Por muito tempo, Brasília foi considerada a capital do rock. As pessoas invadiam os bares e shows para ouvir a música formada por baterias, guitarras e letras independentes. Atualmente, a cidade conta com uma diversidade musical gigante, que vai do sertanejo ao samba. Mas, para a galera que trabalha e curte o som do rock pesado desde 1980, o heavy metal continua sendo a trilha sonora preferida na cidade.
Gustavo Rosa é um dos construtores da cena local do metal em Brasília. Na década de 1990, foi guitarrista e vocalista da banda Restless. Atualmente, baixista da banda Totem, o artista afirma que a cena musical resiste e não mudou muito. ;A cena sobrevive, sim. E não é muito diferente do que era, não. O heavy metal voltou a ser underground. Os lugares são pequenos, muitas vezes sem muito luxo, mas o público gosta disso;, diz o baixista.
Os locais em que são realizados os shows das bandas do rock mais pesado estão espalhados pelas cidades do Distrito Federal. ;Atualmente, a cena se concentra mais nas cidades- satélites, em casas como o Ragnarock, em Ceilândia, o Zeppelin, no Guará, o Toinha Rock Pub, em Samambaia, e também com alguns shows no Círculo Operário do Cruzeiro. Muitos festivais também são realizados em Valparaíso;, conta Rodrigo Bulhões.
Rodrigo participou da banda Dungeon por quase 10 anos e atualmente está na Fallen Angel, que foi convidada para tocar no grande evento de rock da cidade, o Porão do Rock, que é uma exceção da cena do metal rock, por ocupar palcos montados no Estádio Mané Garrincha. O baixista relembra o passado e diz que as raízes do rock pesado se mantêm atualmente.
;A primeira banda da qual eu fiz parte que ficou mais conhecida foi o Fallen Angel. A banda existiu entre 1985 e 1988, quando nos separamos do vocalista e fizemos o Dungeon, que existiu até 1996, quando o guitarrista Fejão faleceu e nós decidimos não continuar com a banda. Ano passado a Fallen Angel voltou a ensaiar com o objetivo de gravar um CD, que a banda nunca tinha gravado. Nosso som é o mesmo dos anos 1980. O Fallen Angel continua mantendo as raízes, tocando um heavy metal mais clássico, mas tendo boas influências de thrash metal;, conta Bulhões.
DF Metal
Lelo Nirvana, um dos fãs e divulgadores do metal em Brasília, acompanha o estilo musical desde a infância. Escutava bandas estrangeiras como Kiss, Black Sabbath e Iron Maiden com 11 anos de idade e acompanhava o surgimento dos grupos de heavy metal em Brasília. Inspirado pelas demo tapes brasileiras e por documentários musicais, o jornalista criou um documentário para reviver as origens do heavy metal na cidade. O filme DF metal, de 2009, contou a história das bandas Alien, Rosa Negra, Voyeur e Fallen Angel, além de prestar homenagem ao vocalista Fejão, no youtube.
No segundo documentário, DF metal II, que será lançado este ano, Lelo preparou o filme também em mídia física, com bastantes recursos cinematográficos. ;Pela tecnologia e pelos recursos que foram investidos desta vez, conseguimos fazer um filme muito bonito. Quero estrear esse filme no cinema e em alguns festivais;, revela o produtor, que carrega o segundo nome ;Nirvana; em homenagem a uma banda de rock brasiliense, sem relação com a famosa banda norte- americana.
Cléber ;Mutt; é um dos artistas que aparecem nas gravações do DF metal II, como vocalista da banda Deja-Vu. Para ele, o filme é de grande importância para todas as gerações do heavy metal brasiliense. ;Foi um honra participar de um documentário desses e poder mostrar para os mais jovens que Brasília tinha uma cena autoral muito forte nessa época e pode muito bem ser resgatada. Vejo que o público continua se renovando e isso é ótimo porque se não a cena teria morrido completamente;, ressalta o cantor.
*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader
; O heavy metal voltou a ser underground. Os lugares são pequenos, muitas vezes sem muito luxo, mas o público gosta disso;
Gustavo Rosa
; Nosso som é o mesmo dos anos 1980. O Fallen Angel continua mantendo as raízes, tocando um heavy metal mais clássico, mas tendo boas influências de thrash metal;
Rodrigo Bulhões
; Vejo que o público continua se renovando e isso é ótimo, porque se não a cena teria morrido completamente;
Cleber Mutt