Alexandre de Paula
postado em 13/03/2018 07:15
Foi em janeiro de 1980 que Renato Russo, Fê Lemos e André Pretorius subiram ao palco pela primeira vez com o Aborto Elétrico, no bar Só Cana, no Gilberto Salomão. A banda punk, que surgiu da empolgação de três adolescentes, mudou a música brasiliense e se tornou o ponto de partida para um movimento que alcançaria o país inteiro.
A história do Aborto Elétrico, no entanto, começa um pouco antes. Quarenta anos atrás, em 1978, quando os adolescentes Renato e Fê se conhecem em uma festa e se tornam amigos pelo improvável gosto em comum, o punk rock, movimento que já fazia a cabeça dos jovens na Inglaterra, mas era praticamente desconhecido no Brasil e em Brasília.
Além da paixão pelo punk, Renato e Fê tinham o desejo de fazer música e de ter a própria banda. ;Quando conheci o Renato, eu encontrei um cara que também queria fazer uma banda de punk rock;, lembra Fê. Segundo o hoje baterista do Capital Inicial, A vontade se materializou quando Renato recrutou o guitarrista sul-africano André Pretorius. ;Então, juntou baixo, bateria e guitarra e a gente começou a ensaiar na Colina (área onde os professores da UnB residiam) no final de 1978.;
O nome
Foi também naquele ano que ocorreu a reunião que decidiria o polêmico e inusitado nome da banda. Muito se fala de uma possível lendária referência a uma moça que sofreu aborto depois de um choque de cassetete dado por um militar em uma manifestação contra a ditadura, mas, segundo Fê, a história é mais prosaica.
Renato, André e Fê marcaram uma reunião embaixo do Bloco A da Colina da UnB, onde a família de Fê Lemos morava, para decidir como seria batizado o grupo. Fê tinha ouvido falar de uma banda americana obscura chamada Electric Flag (Bandeira Elétrica) e a ideia da eletricidade ficou na cabeça.
;Tijolo elétrico;, sugeriu a Renato e André, que olharam com cara de ;nem pensar;. Em um estalo, porém, o sul-africano rebateu com o novo nome. ;O André deu um pulo e falou: ;Vamos chamar de Aborto Elétrico;. E aí a gente se olhou e disse: ;Esse é o nome;;, conta Fê.
No palco
Em 1979, o Aborto sofreu uma baixa. Pretorius voltou à África do Sul para servir o exército do país e a banda ficou sem guitarrista. ;A gente procurou e tentou vários outros por uns seis meses, mas ninguém sabia tocar punk rock;, recorda Fê. No fim do ano, Pretorius veio passar o Natal em Brasília e os amigos se juntaram para tocar novamente.
Renato se esforçou e conseguiu o show no Só Cana. As histórias em torno da apresentação são muitas. Uma delas é de que Pretorius quebrou a palheta, cortou os dedos e tocou mesmo sangrando. Mais punk, impossível!
Fê Lemos vestia um casaco de lã por cima da camiseta e sentia muito frio. O baterista ainda não sabia, mas estava com sarampo. ;Amanheci cheio de manchas vermelhas no corpo e, no dia seguinte, nós tocaríamos de novo, mas não nos apresentamos, para desapontamento do Renato e do André. Eles passaram lá em casa e eu estava debaixo de cobertor e disse que não conseguiria ir.;
Muito tímido, Renato ainda não cantava e o Aborto tinha cinco ou seis músicas instrumentais. ;A gente repetiu umas três, quatro vezes cada uma e juntou uma galera que nunca tinha ouvido aquilo antes. Estavam lá amigos e o pessoal da Blitz 64, mas eram poucas pessoas que conheciam o Aborto até então.;
A apresentação no Gilberto Salomão foi a primeira e a única de Pretorius, que voltou para a África do Sul. Ele morreu em 1987 de overdose de heroína, já na Alemanha.
Muito barulho
O Aborto passou meses procurando um substituto para Pretorius, mas o que viria ser a clássica formação da banda surgiu quando Flávio Lemos, irmão de Fê, assumiu o baixo, Renato foi para a guitarra e, pronto, o Aborto podia se apresentar novamente.
Com a proposta de chegar e tocar, o Aborto fez barulho e chamou a atenção. O estilo era diferente do que se costumava ouvir e se conectava mais com a vivência dos jovens brasilienses naquele momento.
;Diferente do que a gente ouvia antes, que eram letras com coisas esotéricas ou sobre assuntos que você não entendia, o punk, com a sua urgência e com a questão da vida do jovem na cidade, falava mais diretamente a mim;, diz Fê.
O punk, assim como aconteceu na Inglaterra, se tornou uma música que dialogava com o contexto do momento e era uma alternativa aos estilos até então dominantes. ;Nosso tema maior era elevar o indivíduo acima da massificação. Enquanto a juventude se perdia na mesmice da discoteque, nós nos propúnhamos a trabalhar com ideias. Sim, porque os punks lidam com ideias. Nossas letras falavam de aborto, sexo, política, droga, violência, hipocrisia;, destacou Renato Russo em uma entrevista ao Correio, em 1983.
Rock visceral
Autor de O diário da Turma, 1976-1986: A história do rock de Brasília, Paulo Marchetti acredita que o punk ganhou força por se aproximar mais dos jovens naquele período, até porque o rock antes estava cada vez mais complexo e elaborado.
;O punk quebrou isso. O rock começou a ficar chato, muito barroco, cheio de fru-fru. Tudo muito difícil e distante do público, do moleque roqueiro que tinha sonho de também ser roqueiro. O punk veio com a ideia de ;só quero fazer um som; e mostrou que bastavam poucos acordes para fazer algo legal;, avalia Marchetti, ele mesmo vocalista de um dos grupos do anos 1980, o Filhos de Mengele.
Baixista da Plebe Rude e amigo de André Pretorius e Fê Lemos, André Mueller também reconhece no Aborto um grupo que abriu portas para as novas bandas. O Aborto mostrou que era possível fazer algo naquele momento que não era MPB e que era música para os jovens. Vivíamos numa época em que ou você era de esquerda e fazia MPB ou era um caretão de direita, não existia meio termo. Os punks sempre foram a terceira via (ou via nenhuma). E o Aborto era isso.;
Autor do livro Renato Russo ; O filho da revolução, o jornalista Carlos Marcelo acredita que o Aborto fez o rock de Brasília entrar em uma nova fase. "Até então as bandas eram mais influenciadas pelo som progressivo e pela MPB. O Aborto estabelece uma conexão direta com o que estava acontecendo lá fora, com a crítica social e política, e isso é expresso nas letras", explica.
Foi no verão entre 1981 e 1982 que o Aborto começou a ruir. Fê e Flávio Lemos viajaram para passar as férias e Renato ficou em Brasília. Em janeiro de 1982, lembra Fê, houve um convite para o Aborto tocar em um festival e Renato topou mesmo sem os parceiros de banda na cidade.
Outra estrada
Era o início do Trovador Solitário, dos shows que Renato fez só com voz e violão e que tinham canções como Faroeste caboclo e Eduardo e Mônica. Quando Fê e Flávio voltaram das férias, Renato já não queria mais tocar na banda.
Na opinião de Fê, Renato queria alcançar um público maior. ;O que eu acho é que o Aborto era muito querido pelos fãs, mas fora deles não era bem-visto pela comunidade cultural brasiliense;, acredita. ;Renato entendeu naquele momento que ele já era maior que o Aborto e que o Aborto era uma camisa de força para ele como artista. Ele percebeu que já tinha condições de andar com as próprias pernas e fazer a banda dos sonhos.;
Carlos Marcelo aponta que o Aborto, para Renato, foi uma etapa. "Ele percebeu que era preciso absorver influências mais variadas em sintonia com o que acontecia lá fora, ele acompanhava o movimento internacional e ampliou suas referências. O Aborto é uma pedra fundamental, um alicerce, mas tinha um momento para acabar."
Flávio e Fê se juntaram ao guitarrista Ico Ouro Preto e seguiram ensaiando. Num show marcado para o Centro Olímpico da UnB em 1982, Ico não apareceu. Tinha medo de palco e desistiu de tocar. O local estava cheio e Renato fazia parte do público.
Fê chamou Renato para tocar com o Aborto uma última vez. E Renato topou. ;Foi uma catarse, um momento épico. Pela primeira vez, a gente viu um grande público para uma banda que costumava tocar na calçada. Todo mundo cantou Que país é esse?. Foi um final bonito e emocionante. O Aborto ali cumpriu o seu papel na história da música brasileira;, detalha Fê. ;A partir daí, o que cabia era começar uma nova banda, não parar, não desistir, mas tocar e criar um novo grupo, e foi isso o que aconteceu com o Capital Inicial e com a Legião Urbana.;
Entrevista/Fê Lemos
Quando Fê Lemos voltou da Inglaterra, em 1978, com os discos de punk na bagagem, logo se juntou a Renato Russo no sonho de criar uma banda de rock em Brasília. O Aborto Elétrico durou pouco, mas não poderia ter dado tão certo. Abriu portas para diversas bandas, fundou o punk brasiliense e dele saíram Capital Inicial e Legião Urbana, que estouraram nacionalmente nos anos 1980. Em entrevista ao Correio, Fê lembra diversas passagens e detalhes daquele período, do início ao fim do grupo que mudou (e moldou) o rock brasiliense.
Como vocês se juntaram na banda? Você, Renato e André Pretorius...
Quando eu conheci o Renato, eu encontrei um cara que queria fazer uma banda de rock. E eu também queria tocar. A gente queria fazer uma banda, mas ela só se materializou quando o Renato conheceu o André Pretorius, porque o André tocava guitarra e também queria fazer uma banda. Então, a gente começou a ensaiar na Colina no fim de 1978.
A ideia e a gênese do Aborto vêm no fim de 1978, então...
Vêm exatamente do encontro desses três amigos. Foi no segundo semestre de 1978 que a gente teve a reunião em que decidimos pelo nome da banda e os primeiros ensaios também aconteceram no final de 1978.
Por que o punk conquistou vocês? E como a atitude do punk se relacionava com aquele período de ditadura e tudo mais?
No meu caso, era um jovem e ouvia rock progressivo antes, ouvia heavy metal, ouvia Beatles, (Rolling) Stones. Estava muito ligado a isso, mas quando eu ouvi punk pela primeira vez, eu fiquei em choque, porque era uma música tão simples e direta. Na primeira vez que eu ouvi Ramones, achei ruim, mas quis ouvir de novo e ouvi mais três vezes e aí já não estava mais achando ruim. Pelo contrário, estava sentido a urgência daquele rock e a ligação dele com aquilo que eu estava vivendo. Assim foi com o punk rock na Inglaterra. Eles tinham uma ligação com o tempo que a gente estava vivendo.
Essa urgência do punk tinha a ver também com o que vocês queriam dizer?
Sim. Aí as letras falavam sobre a vida daquele momento, eram coisas diretamente relacionadas com a sua vida. Diferente do que ouvia antes, que eram letras com coisas esotéricas ou sobre assuntos que você não entendia diretamente. O punk falava mais diretamente a mim. Em Brasília, quando o Renato começa a cantar, em 1980, as letras dele também são urgentes, são sobre a cidade, sobre o contexto político e social. A gente conseguiu, com o Aborto, criar uma banda com som punk, original, inspirada naquelas, mas, com um texto que era brasileiro, aí vem o grande mérito do Renato. Além da crítica, havia questões existenciais, ditas de uma maneira que eu nunca tinha ouvido no rock brasileiro.
Fala-se muito das histórias da baquetada e da letra de Química como fatores para o fim da banda...
Aquilo era bobagem. Inclusive, a baquetada aconteceu no final dos anos 1980, bem antes do fim mesmo. E foi um evento menor na nossa história. Foi só uma briga entre amigos. Eu, claro, me arrependo muito até hoje, não acho que tenha que jogar nada em ninguém, não é por aí. Mas o Renato era um cara extremamente difícil. Nesse dia, em particular, ele sumiu e me deixou com o Flávio montando equipamento e depois ele apareceu com a tal oração para o John Lennon. Eu pensei: ;Que filho da mãe, podia ter falado com a gente;. Então, nessa história, eu também vi que o Renato tinha agenda própria. Mas, de novo, a baquetada não tem nada a ver com o fim da banda.
Com o último show no Centro Olímpico, em 1982, vocês definiram que não continuariam sem o Renato, de fato, e começaram um novo caminho...
Com esse show ficou claro que sem o Renato não existia Aborto, sem ele, que era o principal autor, o cara da voz, era uma banda sem carisma. O que cabia era começar uma nova banda, não parar, não desistir, mas tocar e criar um grupo novo e foi isso o que aconteceu. Quando a gente começa o Capital, não tem nada a ver com o Aborto. Já é algo mais funkeado, com guitarras limpas. O Capital começa a criar uma nova sonoridade que eu achava mais bacana. Então, não fica um peso por isso, mas claro que fica uma perda pelo fim do relacionamento diário com o Renato.
Artigo// O zeitgeist dos anos 1970 em Brasília
Por Olímpio Cruz Neto
Especial para o Correio
Especial para o Correio
Em junho de 1977, estudantes da Universidade de Brasília decidiram promover um ato para lembrar a morte do estudante Edson Luiz, assassinado por policiais militares em 28 de março de 1968 no restaurante estudantil do Calabouço, no Rio de Janeiro.
O reitor da UnB, o capitão de mar-e-guerra José Carlos Azevedo, literalmente a mão de ferro da ditadura militar no câmpus, não teve dúvidas. Acionou a polícia para reprimir de maneira hostil o protesto. Reza a lenda que uma estudante, agredida pela PM naquele momento, acabou sofrendo um aborto por conta da violência desmedida. A lenda serviria de pretexto para batizar a banda que é o zeitgeist desse período: o Aborto Elétrico.
O ambiente de brutos coturnos, batidas da polícia do Exército e repressão severa foi o caldeirão para a primeira manifestação artística genuína do cerrado: o rock brasiliense. À frente desse turbilhão sonoro e de ideias, Renato Russo nem sabia, mas já era o mais original autor do rock brasileiro.
Antena de sua geração, Renato escreveria, a partir de 1978, alguns dos versos mais contundentes da juventude pós-64, denunciando o ambiente de terror e saudando os novos tempos advindos com os estertores da ditadura.
Nascido no Rio, Renato Manfredini foi criado na 303 Sul, em Brasília, a partir de 1973, no auge da ditadura militar. Chegou justamente quando ;desaparecia; o líder estudantil Honestino Guimarães, assassinado nos porões dos quartéis.
O Aborto Elétrico é a mais perfeita síntese do espírito punk em terra tupiniquim, aliando a rebeldia e inquietude juvenis ao desespero para desvelar os olhos e ouvidos àqueles que nem sabiam, mas precisavam respirar novos ares.
Muitas das canções mais fortes da primeira geração do rock brasiliense a ganhar o país nos anos 1980 foram compostas entre 1978 e 1982. Renato fez nesse período Música urbana e Fátima, ambas gravadas pelo Capital Inicial, Tédio (Com um T bem grande para você), Geração Coca-Cola e Que país é este?, do repertório inicial da Legião Urbana, e outras pérolas. Todas realizadas quando o jovem Manfredini tinha entre 18 e 22 anos.
A canção mais impactante do Aborto, na minha opinião, nem está entre as mais tocadas, mas mostra um jovem absolutamente sagaz e genial. Trata-se de Conexão amazônica, cujos versos iniciais revelam um poeta conectado com o espírito do seu tempo: ;Estou cansado de ouvir falar/ Em Freud, Jung, Engels, Marx/ Intrigas intelectuais rodando em mesa de bar...; Entre gritos de ié-ié-ié e tambores tribais, o recado é direto: ;Uma peregrinação involuntária talvez fosse a solução/ Autoexílio nada mais é do que ter seu coração na solidão;.
Difícil encontrar alguém, mesmo agora, capaz de cometer poesia tão certeira e contundente, soando original e ao mesmo tempo tão sensível. As letras de Renato são uma aposta na inteligência da juventude, arriscando uma cumplicidade graciosa com o ouvinte. É isso que explica por que, 40 anos depois de realizadas, as canções do Aborto Elétrico não envelheceram e seguem ainda tão populares.
* Olímpio Cruz Neto é autor do livro Playlist ; Crônicas sentimentais de canções inesquecíveis, à venda na Amazon
Depoimento// No aborto, a luz
Por Paulo Pestana
Especial para o Correio
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O Gilberto Salomão era o que havia. Boates, bares e restaurantes movimentavam o centro comercial, ainda uma construção simples, quase acanhada. Os bacanas iam ao Gaff; os descolados, ao Kako ou Shalako, os jovens e duros se satisfaziam com as batidas do Só Cana.
Foi na frente daquele muquifo que o punk rock deu as caras em Brasília. Sem anúncio, três rapazes montaram instrumentos e aparelhagem, filaram uma tomada e tocaram com uma fúria que não conhecia paralelo naqueles dias ; no final, pouco mais de meia hora depois, se anunciaram: nós somos o Aborto Elétrico.
Ninguém entendeu muito bem. O Só Cana era uma espécie de centro de abastecimento de coragem para quem iria tentar a sorte com as mocinhas ; a bravura vinha em copos plásticos; não era lugar para ouvir música. E ninguém tinha a menor ideia do que era punk.
Mas tinha claque. Com o trio vieram mais algumas pessoas da tribo que provocaram uma pacífica arruaça com uma dança meio estabanada. Os outros frequentadores pararam para ver e ouvir aquela gente estranha. Mas ninguém dançou.
Por muitos anos, Renato Russo ; o baixista daquela formação ; espalharia que o guitarrista André Pretorius tocou com a mão direita sangrando porque estava sem palheta. Pode ser verdade, mas a audiência não notou. O baterista era Fê Lemos.
Não há maiores registros daquela apresentação. O repertório foi emprestado dos punks ingleses, o som era muito ruim, praticamente inaudível, mas o objetivo foi atingido: fazer barulho, bagunçar o coreto.
Aliás, mais tarde, no antigo coreto do Gilberto Salomão ; que não existe mais ; outras bandas punk estrearam.
Com o nascimento do Aborto, surgiu uma legião de punks ; de uma hora para outra, cabelos foram coloridos, rostos eram furados com piercings, garotos passaram a usar maquiagem, garotas saíam com roupas rasgadas; como pombos, andavam em bando.
Os shows continuaram sendo feitos sem aviso e quase sempre para o mesmo público; a face mais visível do grupo eram as pichações espalhadas pelas superquadras da Asa Sul ; AE. Era a retomada da estratégia de um grupo seminal do rock brasiliense, que deixava sua marca nos muros da cidade: A Margem.
Nunca mais vi o Aborto Elétrico; anos depois, Russo já tinha a Legião Urbana e os irmãos Lemos criaram o Capital Inicial com Dinho Ouro Preto. Mas aí a história era bem outra, e as bandas procuravam uma linguagem própria ; a chama punk ainda iluminava, mas não queimava mais. Mas foi desse aborto que nasceu o chamado rock Brasília.