Adriana Izel
postado em 12/06/2018 07:28
Quando o cantor capixaba Silva se lançou na música em 2012 com o álbum Claridão, ele trouxe a influência da música internacional e da vivência fora do Brasil para sua sonoridade. Na época, o artista tinha 24 anos. Agora, prestes a completar 30 anos ; Silva faz aniversário em 3 de julho ;, o músico resolveu voltar às raízes brasileiras para dar corpo ao disco Brasileiro.
;Foi uma coisa que foi amadurecendo com o tempo. Sou de uma família de músicos. Sempre tive essa criação com muita música brasileira desde a mais erudita à popular. Mas depois passei por aquela coisa de adolescente, tinha muita MTV, muita influência da música gringa. Essa coisa do rap e do R ficou muito forte no começo do meu trabalho;, conta. Para Silva, a virada foi a proximidade com Marisa Monte quando lançou o álbum com repertório da cantora. ;Estar trabalhando e cantando com Marisa me influenciou muito a conhecer mais. Ela me apresentou muita coisa brasileira, cantar artistas como Novos Baianos, Tim Maia Caetano Veloso foi refrescando minha memória e me trazendo de volta a esse lugar que eu tinha deixado de lado;, explica.
Brasileiro é formado por 13 faixas, sendo 12 escritas por Silva, apenas Prova dos noves é de autoria de Dé Santos. Nas composições, Silva atuou ao lado do irmão Lucas Silva, que é o parceiro tradicional do cantor, e também nomes com Ronaldo Bastos (Ela voa) e Arnaldo Antunes (Milhões de vozes). ;As parcerias foram muito especiais, porque é uma coisa que eu já vinha experimentando. Tirando meu irmão, eu só tinha feito com a Marisa (Monte). O Arnaldo, a gente sempre ficava nessa de compor junto e o Ronaldo Bastos, eu também já gostava dele. Acho que ele é um gênero. Então, foi muito legal;, avalia o cantor.
Além das parcerias em composições, em Brasileiro, Silva faz um dueto com a cantora Anitta em Fica tudo bem, música que mostra um lado mais pop do artista: ;Quando o disco estava quase fechado, as pessoas que trabalham comigo falaram que poderia ter uma participação. Fui anotando pessoas que eu admirava, mas eu achava que a Anitta seria impossível. Ela foi superlegal, me respondeu no mesmo dia, mandou o vocal pronto. Foi e tá sendo especial;.
Correria
Em menos de uma semana do lançamento de Brasileiro, Silva começou a rodar o Brasil com a turnê do álbum. A capital federal está entre as cidades que receberá o show do cantor. Ele desembarca na cidade para duas apresentações em 10 e 11 de agosto, no Teatro dos Bancários, na Asa Sul. ;Está sendo uma loucura. É muito trabalho em pouco tempo, mas como tudo tem sido feito com muito cuidado, estou muito empolgado. Acho que (essa turnê) vai ser uma delícia;, comenta.
Nos shows da turnê, Silva apresentará o repertório do CD atual e também canções dos álbuns anteriores, porém, essas com uma nova roupagem. ;Não quero tocar com os mesmos arranjos antigos, quero trazer essas músicas para o momento agora;, adianta.
Sobre a apresentação na capital, Silva conta que está ansioso, por ser uma cidade onde ele tem um público cativo. ;Amo Brasília e a acho uma cidade louca, no melhor dos sentidos. (risos) Acho as pessoas interessantes. É uma cidade artística que sempre fui muito bem recebido. Foi uma surpresa quando fui com o show de Júpiter e tinha um público grande cantando todas as músicas. Depois voltei com a turnê da Marisa e toquei duas vezes em shows cheios;, lembra.
Brasileiro
De Silva. SLAP, 13 faixas. Disponível nas plataformas digitais.
Três perguntas / Silva
O que te motivou a cantar a brasilidade nesse novo disco?
Fora o momento que a gente vive, o brasileiro está com a autoestima muito baixa. Estamos vivendo tanta coisa ruim, meio detonados como povo, como nação. Uma coisa que eu gosto é tentar ser positivo no meio desse caos. Como músico, acho que poderia contribuir para que as pessoas ficassem menos agressivas. Acho que no meio disso tudo a gente pode ter um pouco de sorriso e de esperança. Não é que eu gosto de ser alienado, mas não gosto do pessimismo. A gente tem uma cultura musical conhecida em todo mundo, não podemos deixar isso de lado e querer imitar a indústria americana, ser o primo pobre da Beyoncé.
A participação da Anitta também foi uma forma de alcançar outro público?
Acho que quebra um pouco essa barreira. As pessoas acabam colocando a MPB num lugar elitizado e acho que não é por aí. A gente que é da música não pode desistir do público, ter essa arrogância. Acho que a gente está fazendo música para compartilhar com as pessoas e não tem nada dessa coisa para poucos. Estou feliz porque essa parceria amplifica o trabalho.
Você mora até hoje em Vitória e é comum a gente ver os artistas se mudaram para São Paulo e o Rio de Janeiro. Por que você nunca se mudou?
Esse é um ponto muito legal e importante. Eu cogitei morar em São Paulo. As pessoas ficavam me pressionando. Mas eu acho um pouco arrogante essa coisa do Rio e de São Paulo se acharem o centro da cultura do Brasil. Tem tanta coisa incrível sendo feita pelo Brasil todo. Hoje com tantas opções de voos, tantos meios de comunicação, não tem necessidade de estar ali. Eu gosto de ir e de participar, mas adoro morar em Vitória.