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Um dos ícones da televisão e do teatro brasileiro, a atriz Tônia Carrero morreu na noite desse sábado (3/3), no Rio de Janeiro. A artista, de 95 anos, faleceu por volta das 22h15, quando passava por uma cirurgia em uma clínica particular na Gávea, na Zona Sul. Segundo familiares, ao site G1, ela não resistiu a uma parada cardíaca durante o procedimento. O velório, segundo a família, será realizado neste domingo (4/3), das 14h às 22h, no Theatro Municipal. A cremação será realizada na segunda-feira (5/3), às 12h, no Memorial do Carmo.
Tônia já estava com a saúde debilitada, sofrendo de hiodrocefalia oculta, que é o excesso de líquido no cérebro. A doença a fez viver reclusa desde 2013, em seu apartamento no Leblon, cercada de familiares e sempre em contato com amigos. Os primeiros sintomas da doença começaram em 1999. Ela tinha sido internada na sexta (2/3), com uma úlcera no sacro, e morreu durante o procedimento médico, afirmou a neta da atriz Luísa Thiré, à GloboNews.
Maria Antonietta Portocarrero Thedim nasceu no Rio de Janeiro em 23 de agosto de 1922. Logo foi apelidada de Mariinha por seus pais, irmãos e amigos. Enquanto o pai - que alcançou a patente de general - e seus irmãos seguiram a carreira militar, a atriz contrariou toda a família para se tornar Tônia Carrero. Ao completar 80 anos, Tônia contou parte de sua vida no palco, no solo Amigas para Sempre, dirigido pelo gaúcho Luiz Arthur Nunes, autor do roteiro criado a partir de entrevistas.
Aos 14 anos, ela conheceu o artista plástico Carlos Arthur Thiré, com quem se casaria três anos depois e teria seu único filho, o ator Cecil Thiré. Apesar de graduada em Educação Física, a formação de Tônia como atriz foi obtida em cursos em Paris, quando já era casada com ele. Além do filho, Tônia deixa três netos, os atores Miguel Thiré, Luísa Thiré e Carlos Thiré.
Estrela da televisão e dos teatros
Tônia Carrero foi uma das atrizes mais reconhecidas da segunda metade do século 20. Interpretou diversos personagens no Grande Teatro Tupi, de 1952 a 1960. A primeira novela que participou foi Sangue do meu sangue, de 1969, na extinta TV Excelsior. Tônia viveu ainda Stella Fraga Simpson em Água Viva, de 1980, e Rebeca no folhetim Sassaricando (1987), dentre outros trabalhos. O último papel da artista na televisão foi a Madame Berthe Legrand, na novela Senhora do Destino, em 2004.
A atriz atuou em mais de 50 peças no teatro, em 64 anos de carreira. Também participou de 19 filmes e 15 novelas. Estreou nos palcos em 1949, acompanhada do ator Paulo Autran, na peça Um Deus dormiu lá em casa. Sua última aparição pública aconteceu em abril de 2011, quando foi ver uma peça estrelada pelo filho.
Diva, dama, referência de beleza e talento
Os traços únicos tornaram Tônia Carrero em uma das mais belas mulheres da dramaturgia brasileira. Atuações marcantes e uma ousada presença de palco foram essenciais, no entanto, para colocarem a artista como referência na arte da interpretação. A influência atemporal dela segue transgredindo gerações e é reverenciada por diversos colegas de profissão.
Paulo Autran, o amigo inseparável
A amizade com o ator Paulo Autran começou nos palcos, em 1949, quando ela o assistiu e depois o convida para a sua estreia no teatro em Um Deus dormiu lá em casa, de Guilherme Figueiredo, sob direção de Silveira Sampaio. A alquimia entre os dois amigos foram o ponto de partida para diversos trabalhos juntos. A convite do empresário Franco Zampari, Tônia entrou para a Cia Cinematográfica Vera Cruz, na qual protagonizou em roteiros como Apassionata (1952), Tico-tico no Fubá (1952), e É proibido beijar (1954).
Depois que se separou Carlos Arthur Thiré, ela se envolveu afetiva e profissionalmente com o ator italiano Adolfo Celi. Em 1955 o casal mais Paulo Autran formam a Companhia Tônia-Celi-Autran, que estreia, em 1956, Otelo, de Shakespeare, dirigida por Celi. Na década de 1960, ela ingressou na televisão a convite do autor Vicente Sesso para fazer na TV Excelsior Sangue do Meu Sangue, ao lado de Fernanda Montenegro e Francisco Cuoco.
Em 1967, Tônia Carrero mergulhou no universo de Plínio Marcos, em A Navalha na Carne. Ao lado de Emiliano Queiroz e Nelson Xavier, ela viveu a prostituta Neuza Suely. A montagem incomodou a ditadura militar e se tornou um dos espetáculos mais aplaudidos da temporada. A peça foi apresentada em Brasília, em 2013, no Teatro Funarte Plínio Marcos.