Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Leo Gandelman toca no Clube do Choro no projeto Chega de Saudade

Músico diz que tem disco novo sendo preparado

Léo Gandelman foi solista da Orquestra Sinfônica Brasileira aos 15 anos. Já em carreira solo, destacou-se como jazzista, mas flertou com o pop. Sem se ater a nenhum estilo, o saxofonista carioca construiu uma vitoriosa carreira na MPB. Para se ter ideia, Solar, o terceiro disco, é um dos recordistas de venda no segmento instrumental, com 100 mil cópias comercializadas.

No retorno a Brasília, para apresentações hoje e amanhã, às 21h, no Espaço Cultural do Choro, Léo faz o show Chega de saudade, em homenagem aos 60 anos da Bossa Nova. Para dezembro, ele anuncia o lançamento de um álbum, totalmente dedicado à obra dos Beatles, deixando claro que o ecletismo é a sua marca registrada.

Presença frequente em projetos do Clube do Choro, neste show, Léo volta a ter a companhia do jovem pianista Eduardo Farias. No repertório bem diversificado, ele incluiu criações de compositores por quem tem admiração, entre os quais Tom Jobim, Carlos Lyra, Baden Powell, João Donato, Edu Lobo, Moacir Santos e Radamés Gnatalli.

Instrumentista versátil, em 40 anos de carreira, Léo tem exibido talento e virtuosismo, tanto em seus discos solo quanto em gravações de alguns dos maiores nomes da música popular brasileira ; de Ney Matogrosso a Marina Lima, de Jorge Ben Jor a Gal Costa. No Sabe você, o 15; título de sua discografia, ele teve entre os convidados Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Nascimento e Luis Melodia, Leny Andrade e Leila Pinheiro.

Musicista com formação na Berklee College of Music, em Boston (EUA), tempos depois morou durante dois anos em Nova York, onde cumpriu temporadas em clubes de jazz como o mítico Blue Note, no Greenwich Village. Toda essa bagagem adquirida o leva a ser tomado como referência para jovens músicos, entre eles o pianista Eduardo Farias, com quem forma duo desde 2012.

;O Léo é, antes de tudo, uma pessoa generosa, gentil e um grande amigo. Como músico, é brilhante. O fato de ele ter aberto portas para mim e tem sido algo enriquecedor para minha carreira;, elogia. ;Nos últimos anos, tenho participado de praticamente todos os seus projetos, discos e shows e, profissionalmente, isso tem sido um grande aprendizado;, acrescenta.

Pianista desde os 13 anos, Eduardo tem participado da gravação de discos de outros instrumentistas, como pianista e arranjador. ;Tomei parte dos CDs do Idriss Boudrioua, saxofonista francês radicado no Brasil, e de dois músicos brasilienses, o gaitista Gabriel Grossi e o contrabaixista André Vasconcellos;, conta.



Léo Gandelman
Show do saxofonista hoje e amanhã, às 21h, no Espaço Cultural do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia para estudantes. Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3224-0599.




Entrevista /Léo Gandelman


Com o show Chega de saudade, você homenageia a Bossa Nova na passagem dos 60 anos. Qual é a sua relação com o movimento?
A Bossa Nova representa um período importante para a música popular brasileira, com a produção de canções que se mantêm na memória afetiva de muita gente; e que reverberou no exterior. À época, o jazz estava imerso no free e à procura de saídas. No Brasil, se fazia a bossa nova e o samba-jazz que acabaram sendo assimilados por músicos norte-americanos. Mesmo não me prendendo a nenhum estilo, tenho a bossa como uma das minhas referências.

Que avaliação faz desse estilo musical?
Vejo a bossa nova como uma música sofisticada em termos harmônicos e melódicos, que foi bem assimilada em vários países.Canções como Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Manhã de carnaval (Luiz Bonfá e Antônio Maria) e Samba de verão (Marcos e Paulo Sérgio Valle) são tão conhecidas no mundo quanto as músicas dos Beatles.

Entre os músicos daquele período, quem, de alguma forma, lhe influenciou?
Ouvi vários deles e destaco, entre outros, o baterista Edson Machado, os pianistas Luiz Eça, João Donato e Sérgio Mendes, além do Tamba Trio do Quarteto Novo.

Solar, álbum lançado em 1990, se tornou um ícone na música instrumental brasileira. Que representatividade ele tem em sua obra?
Este disco, lançado em 1990, vendeu 100 mil cópias, algo inimaginável para um instrumentista num mercado em que só a música cantada conseguia boa vendagem. Isso impulsionou minha carreira e me levou a conquistar vários prêmios. Até hoje, mantém-se como um marco no segmento.

Velhas ideias novas, lançado em 2014, é o seu disco mais recente. Há algum projeto novo nesta área?
Em dezembro, lanço um CD só com músicas dos Beatles, em versões inusitadas, gravadas no primeiro semestre deste ano.Vai sair nas plataformas digitas e no formato físico, pelo meu selo, o Saxsamba. Por enquanto, é só o que posso falar a respeito desse projeto.

O Vamos tocar, programa que o tem como apresentador, continua na grade do Canal Bis?
O programa está no ar desde 2015. No momento, alguns deles, com a participação de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Zeca Baleiro, Roberto Menescal, Teresa Cristina, estão sendo reprisados. Eles são entrevistados e cantam quatro músicos.