Uma das produções televisivas japonesas mais populares no Brasil, Jaspion passa por um momento de revival no período em que completa três décadas da estreia no país. O personagem será levado aos cinemas em produção nacional prevista para 2019 e, ainda este ano, será adaptado para os quadrinhos por artistas brasileiros, com lançamento programado para dezembro. Quem assina a obra é Fábio Yabu (roteiro) e Michel Borges (arte), autores da trilogia Combo Rangers. O título faz parte do Henshin Universe selo de mangás (HQs no estilo japonês) produzidos por artistas brasileiros e publicado pela editora JBC.
A publicação promete trazer a trama para os tempos atuais, mantendo a premissa original, do órfão que vira um guerreiro intergaláctico responsável pela paz na Via Láctea, cujo grande inimigo é Satan Goss, um ser que pretende conquistar vários planetas, entre eles a Terra. Nas aventuras, ele é acompanhado pela androide Anri e a criatura Miya. Outro elemento importante era a nave, capaz de se transformar no robô Daileon. O quadrinho dá continuidade aos acontecimentos vistos na série.
Não é a primeira vez que o personagem é levado aos quadrinhos no Brasil. À época da exibição, Jaspion foi comercializado das mais diversas formas, de brinquedos a HQs. Em 1989, a finada editora Ebal lançou um título próprio e, no ano seguinte, os direitos foram adquiridos pela Abril, que produziu uma série em 12 edições. Enquanto a primeira série adaptava os episódios da TV, a segunda trazia novas tramas e dava continuidade às histórias após o desfecho da produção televisiva, que teve 46 capítulos. Artigos de colecionadores, as edições antigas podem alcançar valores de até R$ 300 em sites de leilão.
Exibida a partir de 1988 na extinta TV Manchete, no programa infantil Clube da Criança, apresentado por Angélica, a atração foi responsável por algumas das maiores audiências do canal. A produção ia ao ar junto com outro grande sucesso da época, Changeman, inaugurando o período mais fértil para as séries tokusatsu, definição japonesa para produções estreladas por atores envolvendo super-heróis, monstros e uma boa dose de efeitos especiais.
Se o gênero surgiu ainda nos anos 1950 com Godzilla, foi nas décadas seguintes que ganhou popularidade para além do Japão, sobretudo com National Kid (1960) e Ultraman (1966). "A onda de Jaspion, Changeman e outros da época e anos posteriores foi muito forte e esses personagens ainda têm uma base de fãs muito grande no Brasil", avalia o editor da JBC, Cassius Medauar, que enxerga potencial para que a obra atraia fãs antigos e conquiste novos públicos.
A depender do sucesso, a publicação poderá ter continuidade e trazer também outras figuras consagradas do gênero tokusatsu, que teve como período de maior efervescência no Brasil entre os anos 1980 e 1990. Aliás, é dessa época o primeiro ensejo de transformar Jaspion em uma produção audiovisual nacional. A Sato Company, distribuidora nacional desta e outras produções japonesas no país, chegou discutir a ideia com Jayme Monjardim (Terra Nostra), então responsável pela direção artística da Manchete. O envolvimento do diretor na novela Pantanal, outro grande sucesso da emissora, acabou o afastando do projeto, que ficou esquecido.
Ainda sem detalhes anunciados, o filme brasileiro, realizado pela Sato Company, deve ter o elenco e equipe criativa revelados em agosto, aniversário de 110 anos da imigração japonesa no país.
Enquanto o filme e mangá não chegam, as aventuras clássicas do personagem podem ser revisitadas na coleção O fantástico Jaspion: A série completa (World Classics, 5 DVDs, R$ 99). O canal do YouTube Tokusatsu TV também disponibiliza gratuitamente os episódios da série com a dublagem brasileira original, não só de Jaspion como de outros programas do gênero, incluindo Jiban, Jiraya e Changeman.