Diversão e Arte

Pitty é uma das principais atrações do Green Move Festival deste domingo

Com pegada sustentável, Green Move Festival recebe shows das cantoras Pitty e Vanessa da Mata e da banda Jota Quest

Adriana Izel
postado em 30/09/2018 06:00
Festival chega à 7ª edição como um dos eventos mais esperados pelo público brasiliense consciente
O domingo vai ser de muita música, e ao som da sustentabilidade. Isso porque o festival Green Move une oficinas e atividades ecologicamente corretas com shows da roqueira Pitty, da cantora e compositora Vanessa da Mata e do grupo Jota Quest. As apresentações são todas gratuitas, na Esplanada dos Ministérios.

Apesar de ser vista semanalmente na televisão, no programa Saia justa do GNT, a cantora Pitty tinha ficado afastada dos palcos. O período longe de uma agenda de shows teve a ver com a maternidade. Porém, na semana passada, a baiana lançou a nova turnê ; a primeira desde o nascimento de Madalena, agora, com 2 anos.

Intitulado Matriz, o show inclui os grandes sucessos da roqueira, como Admirável chip novo, Anacrônico, Setevidas e Na sua estante, e ainda os mais recentes singles, como Contramão, gravado com Tássia Reis e Emmily Barreto, Te conecta e a inédita Controle remoto. Na apresentação em Brasília, Pitty fará uma mistura: ;Estamos levando o show da nova turnê, Matriz, mas também é um show de festival. Então preciso conciliar as duas coisas, mostrar a turnê nova e saber que também estou dividindo palco e público com outros artistas;.

Retornar a Brasília é algo importante para Pitty, que fez amizade com os roqueiros locais ao longo desses últimos anos e, inclusive, tem um dos festivais dda capital como um dos primeiros a dar espaço para ela. ;Tenho uma relação antiga e passional com a cidade; além de vários amigos, a cena musical daí sempre me inspirou;, lembra.

Sem medo de se posicionar, principalmente quando o assunto é a presença feminina nos dias de hoje, Pitty contou ao Correio sobre os próximos projetos da carreira, a experiência no Saia justa e como tem sido, ao longo desses anos, ser uma das poucas mulheres no cenário roqueiro nacional.



Entrevista / Pitty

Cantora Pitty

Após um tempo longe dos palcos, você começou uma série de shows, intitulada Matriz, pelo Brasil. Como foi a decisão de voltar à rotina de shows e o que te motivou a esse retorno?
Eu estava cheia de ideias e vontades novas para compartilhar ; acho que é isso. Com muita vontade de montar uma turnê com coisas que ainda não tinha feito e eu já tinha esse formato se desenvolvendo na minha cabeça há um tempo... Veio na hora certa, quando a maternidade abriu espaço naturalmente pra isso.


Havia bastante tempo que não vinha a Brasília. Como é a sua relação com a cidade?
Eu amo Brasília. Tenho uma relação antiga e passional com a cidade; além de vários amigos, a cena musical daí sempre me inspirou. Desde os anos 1990, das fitas demo trocadas com as bandas locais, participação em disco do DFC, enfim; várias histórias vividas no underground até a participação em grandes festivais, como Porão do Rock. Sempre me senti em casa. Estamos levando o show na nova turnê Matriz, mas também é um show de festival, o Green Move. Então preciso conciliar as duas coisas, mostrar a turnê nova e saber que também estou dividindo palco e público com outros artistas.


Tem um tempo que você não lança álbuns, mas tem divulgado alguns singles. Seu plano agora é continuar investindo em singles ou tem alguma previsão de lançamento de disco?
Eu estou fazendo um disco. Mas ainda não determinei a data de lançamento porque não quero ficar presa a isso. Ele está sendo feito, várias participações têm pintado, está sendo um processo massa... Quando estiver pronto, será lançado. Sem procrastinação, mas sem apressar a arte também.


Nesses novos materiais, vemos outras influências no seu som e a aproximação com outros gêneros, como o reggae, o rap e a MPB. Nesse momento temos uma outra Pitty musicalmente falando?
Na verdade é a mesma, só que mostrando coisas que nunca tinha mostrado antes. Coisas que estão na ;matriz;, na origem, na formação musical. E nunca tinham aparecido explicitamente nas canções. Mas tudo faz parte da mesma essência, e é tudo rock. Na atitude, no discurso, no posicionamento. Esse disco que está por vir tem todas essas experiências sonoras diferentes, e é um disco de rock.


Você tem investido em parcerias. Como é o seu processo de escolha com quem vai gravar?
Completamente emocional e intuitivo. São pessoas que me inspiram e com as quais eu vislumbro uma junção de força. É soma, sempre. Eu escolho pessoas com as quais me identifico ideologicamente e musicalmente, e que sinto que a fusão será algo forte.


Apesar de ter ficado longe dos palcos, você é uma figura constante na televisão, no programa Saia justa. Como tem sido pra você essa experiência nessas duas temporadas?
Maravilhosa. É uma experiência que me obriga a estudar toda semana! Me faz aprender, porque eu tenho no mínimo três assuntos diferentes sobre os quais eu preciso me embasar antes de falar algo.


Por ser uma mulher dentro do ambiente do rock, você é uma artista que desde o começo derruba paradigmas. Hoje temos falado muito do espaço das mulheres em diversos âmbitos. Estando nesse cenário há tanto tempo, como você vê isso?
Acho que avançamos em muitas coisas, nesse momento da história, sinto que conseguimos trazer para o debate público questões como violência contra a mulher, tipificar o feminicídio, falar abertamente sobre feminismo, direitos das mulheres, mercado de trabalho, divisão parental, assédio no trabalho e nas ruas.


Quais desafios ainda temos?
Ainda precisamos dar passos rápidos e concretos em direção a essa indispensável igualdade de gênero. Falar sobre isso, teorizar e discutir é importante para a conscientização e criação de argumentos para o debate. Mas acho urgente que a gente exija e proponha para a sociedade e as autoridades soluções práticas e eficazes. Não podemos mais esperar. Os números e estatísticas de estupro e violências em geral contra a mulher são absurdos. Sabendo que esses crimes são subnotificados por inúmeros empecilhos provenientes da própria sociedade machista, vemos que essa é uma situação urgente. Principalmente em relação à mulher negra, pobre, periférica.

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