Adriana Izel
postado em 30/05/2018 07:20
A atriz Letícia Sabatella, 47 anos, é um dos nomes de destaque do audiovisual brasileiro. Multifacetada, além de ser conhecidas pelas boas interpretações, a mineira também é lembrada pela bela voz, que pode ser conferida em musicais e pelo ativismo político e social. Atualmente, ela está engajada na luta pela agroecologia, mas sempre se pronuncia também sobre feminismo ; até participou de um ;deitaço; em 2014 na capital federal ; e política em geral.
[SAIBAMAIS]Depois de se destacar como Delfina na novela Tempo de amar, de Jayme Monjardim, a atriz está em cartaz nos cinemas no filme Querida mamãe ; a convite de Roberto Dávila com quem trabalhou em Sessão de terapia ; em que divide a cena com Selma Egrei. As duas vivem mãe e filha com uma relação em crise. A história tem inspiração na peça homônima de Maria Adelaide Amaral. Mesmo assim, Letícia não para e está prestes a gravar a segunda temporada de Carcereiros, série que está em exibição na Globo.
O filme Querida mamãe é baseado numa peça homônima. Como foi apreparação para viver a Heloísa?
Eu me baseei no texto mesmo da Maria Adelaide do Amaral. E na sensibilidade. Tenho uma familiaridade afetuosa com ela. Dei uma cocriada pra compor a minha Heloísa também.
Quais são os grandes temas e mensagens de Querida mamãe?
São as quebras de expectativas que projetamos nas relações mais íntimas, no amor que pulsa sob cinzas cotidianas e que eclode em situações limites.
Como foi atuar e fazer cenas tão fortes ao lado de Selma Egrei?
É pura química entre mim e a Selma. Há muito entrosamento de alma! Foi um privilégio pra mim.
Querida mamãe foi lançado primeiro no projeto Projeta às 7. Para você, qual é a importância da valorização do cinema brasileiro?
A competição é desigual com o mercado americano no país. Isso em toda cadeia de produção até a distribuição. O Projeta é uma iniciativa importantíssima!
Como uma mulher bastante engajada, como você vê o espaço das mulheres hoje no Brasil? E no cenário audiovisual, em geral?
Necessita conquistas ainda. Com extrema e urgente necessidade. Maior espaço para todas as áreas. De roteiro, temáticas menos machistas, diretoras, bons papéis, boas histórias etc.
Você está bastante engajada nas redes sociais com o financiamento coletivo do IV Ena. Para você, qual é a importância de valorizar a agroecologia? O que seria interessante de as pessoas entenderem sobre o assunto?
Gravei o vídeo para o ENA bem esclarecedor mostrando que a agroecologia abrange várias causas, igualdade, sustentabilidade, cidadania, protagonismo do pequeno agricultor, da agricultura familiar e das mulheres do campo. É a maneira mais saudável de produção agrícola em sintonia com a ecologia, a preservação das florestas e dos rios. É democracia.
Estamos em um ano eleitoral e um período bastante conturbado no Brasil. O que você espera das eleições esse ano?
Muita atenção e discernimento são necessários. Estamos retrocedendo vertiginosamente em nossos direitos democráticos, neste momento. Há que se estar atento demais.
Há quatro anos, você se tornou viral ao deitar em um estacionamento em uma quadra aqui em Brasília e até participou depois de um ;deitaço;. Como você levou na época essa repercussão?
O ;deitaço; foi uma linda performance coletiva contra o fascismo moralista de fachada e o machismo. Foi um gesto poético divertidíssimo de solidariedade que marcou uma apresentação da Caravana e um lindo encontro presencial, além do movimento que houve nas redes! Foi lindo! Guardo pra sempre esta inusitada forma de abraço, de afeto, de apoio!
Ainda neste ano você estava na tevê em Tempo de amar. Como foi a experiência na novela? Tempo de amar foi muito especial por eu poder levar e contribuir para uma personagem maravilhosa que foi oferecida, a Delfina. O encontro com meu querido Jayme (Monjardim) e tantos diretores incríveis, o Tony (Ramos), mestre, os meninos novos, excelentes, os autores inspiradíssimos.
Tem projetos para retornar à tevê?
Agora ainda gravo a segunda temporada de Carcereiros, trabalho muito incrível e comovente! Apaixonada por todos os envolvidos, com a intensidade da minha personagem borderline. Lindo! E nos cinemas Querida mamãe! Texto baseado na peça primorosa da Maria Adelaide Amaral em que contraceno com atores incríveis e o mito Selma Egrei! Fazendo Piaf na Vida em Vermelho-Brecht e Piaf. Por aí vai! A mil e cheia de ideias!