A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu no sábado (28/7) um processo de investigação para apurar uma denúncia de discriminação racial contra uma trabalhadora de uma das casas da programação parceira da Festa Literária Internacional de Paraty. O caso foi levado pela vítima à delegacia, mas, segundo a corporação, o delegado titular da 167; Delegacia de Polícia (Paraty) registrou a ocorrência como fato atípico. O termo significa que a ocorrência não está tipificada criminalmente.
"Segundo o delegado titular, foi realizado um registro de ocorrência de fato atípico, visto que, segundo a autoridade policial, não ficou vislumbrado de plano [no momento do registro de ocorrência] a existência de dolo subjetivo e vontade de injuriar", diz nota enviada pela assessoria de imprensa da Polícia Civil, que acrescentou que "o caso segue sendo investigado".
O jornal O Globo noticiou na sexta-feira que Sara Cristina Trajano da Silva, funcionária da editora Patuá, denunciou ter sido discriminada pelo diretor da editora da PUC-SP (Educ), José Luiz Goldfarb. Ambos participavam da programação da Casa do Desejo, espaço parceiro da programação principal.
De acordo com a reportagem, Sara conta que Goldfarb disse que "era por causa de pessoas da cor dela que o mundo estava assim". O jornal carioca também ouviu o editor, que negou ter dito a frase preconceituosa e afirmou ter criticado o autoritarismo de pessoas progressistas.
Em nota, a Flip se posicionou repudiando "todo e qualquer ato de violência, racismo e discriminação". "Diante do fato, [a Flip] recomendou aos organizadores da Casa do Desejo que peçam substituição do representante da editora PUC-SP em seu espaço. A organização da festa literária seguirá no acompanhamento do caso nos próximos dias", completa a nota.
A Casa do Desejo também se manifestou por meio de nota e disse estar dando todo o apoio à colaboradora "que foi desrespeitada enquanto trabalhava para que o evento pudesse acontecer", narra o texto. "Racismo é um crime que precisamos combater e estar sempre vigilantes".