Conhecida por atuar na série Sexo e as negas, Maria Bia está agora em cartaz na comédia Não se aceitam devoluções, em que atua lado a lado com Leandro Hassum. Na produção, ela vive Meire, uma das amigas do protagonista. ;Fui convidada pelo assistente de direção do filme, Hsu Chein, com quem já tinha trabalhado em Sexo e as negas, para fazer a leitura de uma pequena personagem. Seria mesmo só uma participação. Durante a leitura, acabei lendo outros papéis que, a princípio, ainda não tinham os respectivos atores escolhidos. Um deles era a Meire. O diretor André Moraes gostou da minha leitura e, ao final, me convidou para fazer o papel. Foi uma felicidade muito grande;, conta.
Esse é o primeiro trabalho de Maria Bia no cinema nacional. Antes, a experiência da atriz era mais voltada à tevê, onde esteve recentemente fazendo uma participação no humorístico Brasil a bordo, e ao teatro ; até pouco tempo atrás ela estava em cartaz com a peça As loucuras que as mulheres fazem, que deve retornar em 2019 aos palcos.
A carreira começou ainda quando morava em Brasília. ;Antes de fazer o meu primeiro trabalho em São Paulo, que foi a Musical Miss Saigon, eu já tinha feito dois trabalhos em Brasília. O primeiro em 2015, no musical Rent. Meu próximo teste foi para o musical Grease, em 2016, quando peguei o papel da Rizzo, a antagonista da história. Depois, em 2017, já estava em São Paulo. Foi tudo muito rápido e avassalador;, lembra.
Nascida e criada em Brasília, ela se mudou da cidade há 11 anos. Na capital, se formou em jornalismo e chegou a trabalhar como assessora de comunicação. ;Minha família continua toda aí e alguns dos meus melhores amigos também. Então, minha relação com a cidade é muito próxima, apesar de que, algumas vezes, só consigo ir durante as festas de final de ano por causa dos trabalhos;, explica.
Sobre o principal trabalho da carreira, ela decreta: ;Sexo e as negas foi um dos grandes projetos da minha vida e eu só tenho orgulho e gratidão por tudo que ele me proporcionou como pessoa e artista. Foram conquistas que reverberam até hoje. Pra mim, a polêmica foi boba e desnecessária, pois a maior parte das reações vieram antes do programa começar. Puro preconceito;.
Entrevista / Maria Bia
O que você pode contar sobre a sua personagem no filme? E como foi atuar lado a lado com Leandro Hassum?
A Meire é uma mulher simples, dona de um quiosque na praia. Ela, junto com Luisinho, personagem de Zéu Britto, formam a dupla de amigos inseparáveis de Juca Valente, papel do Leandro Hassum. São esses os amigos que o conhecem de verdade e que o ajudam e apoiam no primeiro momento que ele se vê sozinho com um bebê deixado por uma antiga namorada. Leandro Hassum é um dos maiores responsáveis pelas minhas gargalhadas no set. É bem humorado, rápido nas piadas e improvisos, além disso foi muito generoso comigo que estava ali dando meus primeiros passos na sétima arte. Adorava escutar os causos dele, tanto nos ensaios como no set de gravação. Causos de quem sonhou, trabalhou e conquistou seu lugar. Com talento e perseverança. Ele tem uma história de vida inspiradora. Espero trabalhar mais vezes com ele.
Você esteve recentemente na série Brasil a bordo e já tinha trabalha com Miguel Falabella em o Sexo e as negas. Como é a sua relação com Falabella? O que pode aprender nessas experiências com ele?
Minha relação com o Miguel vem desde 2009 quando ele me escolheu para fazer uma das cantoras do trio Dinamites no Musical Haispray. De lá pra cá, nunca perdemos contato. Miguel é um cara incrível e generoso que sempre dá oportunidade para muita gente nova no mercado, ao mesmo tempo que também gosta de trabalhar com os amigos. Só olhar as produções dele que você vê isso. Vê essa mistura. Ele também é um grande contador de causos. Os momentos ao seu lado são de diversão e aprendizado porque tem sempre muito a dizer, ensinar e faz isso de uma maneira leve e bem humorada. Não tem como não amar aquele loirinho. Ele é irresistível! (risos)
Quando Sexo e as negas foi ao ar, houve muita polêmica. O que você pensa do projeto hoje? Tem algum arrependimento em relação a ele?
Sexo e as negas foi um dos grandes projetos da minha vida e eu só tenho orgulho e gratidão por tudo que ele me proporcionou como pessoa e artista. Foram conquistas que reverberam até hoje. Pra mim, a polêmica foi boba e desnecessária, pois a maior parte das reações vieram antes do programa começar. Puro preconceito! As protagonistas eram quatro mulheres negras que realmente tinham o protagonismo daquela produção nas mãos. Eram personagens ativas e donas das próprias histórias. Coisa rara ainda na teledramaturgia brasileira em se tratando de mulheres negras. Colocamos vários assuntos importantes na pauta de discussão como o racismo, feminismo e a sexualidade da mulher. E fizemos isso de uma forma muito bem-humorada que é marca registrado do Falabella. Estávamos ali com todo o nosso colorido, com nossos cabelos black power, representando e sendo referência para muitas mulheres. Sou muito orgulhosa de ter feito parte do projeto. Acredito que, junto com o Miguel que nos deu a oportunidade, fizemos história sim na teledramaturgia brasileira.
Estamos em um momento em que tem se falado muito sobre a representatividade feminina e negra no audiovisual. Como você, mulher negra, vê isso?
Eu não sei se essa situação está mudando e estamos tendo mais espaço ou se é mais uma vontade grande minha de que isso aconteça. Porque eu, sinceramente, ainda acho que tá bem pouco. Quero é mais! Em todos esses meus anos de trabalho artístico, não trabalhei nenhuma vez com uma diretora ou roteirista negra. Estamos inseridos em uma sociedade patriarcal e machista, então infelizmente as mulheres ainda têm menos acesso as produções audiovisuais. Também não vejo mulheres negras protagonizando filmes e séries aqui no Brasil. Vejo isso mais em produções norte americanas onde mulheres negras já assumem funções de protagonistas, roteiristas, diretoras e até produtoras. E isso é tão importante. Ainda temos muito o que conquistar por aqui. Mas o mercado está se expandindo com os canais fechados e, principalmente, com a Netflix que está investindo em produções locais. Torço para que agora, nessas novas produções, eles façam mais coisas com protagonismo negro. Estamos aqui! Olhem pra gente!! Temos artistas negros e negras muito talentosos, só esperando uma oportunidade para mostrar trabalho. Para mostrar a que vieram. E eu me incluo aqui!!
Você tem uma relação próxima com a música. Ainda faz trabalhos ligados a música?
Faço sim! Faço sempre. A música eu não abandono nunca. Nem ela me abandona. (risos). Atualmente faço vocal líder da Banda Salt Water Soul e também canto com o Jack Bauer Trio. Mas como boa empreendedora que quero ser, também já faço meus próprios projetos como o meu show em homenagem a cantoras negras de todos os tempos intitulado Black Magic Woman e meu trabalho autoral com banda, o Maria Bia e Os Gatos Extraordinários. Este nome eu tirei de uma música da Cássia Eller que é uma das minhas maiores referências musicais. Assistia todos os shows dela em Brasília. Com meus projetos solos também já faço vários eventos corporativos e até casamentos.
Novela
Antes de integrar a novela de João Emanuel Carneiro, Carol Fazu esteve em outras produções televisivas, como Insensato coração, Tapas e beijos e Sangue bom, essas últimas em participações. Cria do teatro, ela também começou a carreira em Brasília, primeiramente dedicada à música. Aqui ela estudou na Escola de Música de Brasília e ficou em cartaz com o musical Janis, de direção de Sergio Módena e texto de Digo Liberano, sobre a cantora Janis Joplin. Já no Rio de Janeiro estudou na escola de dramaturgia O Tablado. ;Saí de Brasília com 28 anos. Mas estudei, fiz faculdade, minha família e minhas amizades são todas daí. Vim ao Rio de Janeiro) porque fui entendi que devia ir para estudar e por conta dos trabalhos;, revela.
Apesar de ter deixado Brasília, todos os seus trabalhos têm alguma relação com a cidade. Quando foi convidada para Segundo sol e Insensato coração recebeu a notícia na capital. ;É meu lugar de origem e tão significativo. Nasci e cresci em Brasília. Estão as pessoas com quem eu convivi, é também uma cidade que me traz essa emoção;, completa.