Mesmo antes de se tornar conhecido por seus trabalhos musicais, o rapper Rashid tinha uma forte conexão com as palavras. Aos 12 anos, o pequeno Michel Dias Costa escrevia as próprias composições. O paulistano cresceu, se encontrou no universo do rap e, entre 2010 e 2018, lançou sete trabalhos musicais, como álbuns e EPs. Agora, as letras acharam um novo rumo na vida do artista. Neste mês de maio, Rashid divulgou o primeiro livro: Ideias que rimam mais que palavras – Vol.1.
Em entrevista ao Correio, o músico explica que a proposta é fazer um apanhado da discografia divulgada entre 2008 e 2014, período em que a carreira do paulistano começava a se solidificar. Em um formato singular, a obra apresenta trechos de músicas, acompanhados de comentários sobre as ideias e inspirações que ajudaram o rapper na composição das faixas de cada disco. As diversas letras do artista — que falam desde questionamentos sobre racismo e pobreza até declarações amorosas — são desmembradas no trabalho.
Rashid conta que música e literatura sempre andaram juntas: para o rapper, os livros são uma grande inspiração. Por isso, nada melhor que uma obra literária para falar sobre o ofício que o acompanha há cerca de 10 anos. “O livro fala sobre as histórias por trás das minhas músicas. Conto o por que eu escrevi determinado som, determinados trechos. Como minha música é inspirada na minha vida, acaba falando muito de mim também”, afirma. Além disso, a proposta do projeto é aproximar os fãs do músico, mostrando o lado real do artista. “Acaba trazendo essa coisa de humanizar o Rashid. Ele não é um super-herói e não é nada diferente de ninguém. Isso vai ficar muito claro em vários dos capítulos”, ressalta.
Três perguntas
Rashid
O livro conta a história da sua carreira. Essa sempre foi uma história que você teve vontade de contar?
Eu sempre quis contar essa história e, às vezes, a música é muito rápida para isso. Ela acaba rápido: em um disco, não dá para você falar tudo que você tem para dizer. Sempre tive vontade de falar sobre minha história. O livro não é uma biografia, mas tem essa pincelada sobre a história do Rashid. Achei que um livro seria um bom lugar pra conseguir contar mais coisas e estreitar um laço entre o Rashid e o público.
Que artifícios você utilizou para construir a narrativa do livro?
Os capítulos do livro são os discos e, dentro desses discos, temos subcapítulos, que são representados pelas músicas. Nesses subcapítulos, eu trouxe os principais trechos, trouxe vários dos trechos que acho que têm sentidos mais profundos. É claro que trouxe algumas músicas que acabaram ficando para trás. Tem muita música que eu gostaria que as pessoas tivessem dado bola, porque também têm um sentido importante.
Você tem planos para projetos literários futuros?
Acho que ainda é cedo, mas tenho pretensões. Esse livro é o volume um, ele vai do começo da minha carreira, em termos de lançamento, até 2014. Já tenho dois álbuns de lá para cá, já tenho mais material pra fazer um volume dois, mas não estou pensando nisso agora. Quem sabe até uma ficção? Depende de como as coisas andarem. Embarcar nesse mundo da literatura sempre foi um sonho, mas vai ser sempre um universo paralelo do Rashid. O carro-chefe sempre foi o rap.
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira