Adriana Izel
postado em 23/06/2018 07:00
Pesquisa recente do Spotify apontou que o funk teve um crescimento de mais de 3.000% no mundo. Entre as 10 músicas mais ouvidas do ritmo na plataforma de streaming, pelo menos duas têm o dedo do carioca Dennis DJ: Malandramente e Automaticante ; essa em parceria com MC Leléto e MC Maromba.
Dennis, ao lado de KondZilla e Yuri Martins, é um dos responsáveis pela disseminação do funk mundo afora. ;Sem dúvidas, fiz parte dessa evolução. Além de tocar e produzir, sempre apresentei programas de rádio e vi esse ambiente crescer. É bonito ver Anitta cantando com Gilberto Gil, ver Kevinho com Ivete (Sangalo), isso não seria possível há pouco tempo;, analisa em entrevista ao Correio.
Para Dennis, o principal mérito do funk foi o crescimento da profissionalização. Ele é dono de uma empresa que abrange áudio e vídeo, além de ser responsável por tudo que está relacionado ao projeto Baile do Dennis, que há cinco anos roda o país reunindo 100 mil pessoas e desembarca hoje em Brasília para edição no gramado do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. ;Aposto em qualidade, em profissionalismo. Hoje somos uma produtora de áudio e vídeo, gravadora, editora. Também empresariamos alguns artistas e damos nossa colaboração para o mercado evoluir;, conta.
Trabalho coletivo
Esse formato colaborativo e coletivo é outro ponto que tornou o funk um gênero forte. Assim como acontece no cenário eletrônico e no pop internacional, o ritmo brasileiro passou a apostar no chamado ;featuring;, as tais parcerias. ;Eu via os DJs gringos fazendo isso, misturavam diferentes vozes, produziam para outros artistas. Eu já tinha minha gravadora, conhecia muita gente do funk, mas queria expandir minhas fronteiras e fui talvez um dos primeiros a importar esse conceito que se alastrou por toda parte. Hoje virou quase um lance obrigatório para quem quer crescer uma audiência;, lembra.
Dennis DJ tem no currículo parcerias com diferentes gerações do funk, de MC Buchecha a MC Kevinho, e também com artistas de outros estilos musicais, como Marília Mendonça, Maiara & Maraísa, Lucas Lucco, Bruno Martini, Vitin (Onze:20) e Wesley Safadão. ;Acaba que toco em grandes festivais, rodeios e festas que têm artistas sertanejos, axé e forró no mesmo line-up. Foi surgindo amizade com a galera bem no momento em que o funk caiu no gosto de geral. O eletrônico sempre foi uma inspiração, David Guetta me mostrou como um cara como eu, acostumado a tocar para muita gente desde cedo, poderia evoluir nos palcos. Sou brasileiro, filho da mistura e minha música reflete um pouco de tudo no Brasil e no mundo;, explica.
Trajetória
Apesar do destaque nos últimos anos, Dennis tem mais de 20 anos de carreira dentro do cenário do funk. Ele deu os primeiros passos na música ainda na Furacão 2000, equipe de som, produtora e gravadora que produzia coletâneas de funk e promovia bailes nos anos 1990 no Rio de Janeiro.
Com apenas 15 anos, o DJ produzia e fazia mixagem de músicas que se tornaram clássicos naquele período, como Tudo é festa, de MC Marcinho, Tapinha não dói, de Naldinho e Beth, Cerol na mão, do Bonde do Tigrão, Adultério, de Mr. Catra, e Tô tranquilão, de MC Sapão. A partir daí, emplacou anos depois hits como Louca louquinha, de MC K9 e João Lucas & Marcelo, e Quando o DJ mandar, com Tarapí e Neblina.
E o segredo do sucesso? Dennis tenta definir: ;Tenho uma coisa que é tentar entender o que a galera curte, há algo que a música quer dizer. Uma letra que te diz algo, te provoca, uma melodia cativante e uma batida hipnotizante são alguns dos ingredientes de um hit vitaminado;.
Baile do Dennis
Gramado do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Hoje, às 23h. Com Dennis DJ, MC Kevinho, MC Kekel, MC Lan e G15. Entrada a R$ 241 (inteira) e R$ 121 (meia, com carteira estudantil ou 1kg de alimento). Valor de segundo lote e sujeito a alteração. Não recomendado para menores de 18 anos.
Três perguntas / Dennis DJ
Você começou cedo como DJ e produtor de funk. Como foi essa sua inserção na música?
Acho que já nasci com a música dentro de mim, lá em casa a gente tinha uma boa coleção de disco. Música nunca faltou, minha mãe me deu um LP da Furacão 2000 que ninguém tinha no bairro, uma equipe de som foi tocar lá, emprestei o disco e vi a galera dançar. Foi ali que o portal se abriu e entrei. Foi mais ou menos quando eu tinha 15 anos e nunca mais parei de viver de música e para música.
Você já gravou com praticamente todo mundo. Com quem ainda gostaria de tocar e gravar?
Quem me dera! Tô esperando a Madonna me ligar! Pena que Michael Jackson já partiu. A música tem infinitas possibilidades e estou aberto a todas. Quero fazer algo com Ivete Sangalo e Jorge & Mateus em breve.
Você estará no Brazilian day em Nova York. Como é pra você ter a oportunidade de levar o funk para fora do Brasil?
É uma viagem, pois o funk nasceu nos Estados Unidos (com o Miami Bass) e fazer esse caminho inverso é emocionante. O Baile do Dennis vai sacudir aquela ilha.