A experiência de adaptar para os palcos histórias e narrativas que fazem sucesso nas telinhas têm crescido entre os produtores de conteúdo. Atores, intérpretes e apresentadores de canais, principalmente com temática cômica, encontram no grande alcance das redes uma oportunidade para expandir as produções teatrais. Com audiência cativa na internet, eles investem em novas plataformas para dialogar com o público. Para Cátia Damasceno, fisioterapeuta e sexóloga, o palco é a melhor delas. Na comédia O que pode dar errado na cama?, ela leva para a cena um apanhado de histórias e experiências de mais de uma década de carreira. A ideia é quebrar os tabus a respeito da sexualidade feminina de maneira bem-humorada, direta e livre de preconceitos.
A sexóloga está à frente do maior canal do Youtube sobre sexualidade, com mais de 1,8 milhão de inscritos e mais de 100 milhões de visualizações. Outras especialistas, como Lalah Monteiro, mostram que o tema desperta grande interesse de mulheres de diferentes idades na plataforma. Cátia destaca que o objetivo é emponderar o principal público, as mulheres, através da própria sexualidade. ;Quando uma mulher se conhece, conhece seu corpo e suas vontades, ela é muito mais dona de si, da sua autoestima. Ela vai conseguir tomar melhores decisões na sua vida amorosa, não vai aceitar qualquer relacionamento porque sabe quem é e o que merece;, destaca.
A sexóloga enfatiza que o canal também é acompanhado por muitos homens, inclusive maridos de suas seguidoras e alunas. ;Quando os dois aprendem e se ouvem, os resultados são ainda melhores;. No canal, 14% do público é masculino e a maior parte das seguidoras tem entre 25 e 34 anos, sendo que uma parcela vai até os 55. A ideia é expandir ainda mais esse alcance e diversidade com a estreia no teatro. O espetáculo foi criado como uma possibilidade extra de quebrar barreiras e investir ainda mais no bom humor. A peça é um monólogo que reúne experiências e histórias dos últimos 15 anos de trabalho da sexóloga.
;Quero desconstruir mitos e tabus e levar para o teatro algo que não seja só para casais ou só para mulheres. Eu acredito que as pessoas precisam de mais informação, com um conteúdo que elas possam entender e se sentir acolhidas. Muita gente tem vergonha e até preconceito de falar sobre isso, mesmo sendo algo extremamente natural;, lembra Damasceno. Para adaptar as narrativas audiovisuais para o teatro, ela investiu em mais interatividade, colocando o público como parte fundamental do espetáculo. O conteúdo é inédito, com novas histórias, tanto pessoais quanto de alunas e seguidoras. ;Nosso objetivo é desconstruir tabus, então vamos falar de tudo mesmo;.
Para Cátia, a transição entre os palcos e as telas cria um cenário produtivo para expandir informação sobre o assunto para pessoas de idades, estilos e trajetórias diversas. ;Eu acredito que já evoluímos muito mas estamos longe de falar de sexualidade como deveria ser, de forma natural. Ainda há um caminho longo para percorrer;, lembra a sexóloga. O quadro de maior sucesso, e que rendeu boas histórias para a produção criativa, é o Cátia responde, com dúvidas enviadas por mulheres de diferentes regiões do país.
A liberdade de falar mais abertamente sobre o assunto tem alcançado também sucesso entre o público LGBTs. É o caso do espetáculo O sétimo andar, adaptado também para os palcos pelas mãos do ator Thiago Cazado. A peça foi inspirada em um curta-metragem homoerótico que mostra as relações de afeto e atração entre um casal de homens que trabalha na mesma empresa. A obra, que também é construída entre o humor e a informação, busca colaborar com a quebra de preconceitos e paradigmas em relações homoafetivas. ;O teatro é um espaço poderoso para abrir diálogos. Quando as histórias são bem construídas, se transformam em uma poderosa ferramenta de informação;, destaca.
Em comum, os projetos mostram o quanto a linguagem cênica pode dialogar e se adaptar ao conteúdo criado entre diferentes plataformas. Além disso, destacam a eficácia das narrativas feitas com humor e leveza para criar diálogos e transmitir informação para um público amplo e diverso.
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