Diversão e Arte

Yamandu Costa se apresenta no Clube do Choro nesta quinta (28/6)

Violonista tem mais de 30 discos gravados e é um dos talentos do violão nacional

Ronayre Nunes
postado em 28/06/2018 07:30

Yamandu Costa: o instrumentista vai cantar em disco com Paulo César Pinheiro
;Acho que mais de 30. Foram vários, é difícil continuar contando, já não conto;. Poucos artistas podem repetir esta frase com relação aos álbuns que fizeram ao longo da carreira. Entretanto, o que pode parecer exagero, apenas reflete a sólida carreira de um dos maiores violonistas do Brasil em mais de 30 anos de palco. E, mais uma vez, o brasiliense poderá apreciar o talento do instrumentista. Yamandu Costa apresenta show hoje e amanhã no Clube do Choro (Eixo Monumental), a partir das 21h. Em entrevista ao Correio, Yamandu reconstitui os passos que o levaram à condição de um dos mestres do violão no Brasil.

Autodidata

;Com uns 4 anos de idade eu já estava no palco, como um cantor mirim. Aí, o violão chegou na minha vida aos 7 anos, eu tentava imitar meu pai, não era muito difícil. Foi como uma nova descoberta;, conta o Yamandu, 38. Segundo ele, grande parte de sua carreira foi influenciada pelo próprio pai e pelo violonista Lúcio Yanel, ao começar a realizar os repertórios autorais ainda aos 9 anos.

;Comecei a tocar essas coisas que o Lúcio me trazia. Ele definitivamente foi uma grande influência para mim. Até então eu só tocava essa música feita na região do extremo sul do país, da Argentina. Só fui começar a tocar, a ter contato com a música do Centro-Oeste, mais brasileira mesmo, com uns 12 anos de idade; admite Yamandu.

O violonista reconhece que muito do que aprendeu veio do próprio autodidatismo: ;Olha, vou ser sincero, eu sou um músico prático, a partitura para mim atrapalha, me trava, me dá um pouco mais de trabalho. Me considero autodidata nesse sentido, o que faz minha formação musical ainda estar em andamento. Têm coisas que eu descobri há pouco, como o metrônomo. Então, posso dizer que sou um músico em plena formação ainda. A gente aprende a tocar de maneiras diferentes ao longo do tempo;.

Consolidação

A primeira experiência em estúdio do músico foi o álbum Diamandu, gravado ainda aos 17 anos, nos Estados Unidos, só que não lançado na época. ;Eu me apresentei no CCBB do Rio em uma ocasião, e um americano que estava lá me convidou para gravar umas músicas em Nashville. Houve até o convite para fazer carreira lá, mas não achei que era o momento, e voltei para o Brasil. Hoje, eu vejo que foi uma decisão correta, porque aqui no Brasil as coisas deram certo, mais certo do que teriam dado lá, eu acho;, destaca.

Enfim, em 1999, o primeiro disco lançado: Dois tempos. O projeto contribuiu para a consolidação na carreira de Yamandu, que sentiu os anos dourados do choro a partir dos anos 2000. ;Era uma época que existia um impulso nacionalista muito forte e isso se refletia nessa música daqui, como o choro. Tinha uma sensação de que as coisas estavam indo para frente. Foram os anos dourados para mim, minha trajetória deslanchou;, lembra.

No ano de 2010, Yamandu alcançou outra grande marca de sua carreira: a responsabilidade de representar a música nacional, com a suíte Impressões brasileiras, em evento tradicional do Museu do Louvre, em Paris. ;Poxa, foi um charme, teve toda aquela pompa que existe em Paris, foi um barato. Pena que eu tive uma crise de gota no palco e desci direto para o hospital. Mas foi uma experiência realmente muito boa;, brinca o cantor, que ainda completa: ;;Eu tenho esse trabalho muito caracterizado dentro dessas duas vertentes: da música latino-americana, e com a linguagem do choro, tem suítes desse gênero, são canções que fazem parte dessa linguagem do choro;.

Projetos

No momento, Yamandu se estabelece e reinventa. Com trabalhos que envolvem o desenvolvimento de um aplicativo para divulgação de trabalhos e a consolidação de um canal no YouTube, o artista está animado para continuar a saga da música com o violão em mãos. ;Eu já estou com uns seis ou sete discos novos para serem apresentados, que eu vou lançando quando achar que serão melhores aproveitados. Também tenho focado nessa vertente mais digital, acho que é a vontade de se aproximar mais das pessoas, se transformar. Há pouco tempo, lancei um álbum com Ricardo Herz nas plataformas digitais. Vamos viajar para divulgar o projeto, e daqui a quatro, cinco meses, lanço outro disco com o Paulo César Pinheiro, no qual,inclusive, cantarei. É isso: continuar trabalhando;, avisa.

* Estagiário sob a supervisão do subeditor Severino Francisco



Clube do Choro 40 anos
Clube do Choro (Eixo Monumental). Hoje, às 21h. Show com Yamandu Costa. Entrada: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). Não recomendado para menores de 14 anos.

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