Irlam Rocha Lima
postado em 05/07/2018 07:30
Lô Borges ainda era um adolescente, que amava os Beatles, curtia a Bossa Nova, a Tropicália e tirava os primeiros acordes do violão ; geralmente, numa esquina do bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte ; quando, em 1971, recebeu o convite de Milton Nascimento para ir ao encontro dele no Rio de Janeiro. O cantor e compositor carioca, já artista consagrado, com quatro discos lançados, o queria ao seu lado, para realizar projeto ambicioso: o álbum que seria um marco na criação de lendário movimento, denominado Clube da Esquina.
Trabalhando arduamente, em 10 meses, os dois criaram o repertório do LP, que, lançado em 1972, trazia várias canções daquele jovem de 18 anos, que iriam ser incorporadas à antologia da MPB, como O trem azul, Paisagem na janela, Tudo o que você podia ser e Um girassol da cor do seu cabelo. O sucesso obtido por Lô na primeira empreitada criativa fez com que a gravadora Odeon o convidasse para fazer parte do seu casting.
Mais que isso, o imberbe músico se viu na iminência de gravar um disco solo, mesmo sem estar preparado para isso. Em apenas três meses, ele compôs nada menos que 15 músicas. Surgia, então, o mítico Disco do Tênis, chamado assim por trazer estampado na capa a foto do empoeirado tênis que Lô usava no dia a dia. Desde então, mais 14 títulos passaram a constar na discografia dele.
Em 2017, fez alguns shows para celebrar a passagem dos 45 anos do Disco do Tênis, tendo inclusive, gravado um DVD alusivo à data. A ser lançado em agosto. No momento, o cantor faz uma série de apresentações do espetáculo Os grandes sucessos, com o qual cumpre curta temporada de hoje a domingo, no Teatro da Caixa, acompanhado pelo guitarrista Henrique Matheus. trajetória de Lô vai interpretar clássicos da importância de Clube da Esquina 2, Feira moderna, Para Lennon e McCartney e, claro, as citadas canções do Clube da Esquina 1.
Os grandes sucessos
Show de Lô Borges, acompanhado pelo guitarrista Henrique Matheus, de hoje a sábado, às 20h e domingo, às 19h, no Teatro da Caixa (Setor Bancário Sul). Ingressos: R$ 20 e R$ 20 (meia entrada). Classificação indicativa livre. Informações: 3263-5597 e 3263-8916.
Entrevista /Lô Borges
Milton Nascimento o conheceu em Belo Horizonte. Ele já havia tomado conhecimento do seu talento, antesde convidá-la para gravar o Clube da Esquina 1 com ele?
No disco anterior ao Clube da Esquina 1, ele havia gravado Para Lennon e McCartney, que compus com Márcio Borges.
Você tinha 18 anos quando Milton o convidou para fazer o álbum que deu nome ao movimento Clube da Esquina. Ele lhe surpreendeu?
Totalmente. Eu ainda não sabia nem se queria continuar fazendo música. De uma hora para outra, estava no Rio de Janeiro, compondo músicas para aquele projeto do Bituca. Foi algo que exigiu muito de um jovem, mas acabei encarando aquela responsabilidade numa boa. Em menos de um ano, criei canções que se tornaram clássicos da MPB.
Impressionada com sua produção, a Odeon o contratou para fazer um disco solo. Como foi aquela nova empreitada?
Foi um processo difícil, mas eu estava possuído por uma luz criativa, que jamais imaginei ter. Com parceiros como Márcio Borges, Ronaldo Bastos e Tavinho Moura, compus nada menos que 15 canções.
Por que saiu de cena, após lançar o Disco do Tênis?
Quis deixar tudo aquilo de lado para fazer uma viagem ao desconhecido. Inicialmente, deixei rolar meu lado hippie e fui acampar em Arembepe, no litoral da Bahia. Depois, segui para Porto Alegre, onde passei a participar de rodinhas de violão. Aproveitava para distribuir o disco para pessoas com quem fazia amizade. Só retomei a careira em 1978, quando lancei o Via láctea, um trabalho mais bem elaborado.
Em 2017, você gravou DVD com o repertório do mítico disco, no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Como foi?
Antes da gravação do DVD, fiz dois shows em São Paulo. No repertório, além das músicas do Disco do Tênis, inclui canções consagradas do Clube da Esquina 1. O lançamento será em agosto, em São Paulo. Mas, quero trazer o show a Brasília, onde sempre tive ótima acolhida. Agora, espero ver o brasiliense na plateia do Teatro da Caixa, na temporada que faço neste fim de semana, com o show Os grandes sucessos.
Show com pé na areia
Um dos nomes de maior destaque da moderna música popular brasileira, o cantor e compositor pernambucano Lenine é a atração da abertura da Quinta Cultural, que integra a programação do projeto Na Praia. Hoje, às 20h, no espaço localizado na Orla Norte do Lago Paranoá, o cantor e compositor pernambucano faz Em Trânsito, show que tem por base álbum homônimo recém-lançado.
Nesse novo trabalho, Lenine incluiu as inéditas, como as compostas com o filho João Cavalcanti (Bicho saudade), Dudu Falcão (É o que me interessa), Lula Queiroga (Ogan Erê ) e Paulo César Pinheiro (Lua candeia), além das recriações de De onde vem a canção, Lá vem a cidade, Que baque é este e Virou areia. A elas se juntam hits de outros discos do cantor, entre os quais Hoje eu quero sair só, Já que soul brasileiro, Leão do Norte e Paciência.
A música entrou na vida de Lenine ainda na adolescência, em Recife, onde se formou em engenharia química. A carreira artística decolou no final dos anos 1970, quando se radicou no Rio de Janeiro. Seu primeiro disco, o Baque solto foi lançado em 1983. Em seguida vieram outros oito, incluindo o Em trânsito. Da obra do cantor constam ainda o DVD Acústico MTV (2006) e o documentário Lenine/Trilhas. Em 2017 conquistou o Prêmio da Música Brasileira nas categorias melhor álbum e melhor cantor de MPB.
Lenine
Show do cantor e compositor e banda hoje, às 20h, pela Quinta Cultural do projeto Na Praia (Orla Norte do Lago Paranoá). Abertura dos portões às 17h. Ingresso: R$ 51. Não recomendado para menores de 16 anos.
Clássicos e parcerias
Anualmente, o cantor e compositor piauiense-brasiliense Clodo Ferreira faz uma apresentação pelo projeto Prata da Casa do Clube do Choro. Hoje e amanhã, às 21h, acompanhado por Jaime Ernest Dias (violão), Vavá Afiouni (contrabaixo) e o filho e percussionista Pedro Ferreira, ele leva ao palco do Espaço Cultural do Choro um show acústico, no qual interpreta músicas que marcaram sua carreira iniciada na década de 1970.
;O repertório é um apanhado de canções escolhidas entre mais de 150 que compus, entre elas Cebola cortada, Por um triz, com Petrúcio Maia e Climério Ferreira, respectivamente; e, claro Revelação, parceria com Clésio Ferreira, consagrada na voz de Fagner, gravada também pelo MPB4, Engenheiros do Hawaii e outros artistas;, anuncia Clodo.
Mas ele vai cantar também músicas feitas com parceiros, como Dominguinhos, Zeca Bahia, Carlinhos 7 Cordas, Simone Guimarães, Sérgio Magalhães e Milena Tibúrcio; além de sambas registradas no CD em que homenageou Sinhô ; um dos pioneiros do tradicional gênero musical. ;Todo compositor fica feliz ao apresentar coisas novas. Desta vez, vou mostrar as inéditas Guarânia e Olhos de águia, compostas recentemente;, adianta.
Clodo Ferreira
Show acústico do cantor e compositor, acompanhado por um trio, hoje e amanhã, no Espaço Cultural do Choro (Eixo Monumental). Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia-entrada para estudante). Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3224-0599.