Irlam Rocha Lima
postado em 03/05/2018 07:00
Vivenciar a força e a expressão do feminino sob uma ótica mais lúdica. Essa é a proposta do projeto em cartaz, de hoje a domingo, no Centro Cultural Banco do Brasil. São quatro shows que promovem o encontro entre artistas de origens e gêneros diversos ; destaques da cena alternativa da música popular brasileira.
Sob o título Feminino, a série busca pontuar o universo de cada participante, a partir do trabalho que realiza. ;A intenção é produzir um antídoto de resiliência diante do momento mundial de tensão, carregado de insegurança e medo, suscitando ao público uma consciência potente, mas amorosa e pacífica;, afirma Débora Ribeiro Lima, idealizadora do projeto ao lado de Dani Godoy.
Nesta quinta, às 20h, na abertura da programação, Xênia França tem como convidadas Assucena Assucena e Raquel Virgínia, vocalistas trans do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira. Amanhã, também às 20h, Anelis Assumpção recebe Tulipa Ruiz. Sábado, no mesmo horário, Alice Caymmi divide o palco com Jaloo; enquanto no encerramento, domingo, às 19h, Badi Assad tem, em cena, a companhia de Tiê.
Baiana de Camaçari, radicada em São Paulo há 14 anos, Xênia França faz um tipo de música, vista como afropop, na qual utiliza tambores e ambientações tribais, com versos marcados pela forte religiosidade que dialoga com a cultura Iurubá. Integrante do coletivo paulistano Aláfia, ela é protagonista do show de abertura do Feminino.
Em 2017, Xênia lançou seu primeiro disco, com músicas autorais, como Pra que me chamas? e Preta Yayá, em que a letra diz: ;Música preta, sou teu instrumento/ Vim pra te servir...; No repertório foi incluída Respeitem meus cabelos brancos, de Chico César. ;Vou aproveitar este show em Brasília, onde já estive, para participar do projeto Satélite, e lançar o meu CD de estreia. Vai ser um prazer ter As Bahias, com quem já dividi o palco em São Paulo;, disse a cantora. Recentemente, Assucena Assucena e Raquel Virgínia participaram de outro projeto na capital, no Teatro da Caixa.
Ascensão
Filha do saudoso Itamar Assumpção, cantor, compositor e ícone do movimento Vanguarda Paulistana, que teve forte ligação com a cidade, Anelis Assumpção presta tributo à irmã Serena, morta em 2016, aos 39 anos, no segundo show do Feminino, amanhã. ;Levo para o projeto do CCBB o show que tem por base o Ascenção, álbum que minha irmã deixou pronto. É um trabalho que traz cantos dos orixás. Como foi feito com muita delicadeza, pode ser ouvido e apreciado mesmo por quem não é afeito à religião de matriz africana;, destaca.
Anelis veio à capital outras vezes e, segundo ela, sempre teve acolhida carinhosa do público. ;Acredito que a boa relação do meu pai com os brasilienses contribuiu para isso. Agora, estou de volta com Ascenção, tendo a Tulipa, por quem tenho grande admiração, ao meu lado. Como o pai dela fazia parte da banda de Itamar, nos tornamos amigas ainda na adolescência;, lembra. Entre os artistas originários de São Paulo, Tulipa Ruiz é a de presença mais frequente nos palcos candangos.
De volta a Brasília, depois de apresentação no ano passado, na festa Mimosa, Alice Caymmi vem mostrar um novo trabalho, registrado no Alice, seu terceiro CD. ;É um disco mais pop, em que predominam composições autorais. Em algumas delas tem a participação de Pabllo Vittar (Eu te avisei), Ana Carolina (Inocente) e Rincon Sapiência (Inimigos). Vou cantar todas no show, que tem também músicas do Rainha dos raios;, anuncia.
Jaloo, o convidado de Alice, disse ao Correio que foi aqui, que deu início à carreira de cantor. ;Fui a Brasília em 2012 participar do projeto Invasão Paraense, no CCBB, como DJ. Naquela apresentação, comecei a cantar. Depois, voltei para tomar parte em outros eventos. No Feminino, estarei ao lado de Alice, uma querida. A gente se curte muito. Vou cantar músicas como Ahdor!, e Pra pararará, do meu primeiro álbum; e o novo single, Goodbye."
A suavidade da música de Badi Assad e Tiê pode ser apreciada no encerramento do Feminino, domingo, às 19h. No show, Badi passeia por seu extenso repertório, originário de 16 discos. O mais recente é Singular, de 2016. Tiê lança Gaya, quarto disco, que saiu no fim de 2017.
Feminino
Projeto com quatro shows: hoje, às 20h, Xênia França e As Bahias; amanhã, às 20h, Anelis Assumpção e Tulipa Ruiz; sábado,
às 20h, Alice Caymmi e Jaloo: domingo, às 19h, Badi Assad e Tiê. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). No Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Sul). Não recomendado para menores de 12 anos. Informações: 3108-7600.