Desfeita a confusão entre os similares pé-grande, o lendário ser agigantado (supostamente, morador de terras americanas e canadenses), e os também descomunais personagens yeti (identificados como ;assustadores homens da neve;), a animação Pé Pequeno surge nos cinemas para criar ainda mais desentendimento: qual seria a lógica se, ao invés dos humanos desconfiarem da existência dos yetis; um dos espécimes deles viesse a topar com um homem (minúsculo, no caso) e tivesse que provar aos demais yeti que, sim, a nossa humanidade é verídica e palpável?
Sob essa premissa, o diretor Karey Kirkpatrick, 53 anos, deixa aflorar parte da criança adormecida para entreter nas telas, com Pé Pequeno, como fez na função de roteirista de filmes como O guia do mochileiro das galáxias (2005) e A fuga das galinhas (2000). Foi a partir de um livro chamado Yeti Tracks, do espanhol Sergio Pablos (um dos criadores de Meu malvado favorito), que Kirkpatrick desenvolveu a história, ao lado de Clare Sera. No enredo, não são os humanos que detectam as diferenças deles em relação aos yeti, geralmente donos de cabelos bagunçados e criadores de muitos barulhos e estardalhaços.
Na animação destinada à família, o yeti Migo (com a voz do galã Channing Tatum), com quase três metros de altura, mora acima das nuvens. Cabe a ele, um dia, dar de frente com Percy, um apresentador de tevê que tem o espírito empreendedor muito desenvolvido. Mesmo com a linguagem bastante dificultada, ambos terão que seguir uma agitada jornada rumo ao Himalaia, a cordilheira que abriga o Monte Everest. ;As histórias das quais os espectadores mais gostam são estruturadas em camadas;, observou o diretor, no material de divulgação de Pé Pequeno.
O cineasta destaca conceitos de ;verdades e mentiras;, ;dúvidas e curiosidades; e a hierarquização destes elementos para ;o crescimento dos seres humanos;, como reforçado no filme. Uma curiosidade já adiantada pelo realizador está no fato de o personagem Percy rever prioridades de vida ; já que, antes de conhecer Migo, tinha como alvo certeiro o lucro absoluto, ante a qualquer circunstância. Lealdade incondicional, como prova extrema de amizade, e a persistência de atitudes firmes na defesa de um caráter incorruptível estão entre as qualidades apontadas nas personagens centrais. Repleto de referências em cinema, o diretor presta homenagem a filmes clássicos como Intriga internacional (1959), assinado por Alfred Hitchcock, e Dr. Fantástico (1964), criação entre as melhores de Stanley Kubrick.
Com músicas do compositor brasileiro Heitor Pereira na trilha, Pé Pequeno trouxe, na produção dessa animação, nomes consagrados da música, entre os quais o de Zendaya e de Common, importantes artistas para obras como O rei do show (2017) e Selma: Uma luta pela igualdade (2014). Além deles, o ator Danny DeVito também emprestou a voz para o filme, em que, sonoramente, contracena com o ator James Corden, que, recentemente, teve o talento muito explorado em fitas como Caminhos da floresta, Pedro Coelho, Emoji: O filme e Trolls.
Na história de coragem e amizade, vista em Pé pequeno, a jornada inesperada que envolve Percy e Migo coloca o diretor e roteirista Karey Kirkpatrick em mais artimanhas envolvendo gigantes, uma vez que ele assinou, em 1996, parte da trama de James e o pêssego gigante. Também autor de parte da trilha do filme, ele já explicou que se desviou de padrões pop e dos modelos das trilhas que são originárias de peças encenadas na Broadway. Entre as obras que integram a trilha original estão Moment of truth (na cantora CYN) e uma nova versão (aos moldes de karaokê) para Under pressure.
Origens
A música também é ponto forte de outra estreia do circuito: o filme nacional Coração de cowboy, estrelado por Gabriel Sater, Thaila Ayala e pela brasiliense Françoise Forton. Um desentendimento entre o cantor sertanejo Lucca (Sater) com a empresária dele, Iolanda (Forton), leva o jovem protagonista a rever as origens de seu amor pela música.
Com muitas cenas em Jaguariúna (São Paulo), o longa Coração de cowboy, de Gui Pereira, conta com participações de Rio Negro & Solimões, Família Lima e Chitãozinho & Xororó. Outra estreia promissora para quem gosta de cinema nacional é o drama esportivo 10 segundos para vencer, criado na telona por José Alvarenga Jr. Estrelado por Daniel de Oliveira e por Osmar Prado, o filme dramatiza a vida do campeão mundial Éder Jofre. O filme tem como pano de fundo as décadas de 1960 e 1970, quando o boxeador atingiu o ápice profissional, em dois momentos: um deles, tardiamente, quando, sob intensos treinos com o pai, Kid Jofre, foi campeão em 1973.
Outras estreias
Uma noite em 12 anos
; De Alvaro Brechner. O presidente do Uruguai José Mujica em parte da vida descrita no longa coproduzido entre Espanha, Uruguai e Argentina, que trata do período ditatorial estabelecido em 1973.
Crimes em Happytime
; De Brian Henson. Melissa McCarthy estrela o longa assinado pelo filho do criador dos Muppets, no qual interpreta uma policial parceira de um fantoche. Ambos tentam investigar crimes que envolvem personagens de série de tevê oitentista.
Um pequeno favor
; De Paul Feig. Estrelado por Anna Kendrick, o longa do mesmo criador da comédia A espiã que sabia de menos se detém no desaparecimento de uma mulher, que será desvendado por uma vlogueira.
Também no circuito
; A primeira noite de crime
; O que de verdade importa
; Sansão
; A moça do calendário