Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Grupos de teatro fortalecem a criação autoral da cidade

Companhias teatrais se espalham com produções próprias por diversas regiões do Distrito Federal


Reconhecido por ser, em sua essência, uma arte coletiva, o teatro transita entre diferentes estéticas e formas de se expressar. Entre as inúmeras possibilidades, o trabalho se mistura entre a produção de grandes companhias, montagens individuais, seleções de elenco e o teatro de grupo, gênero que se fortaleceu e conquistou grande espaço na capital.

A organização formada por um núcleo de artistas que se unem em prol de um mesmo projeto estético e ideológico transformou-se na principal força motora da criação cênica em Brasília. Os grupos ganham espaço entre as salas de espetáculo, mostras e festivais, além de movimentar a cultura em regiões menos centrais.

Grande parte das produções é autoral e criada a partir da autoprodução, com divisão interna dos trabalhos como o de escrita, montagem, iluminação e interpretação. Grupos como o H2O, do Recanto das Emas, tomam para si a responsabilidade de fomentar a produção cultural.

Além de criar espetáculos próprios e transformar espaços da região em movimentados palcos e pontos de cultura, o H2O organiza o Festival Nacional de Teatro de Bolso do DF.

Ator e produtor do grupo, Kacus Martins conta que a ideia é atrair um público maior e mais diverso para as cidades-satélites. Para o grupo, isso representa a autonomia criativa das cidades que estão na periferia de Brasília e dos teatros de bolso.

O festival foi criado para fortalecer e valorizar a produção teatral das RAs, feita, essencialmente, pelos grupos locais. ;Queremos trabalhar na comunidade, oferecer oficinas gratuitas para formar novos artistas e aproveitar sempre a mão de obra da comunidade nos espetáculos como, por exemplo, costureiras, pintores, artistas plásticos e carpinteiros;, destaca o diretor.

;Nesses lugares, moradores, escolas e outras linguagens artísticas se integram, transformando as sedes em espaço público e comunitário;, afirma.

Convidados nacionais

É o caso do Espaço Semente, sede da cia. de teatro homônima, no Gama, que iniciou os trabalhos em 2007. Além da rica produção teatral, como a recente montagem de Macunaíma, que se estendeu por diferentes temporadas no DF, o grupo tem o próprio festival, convidando espetáculos da Bahia e de Goiás.

;Quando a centralização cultural é muito forte, aqueles que estão à margem, nas periferias, ficam sem voz, por isso a iniciativa desses grupos é tão importante;, destaca Valdeci Moreira, diretor e um dos criadores do Semente.

Luciano Czar, diretor e um dos fundadores da trupe Por um fio, que surgiu em 2009 em Planaltina, conta que percebeu um aumento de espectadores de outras regiões com o crescimento dos trabalhos da companhia. ;Vejo muita gente saindo do Plano Piloto e de outros lugares para assistir aos espetáculos aqui em Planaltina e isso é muito bom. Aqui no DF quase todo o trabalho é produzido pelos grupos;, destaca.

Diversidade

No palco, os artistas criam uma mistura entre teatro, formas animadas, circo e hip-hop, expandindo ainda mais o alcance das narrativas contadas em cena. A pluralidade de linguagens permite que um público mais diverso frequente as apresentações.Enquanto isso, no Plano Piloto, também é possível acompanhar uma profusão de estéticas que ocupam os palcos da cidade.

Os jovens intérpretes e criadores do grupo Tripé investiram no formato de grupo para dar início à carreira antes mesmo de conseguir se inserir no mercado. A inserção veio justamente pelo alcance dos trabalhos produzidos, que conquistam prêmios teatrais na cidade a cada nova montagem e pela qualidade e inovação que o coletivo busca implementar nos projetos. Destacam-se os trabalhos da cia. Plágio, com mais de 10 anos de circulação, e da Agrupação Teatral Amacaca, liderada pelo icônico Hugo Rodas.

Ou mesmo o provocativo grupo Liquidificador, que mistura diferentes linguagens e experimenta novos formatos de dialogar com o público. Em 2018, eles se uniram ao Novos Candangos e ao Sai (Setor de Áreas Isoladas) para expandir a produção e conquistar um espaço próprio, o coletivo Janela.

No Celeiro das Antas, criado em 1991, o principal foco dos artistas é investir na pesquisa e buscar de uma linguagem própria, e o Celeiro promove, durante todo o mês de maio, uma ocupação teatral na Funarte.

A diversidade se complementa com grupos como a cia. Os Buritis, que investe, desde 1995, na circulação de espetáculos e no teatro que se lança à estrada com foco na tradição popular de diferentes culturas.



Conheça alguns grupos do DF

Plano Piloto
; Cia. Burlesca
; Cia. Plágio de teatro
; Grupo Cena
; Agrupação Teatral Amacaca
; Grupo Andaime
; NoAto
; Liquidificador
; Cia. Infiltrados teatro de ocupação
; Cia. Casa de Ferreiro
; Grupo Tripé
; Coletivo Columna
; Os Buriti
; Cia. Lumiato de formas animadas
; Projeto Pés
; Trupe de Argonautas
; Cia. da Ilusão
; Teatro do Instante
; Andaime cia. de teatro

Outras regiões administrativas

; Arte & Cena ; Sobradinho
; H2O ; Recanto das Emas
; Grupo depois das Cinco ; Arniqueiras
; Trupe por um Fio ; Planaltina
; Cia. Semente de teatro ; Gama
; Mamulengo Fuzuê ; Samambaia
; Mamulengo sem fronteiras- Taguatinga
; Ohana teatral ; Fercal
; Cutucart ; Cruzeiro
; Nutra teatro ; Samambaia
; O Pueblo cio da arte - Paranoá

Infantil

; Mapati ; Asa Norte
; Neia e Nando ; Asa Sul
; Trupe Trabalhe essa ideia ; Asa Norte
; Coletivo Antônia
; Grupos de comédia
; Os melhores do mundo
; Cia. de comédia Setebelos
; G7 cia. de comédia
; Cia. 4 homens e meio