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Clássico do cinema, '2001: Uma odisseia no espaço' completa 50 anos

A obra influenciou grande parte do cinema do gênero e tornou-se referência

Alexandre de Paula
postado em 01/04/2018 07:00
2001: Uma odisseia no espaço

Há 50 anos, o homem ainda não tinha ido à Lua, mas já poderia imaginar como seria se fosse. Isso porque, visionários, o cineasta Stanley Kubrick e o escritor Arthur C. Clarke tiveram a audácia de criar uma narrativa em que, com tons realísticos, o ser humano, entre outros feitos, chegava ao satélite. De fato, a visão de Kubrick não difere tanto da real. Não por acaso, teóricos da conspiração juram que imagens da chegada da Apolo 11 e de Neil Armstrong à lua, em 1969, foram uma produção feita em estúdio pelo diretor.

Polêmicas conspiratórias à parte, 2001: Uma odisseia no espaço revolucionou o cinema não só pelos efeitos visuais deslumbrantes, mas também pelo tom filosófico e desafiador da narrativa e pela riqueza da produção assinada por Kubrick, diretor de outros clássicos, como O iluminado e Laranja mecânica.

Amanhã, 2001 completa 50 anos. Depois de cinco décadas, o clássico de Kubrick permanece instigante, aberto a várias interpretações e influenciando novas produções de ficção científica.

Barreiras

No início, porém, a aceitação não foi imediata. Talvez pela complexidade, talvez pela inovação, alguns críticos, como Renata Adler, do The New York Times, e Judith Crist, da New Yorker, chamaram o longa de monótono, sem imaginação e pretensioso.

Na premiere de 2001, metade do público deixou o cinema no meio da sessão sem entender do que se tratava o filme e perdida com as referências visuais e filosóficas da obra de Kubrick. Conta-se que, entre os que deixaram o cinema estava o ator Rock Hudson, que teria dito: ;De que diabos trata esse filme?;.

Mas não demorou muito para a visão sobre o longa mudar. A exuberância e a profundidade influenciou praticamente todas as obras de ficção científica espaciais que vieram depois. George Lucas, pouco antes do lançamento de Star Wars, falou sobre a grandeza de 2001 em uma entrevista.

;Stanley Kubrick fez o filme de ficção científica final, e vai ser muito difícil para alguém vir e fazer algo melhor, tanto que estou preocupado. Em um nível técnico, Star Wars pode ser comparado, mas, pessoalmente, eu acho que 2001 é muito superior.;

O início

O roteiro de 2001 foi inspirado em um conto de Arthur C. Clarke chamado O sentinela. O escritor contou como ele e Kubrick chegaram à escolha do texto que deu base ao filme. ;Stanley disse: ;Eu quero fazer um bom filme de ficção científica;. Então, passamos por todos os meus contos para ver o que daria um bom filme. Nós paramos em cerca de seis;, disse em entrevista ao The New York Times.

;Uma por uma, nós jogamos fora as histórias. Eventualmente, ficamos em apenas duas delas. Uma era O sentinela e o outro era Encontro no amanhecer, na qual uma nave espacial aterrissa antes que o homem existisse e os viajantes encontrassem os macacos humanos. Nós iríamos originalmente chamar o filme de How the solar system was won (Como o sistema solar foi ganho, em tradução literal);, completou.

Os significados

Difícil e incompreensível são alguns dos adjetivos que parte do público costuma dedicar a 2001 ao vê-lo pela primeira vez. Arthur C. Clarke chegou a afirmar que: ;Se alguém entender isso na primeira visualização, falhamos em nossa intenção;.

Kubrick não concordava com a frase do escritor. ;A própria natureza da experiência visual em 2001 é dar ao espectador uma reação instantânea e visceral que não exige ; e não deve exigir ; amplificação adicional;, disse em entrevista à revista Playboy americana sobre o longa.

O diretor se recusava a tentar explicar qual o sentido do filme justamente por acreditar que 2001 se trata de uma experiência não verbal. ;De duas horas e 19 minutos de filme, há apenas um pouco menos de 40 minutos de diálogo. Eu tentei criar uma experiência visual, que ultrapassa a classificação verbalizada e penetra diretamente no subconsciente com um conteúdo emocional e filosófico.;

2001 deveria ser, para o diretor, entendido como música, sem precisar de maiores detalhes além da própria obra. ;Porque explicar uma sinfonia de Beethoven seria enfraquecê-la;, justificou Kubrick.

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