Na mesma escala da expectativa forte que cerca a estreia de Bohemian Rhapsody ; mais difundido como o filme sobre o Queen ;, uma frente de decepção se fortalece, por meio das críticas feitas ao filme na imprensa internacional. Tumultuada, nos bastidores (com direito à demissão do diretor Bryan Singer, bastante conhecido por conduzir a franquia dos X-Men), a produção traz ao estrelato o elogiado Rami Malek (do seriado Mr. Robot e do remake Papillon) na pele de Freddie Mercury, maior brilho da banda atuante entre 1970 e 1991.
Nascido Farrokh Bulsara (na atual Tanzânia), o cantor ganha cinebiografia pelas mãos do roteirista que recriou segmentos das vidas de Winston Churchill e Stephen Hawking, na telona (com as produções O destino de uma nação e A teoria de tudo), Anthony McCarten. O impacto do filme não foi detectado por publicações como a Forbes, que cravou ; ;Há uma estranha falha na ignição (da fita), criando uma biografia que parece pretender realçar dados para os interessados em odiar o protagonista;.
Humorado, na proposta, o filme coloca Mercury como um elemento, em princípio, indesejado entre os fiéis fãs da banda Smile, por onde começou, substituindo Tim Staffell. Desajeitado, ele se veste na loja Biba, ostenta casacos de gosto exótico, dentes onipresentes (numa prótese bastante exagerada) e ousa impor um estilo muito experimental no estúdio, desde a primeira chance para gravar um disco. Na carreira, dados computam que o Queen vendeu mais de 150 milhões de discos.
Pertinente na ressalva, um artigo da Variety destaca que o filme ;desliza por entre factoides, em vez de se afundar neles;. Até que tussa sangue e reveja o conceito de casa e de acolhimento, passada uma temporada em Munique (em 1984), o artista tem muito a sofrer para ;apodrecer; (como é dito no filme), e se ver cercado por ;uma drosófila;, no caso, o agente aproveitador Paul Prenter (um vilão interpretado por Allen Leech, visto na série Downton Abbey).
Protagonista
Morto aos 45 anos em decorrência de complicações associadas ao HIV, Freddie partiu em 1991. O esboço de personagem criado nas telas dá força à versão do ;menino paquistanês (ainda que fosse de origem persa e indiana); que temia ;a solidão;, como sublinha Prenter. No filme, o protagonista, em dado momento, se assume ;asqueroso, arrogante e egoísta;, mas passa incólume ao julgamento de qualquer espectador, dada a interpretação cativante de Rami Malek.
A jornada é extenuante, até que ele ouça do ;tratamento disponível; para a aids, mas o longa focaliza parte da energia e da vontade de o artista ver seus fãs tocarem ;os céus;, na monumental apresentação em favor da erradicação da fome na África, via o projeto Live Aid, com Elton John, Brian Ferry e Phil Collins, entre outros. Permeado por muitas desavenças e alguma ternura expressa pelas representações do guitarrista Brian May (Gwilym Lee), do baterista Roger Taylor (Ben Hardy) e do baixista John Deacon (Joseph Mazzello), na vida e sobrevida do Queen, Bohemian Rhapsody, sem surpresas, avança pela trama mais individual de Freddie Mercury, e é por aí que se põe a perder.
;Freddie Mercury era uma pessoa descaradamente dada ao sexo, mas que se via impelido a esconder a sexualidade ; mas isso não é desculpa para um filme ser tão dolorosamente polido;, foi estampado como veredito da respeitada Variety. No texto da Forbes, a linha foi mais incisiva: ;Independentemente de ser homofóbico ou envergonhado (derivado de um estilo bem tradicional de cinema) ; é nojento;. Mesmo que dê espaço para o durador encontro de Mercury com Jim Hutton (Aaron McCusker), o filme se concentra muito na relação de completa dependência do cantor com Mary Austin (Lucy Boynton, de Assassinato no Expresso do Oriente). No meio deste amor, há o pai que não detecta futuro no filho, a mãe silenciosa que transborda emoção pelo rebento.
Quebrando padrões
A frase atribuída a Mercury ; ;Não consigo pensar em alguém mais escandaloso do que eu; ; não encontra muito respaldo no filme de Bryan Singer. Entre os meandros para a criação da nada comercial ;obra-prima; (desautorizada pela mídia setentista), estendida por seis minutos ; e que dá nome ao filme ;, Mercury se mete em desavenças internas (e físicas), junto aos amigos e a parceiros ocasionais como o chefão da EMI Ray Foster (Mike Meyers, numa ponta) e o advogado da banda Jim Beach (Tom Hollander). Um contrato para solo, via CBS Records, no valor de US$ 4 milhões, também serve de elemento para desentendimentos.
O marasmo, no filme, é quebrado por momentos passíveis de intensa crítica, como aquele em que o cantor assume a postura menos defensiva. ;Acho que sou bissexual;, arrisca ele; ao que Mary é enfática ; ;Freddie, você é gay!”, diz, amenizando a ;falha; pela qual não é ;culpado;. Vestindo um quimono colorido, e transitando com enormes extravagâncias reservadas à criação de numerosos gatos ; entre os quais, Miko, Lily e Oscar, Mercury não tem parte dos amores retratados, entre os quais o mantido com o restaurateur Winfried Kirchberger e com a atriz austríaca Barbara Valentin.
Super-herói nacional Doutrinador chega à telona
Encabeçar um gênero sem sistemática exploração no cinema brasileiro ; o dos filmes de heróis ; levou o diretor Gustavo Bonafé ao encontro de referências estrangeiras, na composição de O Doutrinador, título orçado em R$ 6,4 milhões e que chega às telas por meio de adaptação de HQ popularizada nas redes sociais, em 2013. No filme, um agente federal, revoltado com políticos, toma para si a missão de justiceiro.
;Tenho muitos cineastas no meu sangue e na minha cabeça, mas o que eu mais assisti e o que eu mais fui atrás pra trazer este projeto para cá (Brasil) foi, e digo que fui atrás do que eles fazem lá fora (em Hollywood) mesmo, O Batman do Christopher Nolan ; que acho, claro, incrível e grandioso. Para O Doutrinador, coloquei tudo que eu vi dos filmes de heróis, desde o Rambo nos anos 1980 até o que a gente está vendo hoje em dia da Marvel;, diz Bonafé.
O entendimento de como filmar não contornou clichês. ;Não se tratam só de clichês ; são regras de gênero. Quando a gente vai falar de épico, de drama, de comédia, existem regras de gênero. Tem, por exemplo, o tempo de piada para que ela funcione. Como nos filmes de heróis, a gente tem blocos de montagem ; a gente não está reinventando a regra. Mais importante do que ter uma linguagem brasileira, é a gente trazer um filme que se volta para as nossas questões;, observa Gabriel Wainer, corroteirista e um dos líderes no processo de adaptação do projeto originalmente desenvolvido por Luciano Cunha.
Ao lado do protagonista, interpretado por Kiko Pissolato, a atriz Tainá Medina deu vida, na telona, à personagem Nina ; uma hacker fundamental ao andamento da narrativa. ;Foi uma vontade nossa criar dois personagens fortes e que se complementam, de alguma maneira, aliás, eles chegam a se misturar. Ela é uma hacker ativa, e o Doutrinador não se vale apenas da força física, ele é um estrategista ; ele é um integrante das forças especiais. Nina é uma hacker, que, da mesma forma, também vai para a rua. Acho que eles transcendem estereótipos;, explica a atriz. (RD)
O Quebra-Nozes e os quatro reinos
; De Joe Johnston e Lasse Hallstr;m. Sob a tensão de ter que transitar pelo Quarto Reino, Clara (Mackenzie Foy), depois de passar pelos reinos dos doces, das neves e das flores, pretende recuperar um artefato dado pelo padrinho, como presente de aniversário. Richard E. Grant, Helen Mirren e Morgan Freeman e completam o elenco.
My name is now, Elza Soares
; De Elizabete Martins Campos. O prisma de uma cantora de alcance internacional move o documentário que se fixa nos atuais desafios da cantora de O que se cala e Malandro, entre dezenas de sucessos.
Johnny English 3.0
; De David Kerr. Analógico e aposentado, o atrapalhado agente inglês Johnny tem que voltar à ativa para resolver uma questão que envolve um hacker e as identidades de servidores secretos do Reino Unido. Rowan Atkinson e Emma Thompson estrelam.