Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Conheça brasilienses que fazem aula de instrumentos musicais por hobby

Muitas pessoas, mesmo sem querer seguir uma carreira profissional, aprimoram os estudos em cursos como os do Clube do Choro

Instrumentistas, cantores e bandas brasilienses que têm se destacado nacional e internacionalmente contribuíram, decisivamente, para levar a capital federal a ser considerada um importante celeiro musical. Muitos deles receberam formação, ou se aprimoraram, em escolas especializadas nesse segmento artístico. Estabelecimentos do gênero se espalham por vários pontos do Plano Piloto e de outras cidades do Distrito Federal. Em geral, eles acolhem um número expressivo de alunos ; de diversas faixas etárias. Curiosamente, a grande maioria busca o ensinamento não com o intuito de se tornarem profissionais do ofício ; embora todos vejam a música como algo que enleva, que proporciona momentos de fruição.


A tradicional Escola de Música de Brasília, criada há 55 anos pelo saudoso professor e maestro Levino de Alcântara, voltada para a formação profissional de músico, possui algo em torno de 3 mil alunos. Minoritariamente, são os que, após a conclusão do curso, seguiram carreira nessa área ; os consagrados Jorge Helder, Lula Galvão, Paulo André Tavares e Jaime Ernest Dias estão entre eles.

O mesmo ocorre na Escola Brasileira de Choro Raphael Rabelo, criada há 20 anos por Henrique Santos Filho, o Reco do Bandolim, no âmbito do Clube do Choro; hoje, sob a coordenação do gaitista Pablo Fagundes. Segundo ele, criou-se naquela instituição um ambiente propício para que pessoas das mais diferentes idades interajam, tendo a arte como elemento propulsor. ;Daqui saíram grandes músicos que hoje brilham no país e no exterior, mas a maior a maior parte está aqui por ter uma relação afetiva com a música e não pela busca da profissionalização;, destaca Pablo.

Não é diferente o que se verifica em escolas particulares como a GTR Instituto de Música (111 Sul), a Karashima Instituto de Música (313 Sul), a Geração Sonora (Avenida das Castanheiras/Águas Claras) e a Academia Maestro, com unidades em Sobradinho, Taguatinga e Ceilândia. O Correio conversou com alunos dessas instituições, que têm a música como hobby. Todos demonstram um grande prazer por estarem ligados a essa manifestação cultural.


Constantino Pereira Filho
Aos 73 anos, o ex-servidor do Superior Tribunal Militar, sempre gostou de música e de tirar acordes do violão. Constantino conta que, quando se aposentou, procurou fazer algo para preencher o tempo disponível. ;Aí, como conhecia o Clube do Choro, me matriculei na Escola de Choro e, em vez de fazer aula de violão, optei por aprender a tocar gaita. Há três anos sou aluno do professor Pablo Fagundes, gaitista talentoso e um professor que possui ótima didática. Como amador, participo de rodas de choro ao lado de outros alunos, às sextas-feiras pela manhã, na área externa do Clube do Choro. Entre os shows que assisti aqui, destaco os de dois grandes instrumentistas de gaita, Maurício Einhorn e Gabriel Grossi.;


Natália Karine Pereira
Tocar violão é algo que permite a Natália Karine, advogada de 29 anos, fugir, por momentos, da realidade massacrante do dia a dia e encarar a vida com mais leveza. ;Sempre tive forte ligação com a música. Sou fã de John Mayer e de Thiago York e, há três meses, resolvi me matricular na GTR para ter aulas de violão com o professor Heitor Gouveia, o que, para mim, tem sido uma terapia e tanto. Mesmo tendo a música apenas como um hobby, o que ela me proporciona me leva, prazeirosamente ao relaxamento. Mais do que nunca me sinto integrada ao universo dessa manifestação artística.;



Fernando Xavier Borgatto
3A música ocupa boa parte da rotina diária de Fernando, 57 anos, aposentado do Banco do Brasil, que tem ligação com a música desde a juventude. ;Ao me aposentar, busquei ter alguma atividade que me trouxesse prazer. Então, entrei para a Escola Brasileira de Choro, onde passei a ter aulas de bandolim com o Marcelo Lima. Em 2016, me transferi para a Escola de Música. Aqui, inicialmente fui aluno do Victor Angeleas, depois, do Rafael Bandol e agora do Fernando Duarte. Gosto de bossa nova e tenho participado em roda de choro, mas de forma despretensiosa, pois não aspiro ser um músico profissional. Poder tocar bem um instrumento, para mim, é uma grande realização e me faz ter uma relação mais estreita com a música. Tenho como grandes referências o mestre Jacob do Bandolim, Armandinho Macedo e Hamilton de Holanda e bandolinistas de outras gerações. Em Brasília tenho admiração pela técnica de Reco do Bandolim e dos meus três professores.;


Luciana Ferreira de Freitas
Embora se dedique com afinco à faculdade de letras, no pouco tempo que lhe sobra, Luciana, 22 anos, recebe aulas de canto do professor Léo Avelar no Instituto Karashima. Fã de Marisa Monte, Cássia Eller e Ana Carolina, ela vê na música uma válvula de escape para a timidez. ;Eu me solto mais quando estou cantando e até já participei de um recital dos alunos do instituto, no Feitiço Mineiro. Embora estivesse bastante nervosa, curti muito. A música me permite relacionar melhor com as pessoas.;


João Marcos Gomes
Desde 2016, João Marcos, 18 anos, estuda contrabaixo na Geração Sonora, escola de música criada em 2014 por Gabriel Calheiros em Águas Claras. ;Curto blues, funk e jazz, sou fã dos Novos Baianos, Nação Zumbi e Pink Floyd e sempre tive vontade de tocar esse instrumento. Não pretendo viver de música ; atualmente, ele estuda arquitetura no Iesb ;, mas me dá uma grande satisfação tirar um som do baixo, presente em todas as formações de trios, quartetos e bandas. Costumo tocar com meus amigos e há quem goste do que a gente faz.;


Igor Rafael Fernandes
Jovem de 16 anos, Igor Rafael, morador de Arniqueiras e estudante do ensino médio, é aluno de Gezo Rodrigues, na Academia Maestro, em Taguatinga Sul. ;Toco violão na igreja, mas busco me aprimorar, pois com frequência me junto com meus amigos para fazer um som. Por vezes tiramos alguma coisa dos Beatles, a maior banda de todos os tempos. Não vejo a música como profissão, mas ela me completa.