Grupo, que surgiu como uma banda cover de Cássia Eller, mistura ritmos em trabalho de estreia
Há cerca de três anos, um grupo se reuniu para cantar músicas de Cássia Eller na noite curitibana. Com a experiência, chegaram novas integrantes e estava formada a banda Mulamba, composta por seis mulheres: Amanda Pacífico (voz), Cacau de Sá (voz), Caro Pisco (bateria), Érica Silva (baixo, guitarra e violão), Fernanda Koppe (violoncelo) e Naíra Debértolis (guitarra, baixo e violão).
O primeiro álbum, que leva o nome da banda, gravado num estúdio de São Paulo, foi lançado na última sexta-feira, 2, e já está nas plataformas digitais. As músicas falam sobre a mulher, seu papel, seu dia a dia, amores e também, em muitas delas, violência. "É importante falar sobre o que a gente vivencia, histórias das nossas próprias vidas", diz Fernanda. "Acontece com muitas outras mulheres, que se calam, silenciam. Quando outras mulheres falam sobre isso, há uma abertura."
Algumas letras, como de 'Mulamba' e 'Espia Escuta' podem ser pesadas, mas a crueza, segundo Fernanda, faz parte do que as mulheres enfrentam. "É um desabafo, um vômito. São socos de realidade", explica a violoncelista. "Quando as pessoas nos contam situações violentas, ouvimos a verdade nua e crua, e externamos isso nas músicas."
Mas há, ainda, espaço para canções de amor, como 'Desses Nadas', cujo clipe, já lançado, traz um romance entre mulheres. "Gravar esse videoclipe levantou várias questões: sobre amor e amar, respeito e visibilidade, lidar e desconstruir", disse Caro à época do lançamento. "Desde o início, a ideia da música era falar sobre a história de amor entre duas mulheres, o que elas sentiram e viveram, de maneira honesta, valorizando a relação humana e fugindo do fetiche."
O disco faz ainda críticas sociais em 'Lama', sobre a tragédia de Mariana, em Minas Gerais, e 'Vila Vintém', sobre a violência policial. O medo da violência contra as mulheres volta em 'P.U.T.A.', que fecha o álbum, numa parceria com Ju Strassacapa, da banda Francisco, El Hombre. Há ainda, no trabalho, a participação de Lio Soares, da Tuyo.