Tarcila Rezende - Especial para o Correio
postado em 07/11/2018 06:00
;Uma memória a honrar, um legado a defender;. É assim que a exposição Chico Mendes -- herói do Brasil chega à capital para conscientizar a população brasiliense sobre a preservação da Amazônia e das comunidades extrativistas, além de contar um pouco luta e história do seringueiro assassinado em 1988.
Nesta quarta-feira, o Museu Nacional da República inaugura, às 19h, a exposição composta por fotos, mapas e utensílios usados pelos povos extrativistas da floresta, além de vídeos retratando os ideais de Chico Mendes.
Embora preze por relatar a memória do seringueiro na defesa da Amazônia e dos povos que nela vivem, a exposição é uma forma estratégica de promover um debate sobre políticas públicas para essta luta. De acordo com o sociólogo e coordenador técnico do Memorial Chico Mendes, Clodoaldo Ramos Pontes, o evento contribui para encontrar novos parceiros e Organizações não Governamentais (ONG) para ajudar na luta dos seringueiros. ;Espero que esses espaços que vão ser ocupados possam possibilitar e reforçar o compromisso da população, principalmente da juventude, com a Amazônia. A gente acredita que só as pessoas podem fortalecer a discussão no país;, almeja o sociólogo.
O legado deixado por Chico Mendes às gerações presentes e futuras será uma das premissas da exposição, que faz também uma homenagem a 30 pessoas ; dentre as milhares de pessoas assassinadas nas últimas décadas no Brasil ; em decorrência da luta pela terra. ;A partir das imagens do Chico, a exposição é uma forma de iniciar um debate desse contexto brasileiro hoje, em que o extrativismo está em risco em decorrência da força dos ruralistas, e dessa nova estrutura de governo. Além disso, a exposição serve para que a nossa luta possa se empoderar ainda mais;, explica Clodoaldo.
Para essa ocasião especial, estarão presentes na abertura da exposição a filha de Chico Mendes e ambientalista Ângela Mendes, o líder seringueiro e primo de Chico Raimundo Mendes de Barros, a antropóloga Mary Allegretti e a atriz Lucélia Santos.
Organizada pela revista Xapuri, a exposição é uma realização do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro/DF) e do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais de Xapuri (STTR-Xapuri), em parceria com o CNS, o Memorial Chico Mendes, a Fenae, a Cooperação Alemã (GIZ) e o Museu Nacional da República.
Além da exposição, ocorre hoje também, no Museu da República, a partir das 8h30, o Seminário Nacional da Juventude Extrativista. O evento que presidirá a exposição terá roda de debates, depoimentos de quem conheceu Chico Mendes e lutou com ele, além de uma cerimônia da entrega simbólica da transferência do legado de Chico Mendes pelas lideranças históricas para o cuidado da juventude da floresta pelos próximos 30 anos.
História
Chico Mendes nasceu em 15 de dezembro de 1944 no seringal Porto Rico, próximo à fronteira do Acre com a Bolívia, em Xapuri, estado do Acre. O seringueiro foi assassinado em 1988 a mando dos fazendeiros Darly Alves da Silva e seu filho, Darcy Alves Ferreira. Chico Mendes deixou como principal legado as reservas extrativistas, que representam a primeira iniciativa de conciliação entre proteção do meio ambiente e justiça social. Esse ato antecipou o conceito de desenvolvimento sustentável que surgiu com a Rio 92.
As lutas do seringueiro, sindicalista, ativista político e ambientalista brasileiro estarão presentes. Ele batalhou a favor dos trabalhadores da Bacia Amazônica, cuja existência dependia da preservação da floresta e das seringueiras nativas. O ativismo de Chico Mendes lhe trouxe reconhecimento internacional, ao mesmo tempo em que provocou a ira dos grandes fazendeiros do Acre e região.
Chico Mendes Herói do Brasil
Quarta (7/11), a partir das 19h. E quinta a sexta-feira, das 9h às 18h. Sala 2 do Museu Nacional da República. Entrada franca. Livre para todos os públicos.