Adriana Izel
postado em 24/09/2018 06:30
O R de nomes como Lauryn Hill, Aaliyah, Marvin Gaye, Chaka Khan e Lionel Richie parece finalmente ter desembarcado no Brasil. O movimento musical teve início no fim da década de 1940 nos Estados Unidos sob influência do jazz, do blues e do canto melódico e desde então faz parte da cultura norte-americana, com representantes até os dias de hoje, passando por artistas como Beyoncé, Alicia Keys e The Weeknd.
Nas terras tupiniquins, o gênero sempre foi uma influência para os artistas, mas nunca tinha sido considerado um ritmo brasileiro até o surgimento de nomes que passaram a defender o movimento e começaram a ser vistos como representantes de um R brasileiro. ;Eu sempre me denominei R, mas antes era mais difícil do que agora. Só de quatro anos pra cá é que as gravadoras, os selos e a mídia começaram a falar desse estilo de forma mais sólida;, analisa Alt Niss, cantora paulista que faz parte desse movimento no Brasil e integra ainda o projeto Rimas & Melodias.
Há algum tempo no cenário musical, Alt Niss, que começou como backing vocal e transitou pelo rap, conseguiu neste ano um contrato com a produtora Boogie Naipe, empresa de produção musical criada por Mano Brown, e assim dar mais estrutura e visibilidade para o R feito por ela em canções como Não vou me preocupar e Sorte, que devem integrar um EP a ser lançado até o fim de 2018, com foco no estilo musical. ;Eles decidiram acreditar nessa empreitada;, revela.
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A repercussão da cantora tem muito a ver com o ineditismo e com as primeiras quebras de barreiras do R no Brasil. ;Não é de que agora que o Brasil traz coisas de fora, como o rap e a soul music. A música é uma linguagem universal. Então acho que é uma questão de denominar e de identificação. Aos poucos essa quebra de paradigma amadurece o cenário, que é isso que precisa, um som maduro, profissionalizado, bem-feito e com boas composições;, completa a cantora.
Tendência
Alt Niss não é a única brasileira a representar e levantar a bandeira do R. A cada dia mais nomes aparecem no cenário musical brasileiro. Entre eles está o da brasiliense Talíz, 20 anos, que se iniciou na música de forma autoral neste ano com o lançamento do single Pode me ligar. ;Quero me apresentar como cantora. Essa é a primeira música que eu escrevi na vida;, conta. Talíz tem outra faixa prestes para ser divulgada, uma parceria com Nith, outro nome do R brasileiro e tem a ideia de divulgar um EP.
Sobre a inserção no ritmo, ela explica que era algo natural. ;Como uma criança negra sempre me identifiquei com R pelos clipes que eu via na televisão. Na minha época não tinha artistas no Brasil que me representavam, como tem hoje. Acho que minha identificação com o ritmo nasceu da representação racial, mas também do estilo vocal, da forma como as pessoas cantavam;, afirma Talíz.
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A brasiliense afirma que o objetivo agora é aproximar o ritmo do público brasileiro. ;Tenho procurado colocar um discurso de coisas que estão acontecendo agora no Brasil. Esse é o momento que a cultura black está em alta, esse é o momento de dar visibilidade;, analisa.
; Conheça outros nomes do R brasileiro
Luccas Carlos
; No ano passado com o lançamento do EP Um, o cantor e compositor carioca abraçou de vez o R e logo figurou entre os representantes do estilo no Brasil. Fã de nomes como Chris Brown, Usher e R. Kelly, ele investe no romantismo nas letras e com uma interpretação vocal de destaque.
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Nith
; Influenciado por artistas como 50 Cent e R. Kelly, o carioca lançou em 2014 o primeiro projeto solo e foi o lance de entrada no R. Desde então, tem investido em singles como Dono do mundo, O mundo me fez esquecer você, P.A. e Perigo.
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Tassia Reis
; Apesar de ser mais vista como rapper, Tassia Reis está entre as artistas que faz essa fusão com R. Em seu trabalho mais recente, o EP Outra esfera, ela mostra essa mistura entre os ritmos. Seu single mais recente é Contramão, uma parceria com Pitty e Emmily Barreto.
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