Além da continuação de um filme de animação lançado há 14 anos, a produção da Pixar Os Incíveis 2, o circuito de cinema recebe outras oito atrações. Ainda na linha das continuações, Sicário: Dia do soldado oferece continuidade para o longa original lançado em 2015 e que obteve três indicações para o Oscar. No longa, os personagens de Benício Del Toro e Josh Brolin ressurgem ; numa trama reflexiva e sanguinolenta ; que trata de imigração ilegal e de desafios ente cartéis do tráfico de drogas.
Também na linha investigativa, o drama policial Berenice procura, outra estreia, coloca o personagem central (feito pela atriz Claudia Abreu ; leia entrevista) numa sinuca de bico, em meio à família desestabilizada. Em linhas bem diferentes, outros dois títulos propõem leveza: a comédia francesa 50 são os novos 30 se ancora no talento múltiplo de Valérie Lemercier, para contar das peripécias de uma solteirona, enquanto o filme nacional Além do homem (de Willy Biondani, leia entrevista) trata de revisão de valores para um escritor interpretado por Sergio Guizé.
Outras estreias
; Oh Lucy!
; Sexy por acidente
; Safári
; A vida extraordinária de Tarso de Castro
Duas perguntas /Claudia Abreu
Faltam avanços para personagens femininos no cinema nacional?
Cate Blanchett, ao ganhar o Oscar com Blue Jasmine, questionou a escassez de protagonistas femininas. Recentemente, houve essa espécie de ;primavera feminista;, de tolerância zero para abusos e assédios machistas. Por isso, celebro que, nesse filme, a mulher seja a condutora da investigação, sobretudo, porque se trata também de uma procura por si mesma.
O que Berenice ganha em libertação?
Berenice é uma mulher esvaziada de desejo, vive num deserto afetivo. Tem uma certa apatia e continua vivendo, não tem ânimo nem mesmo para cozinhar para a família falida. Berenice vive uma relação conjugal abusiva, opressora. Mas, aos poucos, vai se fortalecendo para se libertar dessa condição. A cumplicidade dela com o filho adolescente com questões sexuais também se aprofunda ao longo da história. É interessante acompanhar a transformação sutil pela qual Berenice passa.
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Duas perguntas / Willy Biondani
O público geralmente busca histórias com lógicas muito fechadas. Como é desafiar isso?
Acredito que, para cada história, existe um tipo de narrativa adequada. Acho que o cinema é uma experiência sensorial e, portanto, procurei traçar a subjetividade do protagonista. O filme trata de um homem que está desorientado, tentando exercer um papel que não lhe pertence, tal como a maioria de nós. Quis criar um universo lúdico para envolver o público numa experiência de reflexão sobre o Brasil e o rumo que tomamos culturalmente.
Quem são seus gurus artísticos?
A aventura de um longa é sempre única. Você se depara o tempo todo com a própria ignorância, mas prova o tamanho do seu desejo também. Nesse espaço incerto entre a ignorância e o desejo é que arte acontece. Somos feitos de referências e dos nossos sonhos. Garimpei dentro do meu Brasil. Quanto aos meus gurus, são muitos. No cinema, vou de Fellini, Tarkovsky, Kusturica e Wim Wenders; na literatura, Jorge Amado, Gabriel García Márquez e Fernando Pessoa.