Hoje é dia de celebrar as raízes do Nordeste e as influências que elas deixam na cultura brasileira. Comemorado nesta segunda-feira, o Dia do Nordestino foi oficializado em julho de 2009, por meio da lei n;14.952, em São Paulo, para celebrar as tradições no estado. Além disso, a data também homenageia o poeta, repentista e compositor cearense Antônio Gonçalves da Silva, conhecido como Patativa do Assaré, considerado uma das importantes figuras da arte popular nordestina.
No Distrito Federal, a celebração ao Nordeste tem um cantinho especial. A Casa do Cantador do Brasil, em Ceilândia, é um dos maiores pólos de preservação da cultura nordestina na cidade. Conhecido também como Palácio da Poesia e da Literatura de Cordel, o espaço foi inaugurado em novembro de 1986 e, desde então, funciona como um espaço de atrações musicais, literárias e teatrais que abraçam raízes nordestinas.
O local abriga a Biblioteca Patativa do Assaré, que conta com obras de nomes importantes na literatura do Nordeste, como Jorge Amado e Ariano Suassuna. ;É uma biblioteca pequena, mas tem muitos livros voltados para a literatura de cordel e para autores nordestinos. Recentemente, a literatura de cordel se transformou em Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, e o mesmo processo está passando pelo repente e pelo forró pé de serra;, ressalta Francisco de Assis, diretor da Casa do Cantador há oito anos.
Para o diretor, é importante que o Distrito Federal tenha espaços de fomento às artes da Região Nordeste. ;A Casa do Cantador acaba suprindo essa lacuna de ter um centro de cultura nordestina em Brasília. No tempo da globalização, é uma obrigação do Estado fomentar as culturas tradicionais brasileiras e a Casa tem feito isso;.
Francisco também conta que, nos últimos anos, o público que participa das ações na casa está mais
diversificado: ;A casa foi criada num instante em que o cenário de Ceilândia era totalmente diferente do de hoje. Ceilândia continha quase 90% da população oriunda do Nordeste. Hoje, grande parte dos moradores são de Brasília mesmo, com pais e avós nordestinos;. Por isso, Francisco acredita que o local marca o encontro de gerações e ajuda a preservar as artes de estados do Nordeste no Distrito Federal.
O mesmo estabelecimento que dá espaço ao repente, ao forró e à literatura de cordel, recebe também eventos de arte urbana, por exemplo. ;A casa acabou absorvendo as culturas tradicionais nordestinas, mas também a arte urbana, o rap. Mais de 100 jovens se unem para batalhas de rimas aqui. E muitos deles são descendentes de nordestinos;, ressalta Francisco.
*Estagiária sob supervisão do subeditor do caderno Diversão & Arte Severino Francisco