Los Angeles ; Quando Animais fantásticos e onde habitam estreou em novembro de 2017, talvez fosse difícil imaginar como a autora da saga, a britânica J.K. Rowling, conseguiria recriar uma franquia similar com a de Harry Potter, que foi sucesso na telona entre 2001 e 2011.
Mas, agora, com a chegada de Animais fantásticos: Os crimes de Grindelwald aos cinemas a partir de hoje ; e nesta quarta-feira (14/11) em pré-estreia e oficialmente em cartaz na quinta-feira (15) ;, é possível. Com a sequência, J.K. consegue ampliar o universo se relacionando com tramas do passado dos livros de Harry Potter e abre um caminho para uma nova série de filmes, que o elenco diz não adiantar a quantidade certa de longas, mas deve contar com mais três filmes.
;Não sabemos, muda o tempo todo. Não sabemos nem se nossos personagens vão sobreviver até o final;, afirma Ezra Miller, que vive o obscuro Credence Barebone, um dos personagens mais importantes na trama até agora. Afirmação também confirmada pelo protagonista Eddie Redmayne, ao revelar que o futuro da franquia será descoberto pelo elenco ao mesmo tempo que os fãs, e citou, por exemplo, o comentário de J.K. sobre o Rio de Janeiro ser cenário num futuro filme. ;J.K. Rowling tuitou outro dia que um dos próximos filmes será filmado no Rio e foi a primeira vez que ouvimos falar disso;, conta Redmayne ao garantir que os atores não costumam saber os rumos da trama, inclusive, na época do primeiro, não sabiam do enredo cheio de reviravoltas do segundo.
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Nesta sequência, J.K. Rowling deixa um pouco de lado ; mas não perde por completo ; esse universo fantástico das criaturas criadas pelo protagonista Newt Scamander, papel revivido por Redmayne, para se debruçar sobre os conflitos no mundo bruxo, que haviam sido mencionados no final do primeiro longa-metragem. Esse ambiente também fazia parte do enredo dos livros de Harry Potter. Até por isso, o filme ganha uma atmosfera mais obscura e menos cômica se comparado com o primeiro, um desafio para o elenco.
;É bacana poder ir e voltar nesses momentos. É meio incrível ser colocada em diferentes direções e ter que usar diferentes partes do seu cérebro no mesmo trabalho;, define Katherine Waterston, que volta para interpretar a, agora, auror Tina Goldstein.
Quem também falou ao Correio foi Dan Fogler, o Jacob Kowalski, o não mágico que se apaixona por Queenie (Alison Sudol) e vira um ;escudeiro; de Scamander no primeiro filme. ;Tento buscar o lado engraçado das coisas. Gosto de personagens que são palhaços tristes, porque dá para fazer tudo. Você precisa rir e chorar e Jacob é esse personagem. Fico feliz que eles me deixaram ser esse cara que faz isso. As criaturas também têm essa função, elas são histéricas e engraçadas também;, completa.
Enredo
Se em Onde habitam o foco era apresentar Newt Scamandar e suas criaturas, no segundo, a intenção é se debruçar sobre o vilão Gillert Grindelwald (Johnny Deep) e na guerra que ele pretende causar entre bruxos e trouxas (ou não mágicos). Para ele, os bruxos não deveriam se esconder como fazem, mas sim governar os não mágicos e garantir uma raça de sangue puro.
É a partir da história de Gillert Grindelwald (Johnny Deep) que a trama tem início. Depois de ter ficado preso graças aos esforços de Scamander nos Estados Unidos, sob custódia da Macusa (o Congresso Mágico dos EUA), Grindelwald consegue fugir para Paris e segue em busca de Credence. A intenção do personagem é ter poder suficiente para uma dominação dos bruxos, tudo isso com um grande apoio da classe bruxa na Europa.
;O poder do Voldemort (vilão de Harry Potter) era o medo, a intimidação, enquanto Grindelwald é a sedução. Esse é o motivo pelo qual odiamos alguns políticos, porque eles não falam nossa língua. Eles estão respondendo às necessidades e às inseguranças dos outros. Grindelwald faz isso;, afirma David Heyman, produtor do filme, dando também a entender que a trama está relacionada tanto com o momento político atual do mundo como com o passado. ;Os personagens e a história se relacionam com o que está acontecendo no mundo e com o que aconteceu há mais de 50 anos, pelo menos na história da Europa (fazendo referência à Segunda Guerra Mundial). Esse ódio das pessoas pelo diferente tem sido um estigma por muitos anos. Estamos vivendo em um tempo em que isso é mais forte, mas J.K. fala com o passado também;, completa.
A inserção de Newt Scamander nesse contexto acontece a pedido de Albus Dumbledore (Jude Law). O professor de Hogwarts procura pelo bruxo e pede que ele vá atrás de Credence e o encontre antes de Grindelwald. Inicialmente, Newt não quer assumir a responsabilidade, mas tudo muda quando ele descobre que Tina, por quem ele ainda possui sentimentos e uma situação mal resolvida, também tem o mesmo objetivo. ;O que J.K. quis expressar (com o casal Newt e Tina) é que qualquer relacionamento precisa de comunicação. É preciso sentar, tomar um chá, talvez, um martini e resolver os problemas. Mas os nossos personagens tinham um bruxo a deter;, explica Eddie.
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Além dos dramas amorosos, que envolvem os desencontros de Newt e Tina, e a busca de Queenie por finalmente poder estar ao lado do amado Jacob ; o que é proibido já que ele não é um bruxo ;, o filme explora uma mensagem antiga da franquia. ;Acho que uma coisa de J.K. queria desde o começo é uma fala de Harry Potter de que as pessoas são definidas pelas escolhas que fazem. Esse é um filme que fala das escolhas que as pessoas fazem;, explica o produtor Heyman.
Em Os crimes de Grindelwald, as escolhas dizem respeito a de que lado cada personagem estará nesse conflito criado pelo vilão, do lado daqueles que querem manter o mundo como está ou do lado de quem quer a dominação dos bruxos puro-sangue. ;Isso é exatamente sobre o que o filme é: assumir a sua responsabilidade e se tornar quem você deve ser. As escolhas que as pessoas fazem expõem quem elas realmente são e é isso que vamos descobrir neste filme;, analisa Callum Turner, ator que vive o irmão mais velho de Newt, o auror Theseus Scamander.
Turner é um dos atores que vive um personagem que é inserido no segundo filme. Mas não é o único. O elenco da sequência conta com Zoe Kravitz na pele de Leta Lestrange, a amiga de quem Newt tinha uma foto guardada no primeiro filme, e Claudia Kim, uma mulher com uma maldição de sangue que a fará virar uma cobra no futuro e se torna melhor amiga de Credence. ;Acho que todos os personagens no filme estão tentando entender quem são e de que lado ficam. Todos os personagens têm algo particular, no caso do meu personagem e da Claudia vem da rejeição e da obscuridade;, revela Ezra Miller.
A personagem de Claudia Kim serve ainda para estreitar a relação de Animais fantásticos com o universo de Harry Potter. Kim vive Nagini, a cobra de estimação de Voldemort que aparece em Harry Potter e a Pedra Filosofal. Além disso, a sequência traz Jude Law como Dumbledore e Fiona Glascott como Minerva McGonagall na hora em que o filme tem Hogwarts como cenário.
Duas perguntas
Como foi voltar a viver Newt Scamander no filme?
Eddie Redmayne: Reencontrá-lo, na verdade, foi bem fácil. Porque uma coisa maravilhosa em fazer filmes como esse é que, mesmo que se passem dois anos, você nunca para. Fiz o áudio book, a versão em realidade virtual, ensaios fotográficos, divulgação para o DVD... Então, personagem nunca deixa você. Eu não tinha essa preocupação, porque eu sabia que no segundo em que me colocassem o figurino, mesmo que tivesse passado por algumas mudanças, eu sentiria e voltaria a ser quem ele era.
Os roteiros feitos por J.K. Rowling passam por muitas mudanças até chegar nas telas?
David Heyman: Muito. Nesse filme tivemos várias mudanças do começo até o fim, coisas pequenas, algumas ideias, alguns personagens. Mas esse é um processo natural. Ela é uma ótima colaboradora. É muito aberta para descobertas dentro do set, quando queremos explorar outras coisas. Ela tinha um filme na cabeça dela, mas algumas coisas fomos descobrindo e escrevendo. É lindo estar num lugar tão criativo.
*A repórter viajou a convite da Warner Bros