No início do século passado, um pequeno instrumento de quatro cordas começou a se popularizar nos Estados Unidos. No Brasil, o instrumento havaiano foi conhecido nos anos 2000 e, segundo o ukulelista mineiro João Tostes, é frequentemente confundido com o cavaquinho. De acordo com ele, ambos foram originados da braguinha portuguesa. Visualmente, poucas coisas mudam: ;Muita gente diz: ;nunca vi um cavaquinho com cordas de nylon;;, destaca o músico.
João teve o primeiro contato com o instrumento em 2010. ;Um amigo levou o ukulele a minha casa e queria aprender uma música, eu não conhecia o instrumento nem a afinação, mas tirei a música pra ensiná-lo;, conta o músico, que à época já tinha conhecimento de violão e guitarra e é formado em música na Bituca (Universidade de Música Popular), em Barbacena. O vídeo de João tocando a música foi postado na internet a pedido do amigo, e a repercussão foi positiva.
Os internautas, interessados em aprender mais canções no ukulele, pediram para João postar mais vídeos. Dessa forma, nasceu o interesse do músico pelo instrumento. Após se formar na Bituca, decidiu se aprofundar nos estudos sobre o primo havaiano do cavaquinho.;Na universidade não tinha (e ainda não tem) o ukulele especificamente nas grades. Então, me formei em violão, enquanto paralelamente estudava e colocava nas bandas que eu participava, ao vivo e em gravações;. Hoje, João estuda na James Hill Ukulele Initiative (JHUI), no Canadá. O curso é à distância e dura três anos, com quatro encontros presenciais no país norte-americano.
A escassez de informação sobre o ukulele no Brasil, unida à repercussão positiva dos vídeos de João, motivaram o músico a criar um projeto para divulgar e compartilhar cifras, tablaturas, vídeo-aulas e outras informações. ;Havia uma lacuna muito grande no ensino e uma das formas que encontrei para ajudar a difundir o instrumento foi criando o projeto;, explica. Atualmente, a página do projeto no Facebook tem 26 mil curtidas.
No início de junho, João lançou o primeiro álbum de sua carreira e também o primeiro no Brasil com o ukulele como instrumento principal. Naturae é um disco instrumental e foi gravado pelo músico ao lado de Diogo Fernandes (baixo) e Felipe Moreira (piano). Das 10 canções que o compõem, duas são do baixista e outras duas do pianista. O CD pode ser ouvido pelas plataformas digitais e será lançado em versão física no dia 30, em Barbacena. Em julho, o trio viaja para se apresentar na Itália.
Em Brasília
Por meio do projeto Uke MPB, uma página no Facebook, o arquiteto e ukulelista Paulo Avelar divulga versões da MPB tocadas no instrumento. Ele comenta que um grupo de ukulelistas e entusiastas se reúne no Museu da República às sextas para tocar.
Há, ainda, o Ukeday, que eventualmente ocorre na cidade, em que há workshops, rodas de conversa e apresentações. A próxima edição está sendo planejada para o segundo semestre, com a presença de João Tostes, que deverá tocar em Brasília pela primeira vez.
*Estagiário sob supervisão de Severino Francisco