Francelle Marzano/Estado de Minas
postado em 22/08/2018 10:37
Quando se fala em rap nacional, o belo-horizontino Djonga se destaca por denunciar a injustiça. Seus versos abordam racismo, machismo, violência policial e problemas enfrentados pelas minorias e por moradores das periferias brasileiras. Segunda-feira, (21/8) ele lançou o clipe de A música da mãe. Entre várias imagens marcantes ; entre elas um negro agredido por dois brancos e uma mulher apanhando de um homem no meio da rua ;, a que chamou mais a atenção dos internautas foi aquela em que Djonga aparece aplicando uma "voadora" em um menino branco e loiro para
tirá-lo da cena.
O clipe, que aparece em segundo lugar na lista dos vídeos em alta no YouTube e bateu 851 mil visualizações em apenas 24 horas, recebeu várias críticas. Djonga foi acusado por internautas de praticar racismo reverso e incitar a violência do negro contra o branco. "Nem todo branco é racista! Se querem combater o racismo não contribuam com racismo", reagiu um dos fãs. "Todos os MCs têm fãs brancos... E nem todos os brancos são preconceituosos com os negros, por isso achei totalmente desnecessário", disse outro internauta. "Se fosse um negro cantando e chegasse um branco dando ;sem pulo;, esse vídeo iria ter muito mais deslikes e repercutiria por racismo", comentou outro seguidor.
[VIDEO1]
[VIDEO1]
No YouTube, o vídeo foi avaliado como positivo por mais de 113 mil pessoas contra 5 mil que o rejeitaram. Fãs saíram em defesa de Djonga. "A maioria da galera está preocupada em observar o chute que o garoto ;branco; levou! Porém, nem perceberam as atrocidades sofridas pela minoria, que diariamente sofre com racismo e violência", publicou um internauta. "Esse som do Djonga tá f***. E vocês, que tão comentando sobre a voadora, só tão reforçando o que ele critica. No clipe tem um cara preto sendo espancado por brancos, logo depois um cara espanca uma mina, e vocês só se incomodaram com a voadora no moleque loiro", defendeu outro.
O assunto chegou a ser um dos mais comentados na internet e figurou entre os trending topics do Twitter, onde Djonga comentou a polêmica. "Daqui a uma hora fazem 24 horas que você descobriu que uma voadora incomoda mais que uma criança sendo abusada ou uma mulher apanhando", twittou o rapper. Em outra publicação, Djonga continuou: "A menos que eu mate alguém, nunca vou ficar me explicando, até porque entendedores sempre entendem!! Obrigado geral, sou muito fã do carinho de vocês. Tamo no 1; em alta até agora", comemorou.
O mineiro é considerado um dos destaques do rap contemporâneo. Recentemente, foi convidado para abrir show dos veteranos Mano Brown e Criolo, em São Paulo. Em março, lançou o disco "O menino que queria ser deus", um dos álbuns mais elogiados do hip-hop nacional em 2018.