Diversão e Arte

Evento celebra a cultura do cordel, da música e da poesia nordestinas

Iniciativa O Cordel e suas cantorias vai até domingo (30/9), na Casa do Cantador

Guilherme Abarno*
postado em 29/09/2018 06:00
Paulo Matricó é um dos poetas que se apresentará na Casa do Cantador, no domingo
Apresentações de poesia matuta, literatura de cordel e causos populares marcam a primeira edição do O Cordel e suas cantorias. O projeto realiza um encontro entre poetas, declamadores e repentistas e busca mostrar o universo histórico e artístico da cultura tradicional e contemporânea do Nordeste. O evento na Casa do Cantador, na Ceilândia, vai até domingo (30/9).

A programação reúne o melhor da arte popular e nordestina para celebrar a conjuntura histórica, artística e cultural do cordel na cidade reconhecida por ser abrigo dos nordestinos no Distrito Federal.

A partir das 20h de domingo serão realizadas cinco apresentações de poesia, cordel e causos populares com os poetas Paulo Matricó, Ruiter Lima, Cumpadi Ancelmo, Lilia Diniz e Valdenor de Almeida. Após os recitais, os participantes poderão acompanhar o show dos repentistas Valdenor de Almeida e Donzílio Luiz. O público ainda poderá conferir a exposição Mais de mil cordéis que contém mais de mil títulos.

;Se apresentar em evento de cultura nordestina, no Distrito Federal ou em qualquer outro lugar do nosso país, é, além de uma satisfação pessoal, a sensação de um dever cumprido, ao saber que estamos mantendo viva as nossas raízes, trazendo aos nossos irmãos nordestinos a nossa história, é uma maneira de sentir na nossa terra natal.E além disso, levar ao conhecimento de pessoas de outras regiões, o potencial cultural da nossa região;, comemora o repentista paraibano Valdenor de Almeida.

Uma semana antes da primeira edição de O cordel e suas cantorias, a literatura de cordel foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. O título concedido pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O gênero começou nas regiões Norte e Nordeste, mas foi disseminado por todo o Brasil. A poesia popular é impressa e divulgada em folhetos. As imagens são feitas por meio da xilogravura.

;Esse reconhecimento é muito importante porque a literatura de cordel é um gênero da cultura popular tradicional e faz parte da identidade do brasileiro, está nas nossas raízes. Com esse registro no Iphan podem ser incentivadas ações para a salvaguarda deste bem cultural. Isso pode vir a estimular o aumento deste tipo de produção literária e seu consumo;, relatou o poeta e repentista João Santana.

Já a poesia matuta faz parte da poesia popular e são declamadas algumas vezes nos intervalos das cantorias. São poemas que têm como principal tema a ingenuidade do sertanejo, tratado de forma cômica, reproduzindo o falar regional. Patativa do Assaré, Catulo da Paixão, Cearense e Zé da Luz são os principais representantes do gênero. Os causos populares são narrativas verdadeiras ou inventadas que podem ser contadas poetizadas, rimadas e metrificadas. São histórias que fazem parte do folclore de cada região.

;O projeto tem o objetivo de difundir a poesia e a cultura nordestina aqui no Distrito Federal porque é um local que abriga todas as vertentes culturais do Brasil e do mundo. Estamos aqui defendendo nossa bandeira do Nordeste e também para levar às escolas, para jovens e pessoas que não conhecem. Queremos colocar o cordel e a cantoria como uma opção na literatura;, comentou Paulo Matricó, poeta, repentista e apresentador do O cordel e suas cantorias.

*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader

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