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Diversão e Arte

Exposições na capital celebram o centenário de Athos Bulcão; confira

O artista é considerado um dos principais nomes das artes plásticas do país e ajudou a criar o imaginário visual de Brasília

Athos Bulcão sempre desenhou. Desde menino, fez do desenho sua forma preferida de expressão, mas foi com a arquitetura que o nome do artista ganhou o Brasil e o mundo. A colaboração com Oscar Niemeyer nos edifícios públicos de Brasília acabou por elevar o nome do artista ao patamar de mais importante do país quando se trata do casamento entre arte e arquitetura moderna. É com foco nessa produção que o Senado inaugura nesta terça (3/7) a exposição Athos Bulcão: arte e integração para celebrar o centenário do nascimento do artista, que completaria 100 anos ontem.

Nascido em 2 julho de 1918 no Rio de Janeiro e morto em Brasília, em 31 de julho de 2008, aos 90 anos, Athos deixou para a cidade centenas de obras espalhadas, principalmente, pelos palácios e prédios públicos. "O próprio Congresso Nacional já é uma exposição de Athos", lembra Valéria Cabral, secretária executiva da Fundação Athos Bulcão e curadora da exposição no Congresso. No total, são 16 obras montadas no que Valéria chama de trilogia: uma combinação de foto, projeto e painel de azulejos emoldurados que permitem ao público ter uma ideia de como Athos Bulcão trabalhava.

Além da exposição, o Senado realiza hoje uma sessão solene para homenagear o artista, e o Congresso Nacional criou um roteiro de visitação às obras concebidas especialmente para a casa. Nesse circuito, além de painéis como o do Salão Verde, conhecido porque é ponto de transmissão de reportagens para todos os jornais televisivos, os visitantes também poderão ver obras que não fazem parte do roteiro das visitas guiadas tradicionais do Congresso.

Na própria fundação, o centenário será comemorado no sábado com o lançamento de um kit com lenço e azulejo, de um copo com motivos do painel da Igreja Nossa Senhora de Fátima (308 Sul) e de um móbile do artista Marcelo Berquó, além de uma exposição de fotografias de obras do artista assinadas por nomes como Rui Faquini, Zuleika de Souza e Girafa.

Modernista

Curadora da exposição 100 anos de Athos Bulcão, que esteve em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília entre janeiro e abril, Marília Panitz lembra que a arquitetura ajudou a dar notoriedade ao artista. "O essencial, para ele ser um cara conhecido, é o trabalho dele de integração entre arte e arquitetura no sentido de fazer parecer que aquela obra é parte do prédio e não algo que se coloca como algum tipo de ornamento", explica. "Só um pensamento assim seria possível em uma arquitetura de caráter modernista, onde o ornamento todo some".

Marília acredita que o reconhecimento de Athos é hoje uma realidade, mas houve tempos em que suas obras eram apontadas como de autoria do arquiteto dos espaços aos quais estão integradas. A homenagem feita ontem pelo Google ; que publicou um Doodle com motivos de azulejos famosos de Athos ; reforça a ideia de que a obra do artista está cada vez mais conhecida.

Homenagem

"Não é qualquer coisa o Google estar com aniversário do centenário do Athos. Isso é uma grande coisa. E acho que isso tem muito a ver também com o amadurecimento de Brasília, que é o lugar onde a obra dele se assenta de forma mais pungente. Athos constrói, junto com Niemeyer, Lucio Costa e Burle Marx, o imaginário da cidade sobre si mesma. Não é pouca coisa", repara Marília.

O Google também abriga, desde ontem, três exposições virtuais realizadas em parceria com a Fundação Athos Bulcão. Uma delas leva o internauta para conhecer obras em cidades da Europa, América Latina e África, enquanto uma outra propõe um passeio pelas pinturas e uma terceira faz uma visita virtual pela exposição do CCBB.

A generosidade e a profunda compreensão do trabalho dos arquitetos fizeram com que Sérgio Parada, autor do projeto de reforma do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, procurasse Athos para vários trabalhos. No próprio aeroporto, há painéis do artista. "A obra dele nunca foi um adendo na arquitetura, sempre foi um partícipe. A obra do Oscar Niemeyer para o Teatro Nacional jamais seria a mesma se não tivesse o painel do Athos nas suas duas empenas cegas", acredita Parada.

Visite

Dentre os espaços que abrigam painéis do artista, o Congresso Nacional está entre os principais: 18 obras, ao todo. As visitas funcionam em esquema de agendamento, e você pode conferir os horário no site: www.congressonacional.leg.br/visite.

Athos Bulcão: arte e integração

Visitação até 29 de julho, todos os dias, das 9h às 17h, no Espaço Senado Galeria (Senado Federal).

Comemoração do centenário

Sábado (7/7), das 16h às 19h, na Fundação Athos Bulcão (CLS 404, Bloco D, loja 01).