegar às pessoas com minha música.