O cineasta Cacá Diegues, de 78 anos, foi eleito, na tarde desta quinta (30), o novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). A eleição, iniciada às 16h, foi rápida. Não durou nem uma hora para que se chegasse ao consenso. Cacá recebeu 22 votos. Participaram da eleição 24 acadêmicos presentes e 11 por cartas. Três imortais não votam por motivo de saúde.
Além de Cacá, concorreram Pedro Corrêa do Lago, Raul de Taunay, Remilson Soares Candeia, Francisco Regis Frota Araújo, Placidino Guerrieri Brigagão, Raquel Naveira, José Itamar Abreu Costa, José Carlos Gentili, Evangelina de Oliveira e Conceição Evaristo.
Em favor da escritora mineira, nascida no Morro do Pindura Saia, na Região Centro-sul de Belo Horizonte, houve mobilização popular, que defendia a indicação de Conceição como uma forma de trazer representatividade negra e diversidade para a ABL.
Cacá Diegues ocupará a cadeira número 7 da ABL, que estava vaga com o falecimento do acadêmico e cineasta Nelson Pereira dos Santos, ocorrido no dia 21 de abril deste ano, no Rio de Janeiro. A academia manteve o mesmo perfil do ocupante anterior ao eleger Cacá, um dos grandes diretores do cinema brasileiro.
A cadeira teve nove ocupantes: o fundador Valentim Magalhães (fundador), Euclides da Cunha, Afrânio Peixoto, Afonso Pena Júnior, Hermes Lima, Pontes de Miranda, Dinah Silveira de Queiroz, Sergio Corrêa da Costa e Nelson Pereira dos Santos
Carlos Diegues é alagoano, de Maceió. É filho do antropólogo Manuel Diegues Jr. e de Zaira Fontes Diegues. É casado com a produtora de cinema Renata Magalhães. A cantora Nara Leão também foi mulher dele. Cacá tem um filho e três filhas.
Cacá teve os primeiros poemas publicados pelo Jornal do Brasil, em 1958, aos 18 anos. Foi um dos fundadores do movimento cineclubista do Rio de Janeiro. Cacá participou do movimento do Cinema Novo, liderado por Nelson Pereira dos Santos. A estreia profissional ocorreu em 1962, quando dirigiu um dos episódios do filme ;Cinco vezes Favela;, produção do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE). O filme é considerado uma das obras inaugurais do Cinema Novo.
Ao longo da carreira, realizou mais de 20 longa-metragens: Ganga Zumba (1964), Os herdeiros (1969), Joanna Francesa (1973), Xica da Silva (1976), Chuvas de verão (1978), Bye Bye Brasil (1980), Quilombo (1984), Um trem para as estrelas (1987), Tieta do Agreste (1995), Orfeu (1999), Deus é brasileiro (2003) e O maior amor do mundo (2005), entre outros. O novo trabalho é O grande circo místico (2018), inspirado na obra do poeta Jorge de Lima.
Na literatura, Cacá publicou Ideias e Imagens (1988). Também é autor de Vida de Cinema, em que faz um diagnóstico do Cinema Novo, e Todo Domingo, coletânea de textos publicados semanalmente no jornal O Globo.