Inspirados pelas ricas experiências vividas na estrada, com a sua caravana de arte-educação, a cia. Os Buriti decidiu criar o espaço propício para o 1; Encontro de arte-educadores de Brasília. O projeto reúne coletivos de várias regiões do Brasil e conta com palestras abertas ao público e atividades imersivas para os grupos selecionados.
O formato itinerante permite enriquecer a busca por novos diálogos, além de troca de experiências e metodologias entre artistas, estudantes, educadores e o público em geral. A vivência na estrada mostrou aos Buriti que a necessidade de criar um espaço de atuação artística ativa dentro das escolas é urgente. A ideia é que o projeto espalhe frutos em diferentes cidades, trilhas e regiões.
[SAIBAMAIS]
O encontro foi idealizado por Eliana e Naira Carneiro, mãe e filha, atrizes e integrantes do grupo que faz as vezes de anfitrião. No projeto, a busca principal foi por um perfil de grupos que tivessem um trabalho artístico sólido e que, paralelamente, desenvolvessem algum projeto ou pesquisa em educação.
;Queremos buscar diálogos nessa perspectiva do artista que não parou de criar, mas que está ciente que é preciso contribuir de alguma forma com a educação. E aí, cada um busca a sua maneira de dialogar com esse ideal, que pode ser formal, informal, dentro das escolas ou em praças;, destaca Naira.
A Caravana é composta por 23 estudantes de licenciatura em artes, selecionados via convocatória, seis grupos artísticos nacionais, equipe de produção e registro. Durante quatro dias, esse grupo todo vai conviver e debater sobre o fazer artístico e educacional.
Em cada cidade visitada, serão realizadas palestras em espaços culturais alternativos, onde cada grupo vai contar um pouco sobre a sua trajetória artística e educacional. As palestras serão realizadas pela manhã e são abertas ao público. Na parte da tarde, os grupos convidados ministram oficinas para crianças e jovens da rede pública.
Eliana Carneiro lembra que não se trata apenas de despertar o interesse pelas artes, mas, sim, de nos relacionarmos de forma criativa, com afeto, respeito, igualdade e alegria. ;Queremos que a criança se expresse, brinque, seja ela mesma, se descubra, se revele. Já aconteceu em várias das nossas caravanas que justamente as crianças tidas como desatentas ou indisciplinadas serem as mais concentradas ou participativas nas nossas atividades. Ou crianças que não falavam nada em sala de aula se expressarem livremente durante as oficinas ministradas;, destaca a atriz e educadora.
Eliana lembra que o ingrediente básico é o fortalecimento da expressão pessoal de cada um, permitindo o desenvolvimento de indivíduos que imaginam novos mundos e diferentes caminhos. No encontro, Os Buriti vão apresentar o Varal de histórias, uma aula-espetáculo que surge de uma brincadeira, uma contação de histórias e se transforma em processo criativo e colaborativo de descobertas de instrumentos musicais, danças, criação de histórias, desenho, canto.
Cada grupo convidado representa uma linguagem artística diferente. A música e as brincadeiras de mão, com Nélio Spréa (Parabolé Educação e Cultura - PA), o teatro de sombras com a Soledad Garcia e o Thiago Bresani (Cia Lumiato ; DF), as máscaras teatrais com Érika Rettl (Grupo Teatral Moitará ; RJ), a cultura popular brasileira com Schirley França e Maria Gomide (Cia Carroça de Mamulengos ; RJ/CE), a dança com a Deborah Dodd (DF) e, finalmente, a contação de histórias e a expressão corporal com a Cia Os Buriti. ;São muitas experiências distintas e enriquecedoras para trocar e compartilhar;, lembra Naira.
A ideia do grupo com o projeto é expandir as possibilidades da educação pública, permitindo que cada aluno possa viver, nas escolas, experiências significativas e criativas, colaborando com o desenvolvimento de cidadãos mais plenos, conscientes e diversos.
;Esse é o nosso ato político, acreditar no poder transformador das práticas das artes na educação. Arregaçar as mangas!”, afirma Eliana. O encontro cria uma oportunidade enriquecedora para que artistas e educadores dialoguem sobre suas pesquisas e fazeres na educação, pensando juntos em novas possibilidades.
Grande parte dos pequenos municípios brasileiros não tem acesso a espetáculos e outras modalidades do fazer artístico. É justamente a esses lugares distantes e à sala de aula que o grupo deseja chegar, percebendo a carência de atividades culturais. A ideia é criar um espaço de apreciação em diferentes linguagens (música, dança, teatro, histórias, circo, desenho) e também de criação, exploração e descoberta de potenciais.
1; Encontro de artistas e educadores de Brasília
No auditório da Biblioteca Nacional, dia 20/05, a partir das 16h. No Polo Cultural de Brazlândia, dia 21/05, a partir das 9h30. No Espaço Imaginário Cultural (Samambaia), dia 22/05, a partir das 9h30. No Espaço Cultural Sagrado Riso (Riacho Fundo I), a partir das 9h30. No CEM 111 (Recanto das Emas), dia 22/05, a partir das 13h15. Confira a programação completa no site do Correio. Entrada franca.
; Não é só arte, é afeto, amor, entrega, partilha. Criamos um ambiente descontraído, lúdico, criativo. As crianças se interessam, querem participar. É o segredo do olho no olho;
Eliana Carneiro