Irlam Rocha Lima
postado em 06/08/2018 07:30
Há duas versões para a origem do coco, dança tradicional das regiões Norte e Nordeste. Há quem acredite que tenha vindo da África, com os escravos. Outros defendem que ela é resultado do encontro entre as culturas negra e índia. Embora seja mais frequente no litoral, o coco teria surgido no interior, provavelmente no Quilombo dos Palmares ; a partir do ritmo em que os cocos eram quebrados para a retirada da amêndoa.
São exemplos de sucesso desse ritmo músicas cantadas por grandes nomes da música popular brasileira, entre eles Sebastiana (Jackson do Pandeiro), O canto da ema (Gilberto Gil), A cantiga do sapo (Alceu Valença), Jack Soul Brasileiro (Lenine), Esse coco é bom (Genival Lacerda), Coco (Quinteto Violado) e Coco dub (Chico Science & Nação Zumbi).
Nesta semana, Brasília se transforma na capital brasileira do coco, com a realização do Sonora Brasil, que tem como foco a música que carrega em si a história de muitas culturas, seja pela melodia, seja pelos instrumentos, seja pela dança. A série de shows vai ocupar o palco do Teatro Sílvio Babato do Sesc, no Setor Comercial Sul, de hoje a quinta-feira, às 12h30, com entrada franca.
Considerado o maior projeto de circulação nacional, o Sonora Brasil, em sua 20; edição, passará por 97 cidades, somando um total de 372 shows. Segundo Nilson Lima, assistente de ações culturais do Sesc-DF e responsável pelo projeto na cidade, o evento representa ;um resgate de uma manifestação artística pouco difundida;.
Segundo Nilson, o Sonora Brasil tem entre seus objetivos a valorização de artistas que produzem obras não comerciais e a formação de plateias. ;Nesta edição teremos trabalhos que envolvem as variantes da denominação cocos, na qual a música, a dança e a religião estão envolvidas, oferecidos gratuitamente ao brasiliense;.
O tema Na pisada dos cocos circula pelos estados do Centro-oeste, Sul e Sudeste com os grupos Coco de Zambê (RN), Samba de Pareia da Mussuca (SE), Coco do Iguape (CE) e Coco de Tebei (PE). Os artistas apresentarão diversidades da música nascida nas aldeias indígenas e comunidades quilombolas, com dança e música, acompanhado por instrumentos de percussão, como bumbo, ganzá, pandeiro e caixa.
Presidente e integrante do grupo Coco do Iguape, Klevia Cardoso, a Klevia do Iguape, demonstra entusiasmo por participar do projeto. ;Para mim e meu grupo, é uma experiência e tanto tomar parte no Sonora Brasil, que nos dá oportunidade de não só poder conhecer o Brasil, como também de mostrar nossa cultura de raiz, as nossas tradições em vários pontos do país, inclusive Brasília, a capital federal;.
Janaína Santos, do Coco de Tebei, originário de Pacaratu, interior de Pernambuco, conta que o grupo foi criado em 1998. ;Embora sejamos em maior número, vamos a Brasília com nove integrantes, para mostrar nossa música, nosso canto e nossa dança. Nivalda Nazaré é a cantora principal. Temos um disco lançado com 16 músicas, entre elas A cobra verde, Adeus menininha e Teu cabelo moreno;, anuncia.
As sambadeiras de Pareia da Nussuca são outras atrações do Sonora Brasil. ;No show que vamos fazer em Brasília, mostraremos músicas antigas e outras mais novas do nosso repertório, puxadas por Nadir. O grupo é integrado por 10 mulheres e um homem, o Anísio Paulo, que toca tambor;, destaca Maria José dos Santos, a Cecê do Samba Pareia, natural de Laranjeiras, em Sergipe.
Sonora Brasil
Shows de hoje a quinta-feira, às 12h30, no Teatro Sílvio Barbato do Sesc (Edifício Eurico Dutra/ Setor Comercial Sul). Entrada franca. Classificação indicativa livre
Programação
Hoje Coco do Iguape (CE)
Amanhã Coco de Zambê (RN)
Quarta-feira Samba de Pareia da Nussuca (SE)
Quinta-feira Coco de Tebei (PE)