As mostras Competitiva e Brasília do 51; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro receberam durante um mês inscrições de 724 filmes. Um número tão expressivo quanto da edição comemorativa realizada no ano passado é suficiente para levar a organização do evento a pensar na criação de mais duas mostras, além das quatro anunciadas até agora ; Competitiva, Brasília, Futuro Brasil e FestUni (Festival Universitário de Cinema de Brasília).
[SAIBAMAIS]A ideia é criar uma mostra paralela também competitiva e uma mostra que contemple produções com a temática afrobrasileira. ;A gente vem estudando a possibilidade de criar uma mostra, que, talvez, traga para dentro do festival uma nova premiação. Uma mostra paralela competitiva. Por quê? Porque hoje a gente tem mais de 700 filmes de qualidade inscritos. Dali você tira alguns para a mostra competitiva de longa e de curta (é muito pouco);, explica o secretário de Cultura do DF Guilherme Reis.
Só neste ano são mais de 150 longas-metragens inscritos que serão transformados em até 10 para disputar o candango. ;Com certeza, se a gente quiser fazer um recorte de iniciativas inovadoras, de juventude, de novos olhares, você tem conteúdo para fazer uma outra visão, que merece ser premiada;, completa.
A possibilidade da criação de mais uma mostra competitiva que ocorreria paralelamente à principal será analisada pela secretaria nos próximos 15 dias. ;Precisamos avaliar se temos dinheiro para fazer. Mas cabe dentro da programação. Isso seria uma grande novidade;, garante Reis.
A outra mostra seria uma forma de o festival refletir o contexto social contemporâneo, que está sendo incluído no evento e nas ações culturais da secretaria: as políticas afirmativas. ;Estamos preocupados nesse momento em trazer uma inovação. Não sei até que ponto conseguimos avançar. Mas estudamos lançar um novo prêmio dentro do festival para produções que olhem para a questão afrobrasileira e que incluam a temática racial;, revela o secretário.
Dessa forma, o festival ampliará o debate de temas que estavam em discussão em edições anteriores, mas que ganham uma nova dimensão: ;Acho que o Festival de Cinema está refletindo um momento de discussão do país, isso é bom. Sem perder de vista a tradição e os outros olhares do cinema brasileiro. Mas é inevitável refletir essas ações afirmativas que a sociedade vem trazendo;.
Apesar das duas novas mostras ainda não estarem confirmadas, a ampliação do Ambiente de Mercado é uma realidade no 51; Festival de Brasília. Em sua segunda edição, a programação passa a ser abrigada, durante os três dias de calendário, no Complexo Cultural da República (Esplanada dos Ministérios), que consiste no Museu Nacional e na Biblioteca Nacional. ;A gente espera que trazer para esse espaço signifique, na prática, facilidade para participação da juventude, dos estudantes, porque é o público desses espaços de debate;, avalia Guilherme Reis.
Participações
Neste ano, estão confirmadas as presenças de representantes de festivais internacionais de cinema, como Berlim, Roterdã, Cannes e Guadalajara, assim como de players que serão convidados pela Apex, como FOX, Viacom, History Channel e Discovery Channel para participar das rodadas de negócios. ;A gente não tem a intenção de fazer nada parecido com o Rio Content Market (Rio2C). A gente quer ter uma pegada diferente;, afirma o secretário. Sara Rocha, coordenadora do audiovisual da Secretaria de Cultura, também completa: ;O Festival de Brasília agrega, diferentemente desses outros espaços, a reunião de realizadores, que pensam para além dos aspectos mercadológicos e da promoção, os aspectos estéticos, narrativos e de linguagem;.
Outra novidade é a Sessão no Ambiente de Mercado. O espaço será destinado à exibição de três pilotos de séries que vão estrear na grade de programação dos canais participantes do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Estão confirmadas as participações da Viacom e do Canal Brasil. ;Para os canais, é uma discussão muito valiosa e que apenas o Festival de Brasília tem. Estamos querendo debater linguagem, estética, conteúdo e audiovisual;, destaca Sara Rocha.
As inovações no Festival de Brasília como um todo são justificadas por Guilherme Reis pelo conceito proposto para o evento: ;A encomenda foi essa: olhar para o passado e olhar para frente, conjugar esses dois olhares e tentar redesenhar um evento que dialogue cada vez mais com a cidade, que incorpore outros setores do pensamento e das artes do DF e que volte a dialogar com as universidades da forma mais efetiva possível e com o mundo e o mercado;.
Audiovisual de Brasília
Cine Brasília
; Como é tradição, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro será realizado no Cine Brasília de 14 a 23 de setembro, com programações paralelas como o Ambiente de mercado. Para o espaço em si, a novidade fica por conta da praça que fica atrás do cinema. O objetivo é ampliar essa área, com ilhas de alimentação e com projeções, além de um projeto de jardinagem, que seria um legado para o local após o fim da 51; edição. ;Sempre respeitando a vizinhança, que sempre foi parceira do Cine Brasília;, destaca Guilherme Reis. Também está sendo construída a estação de metrô Cine Brasília, que, infelizmente, não deve ficar pronta para a edição deste ano.
Polo de Cinema e Vídeo
; Como anunciado no ano passado, o espaço, antes situado em Sobradinho, foi desativado para a criação do Parque Audiovisual de Brasília, localizado no Setor de Clubes Esportivos Sul, em frente ao CCBB. O espaço de 147 mil metros cedido pela Terracap abrigará estúdios, locais para produção, a Brasília Film Comission (um projeto que visa aumentar a competitividade das produções de cinema e vídeo de Brasília) e uma possível cinemateca. No momento, o governo tem acionado a Terracap e a Unesco para consultoria e construção de um projeto em parceria com a iniciativa privada.
Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul
; Reaberto neste mês, o local pretende reafirmar a vocação formativa, e o audiovisual está entre os planos. O espaço agora passa ter a Sala Marco Antônio Guimarães, um cineteatro. Atualmente, a programação da 508 Sul tem a mostra Cineclube com sessões gratuitas ao domingo, como Flor de moinho, de Erika Bauer, que será exibida hoje (22/7), a partir das 17h. O encerramento será com Branco sai, preto fica, de Adirley Queiroz.