Em atividade há mais de 30 anos no Distrito Federal, a Orquestra Filarmônica de Brasília, ao longo desse período, desenvolveu uma série de atividades para a sociedade, como projetos de dança, de teatro e, naturalmente, de música. Essa trajetória de luta pela arte é o fio condutor para o projeto OFB Show, que estreia nesta quarta-feira (26/9), a partir das 20h, no Teatro Dulcina de Moraes, no Conic (Setor de Diversões Sul). ;Esse evento é uma tentativa de mostrar para a sociedade que a Orquestra Filarmônica está na ativa depois desses 30 anos. E que, durante esse período, desenvolvemos vários projetos;, afirma Thiago Francis, o atual regente da OFB.
Na estreia do projeto, a noite terá dois momentos de apresentação. No primeiro, dançarinos do Viva Arte Viva se apresentarão em solos, duos, trios e em grupo, acompanhados do som da Orquestra Filarmônica de Brasília. Já no segundo, o mais aguardado da noite, a orquestra inova e, em formato de conjunto de cordas, recebe a dançarina de flamenco e professora de castanhola de Porto Alegre Ana Medeiros, conhecida também pela alcunha La Negra, para uma apresentação que mistura música clássica e o som da castanhola.
;Vamos apresentar trechos da ópera Carmen, de (Georges) Bizet, com Ana Medeiros como solista, que é bailarina e coreógrafa e vai se apresentar tocando castanhola. É um concerto muito bonito em que a gente coloca uma solista fora do comum. Normalmente, se espera um cantor ou um instrumentista como solista. Dessa vez, vai ser uma castanhola e a dança. É um concerto muito mágico;, garante o regente.
Desafios
;Carmen é uma ópera que fala muito da minha vida. A minha mãe era dona de casa e ficava fazendo faxina ouvindo óperas. Carmen era uma delas. Ela faz parte do meu imaginário infantil, juvenil e até a vida adulta. É um repertório que os flamencos estão acostumados;, garante Ana Medeiros. Ela se apresentará com uma bata de cola (saia tradicional do flamenco) além do manton (xalé), do abanico (leque) e da castanhola. ;Um pout-pourri de elementos flamencos agregando a linguagem da ópera;, completa.
Além da ópera Carmen, a Orquestra Filarmônica apresentará ainda o quinteto Fandango, de Luiz Boccherini, que teve forte influência para a música espanhola. ;O Fandango vai ser realmente um concerto solista de castanhola. A percussão do instrumento será o grande destaque;, afirma Ana Medeiros. A gaúcha enfatiza que esse tipo de apresentação faz parte de seu currículo. ;Eu já tinha feito Carmen acompanhada de uma camerata de oito violões clássicos, já tive também algumas experiências com orquestras de câmera. Mas com maestro e com músicos dessa grandeza, é a primeira vez;, revela.
Arte
O projeto OFB Show tem como principal mote reunir diferentes âmbitos artísticos e levar isso de forma acessível ao público de Brasília. ;Esse concerto é também uma forma de conscientização. Não temos um teatro ainda funcionando em Brasília no centro da cidade como o Teatro Dulcina. Ele é o único centro cultural naquela região;, define Thiago Francis.
O regente da orquestra ainda destaca que essa é uma forma de valorizar o espaço do teatro. ;Aquela é uma região um pouco esquecida no centro da cidade. A sala tem seus problemas de estrutura e pode a qualquer momento fechar. Mas está funcionando e tem vida. Queremos que a sociedade se atente. Repito, é um concerto de conscientização. É um concerto com ;c;, mas para consertar com ;s;;, completa.
O presidente da Orquestra Filarmônica de Brasília, Doner Cavalcante, explica que o projeto pretende ter uma agenda mensal, com apresentações na última quarta ou quinta de cada mês. ;Ele está começando pequeno, mas vamos crescer com ele. Queremos trazer alguns amigos da música popular e da erudita para participar na temporada. Vai ter muitas novidades. Inclusive, vamos fazer uma enquete para as pessoas votarem nos artistas parceiros para definirmos os shows mensais;, adianta.
OFB Show
Teatro Dulcina (Conic). Quarta (26/9), às 20h. Com apresentação do corpo de dança do balé Viva Arte Viva e da dançarina Ana Medeiros, acompanhados da Orquestra Filarmônica de Brasília. Entrada a R$ 25 (meia) e R$ 50 (inteira). Amigos da OFB, gestantes e idosos também pagam meia-entrada. Classificação indicativa livre.