Diversão e Arte

Pagode dá a volta por cima com grupos como Atitude 67 e Jeito Moleque

Depois de um período com menos destaque no cenário musical, ritmo retorna às paradas de sucesso

Adriana Izel
postado em 28/02/2018 07:30
Banda Atitude 67
O pagode viveu seu auge na música brasileira nos anos 1990 com nomes como Raça Negra, Só Pra Contrariar, Molejo, Katinguelê, Exaltasamba, Negritude Jr., Revelação e Os Travessos dominando as rádios e os programas de televisão. O movimento ainda continuou forte na virada dos anos 2000, com destaque para grupos que incluem Jeito Moleque, Sorriso Maroto, Bom Gosto e Inimigos da HP.

Mas a ascensão do sertanejo e do funk teve um impacto nesse cenário. O pagode perdeu espaço para esses ritmos, alguns grupos se desfizeram e apenas nomes específicos se mantiveram no topo. Sorriso Maroto e Thiaguinho são alguns desses exemplos, com uma base de fãs consolidada e sempre com novidades, eles conseguem ficar em destaque no mundo da música.

É claro que o pagode nunca morreu. Diversos nomes foram surgindo ao longo dos anos para somar ao mercado desse estilo. Artistas como Mumuzinho, Dilsinho e Ferrugem são alguns exemplos. Mas, desde o ano passado, o grupo que atende pelo nome de Atitude 67 que tem sido o responsável por colocar o gênero musical no lugar de destaque de anos atrás.

[SAIBAMAIS]Quase que magicamente, a banda se tornou a sensação do momento ao lançar o álbum Atitude 67 ; Ao vivo, composto por 14 faixas, entre elas o hit Cerveja de garrafa. A música colocou o grupo em duas playlists importantes do Spotify: As 50 virais do Brasil e Top 50 Brasil. As duas são feitas a partir da quantidade de audições das faixas no serviço de streaming. Desde o ano passado, quando o álbum foi lançado, a canção permanece no topo de streams da plataforma e também no pedido de reprodução das rádios nacionais. No YouTube, o vídeo da música tem mais de 12 milhões de visualizações.


Sensação do momento


Apesar de ter se tornado conhecido nacionalmente no ano passado, a banda Atitude 67 tem 14 anos de carreira. O grupo foi montado por Pedrinho, Éric, Karan, GP, Leandro e Regê ainda na adolescência em Mato Grosso do Sul. ;No primeiro momento, a ideia era simplesmente tocar, fazer música nas festas dos nossos amigos em Campo Grande. Não tínhamos nenhuma pretensão. Quando nos demos conta, tínhamos muitas músicas escritas e acreditávamos muito no potencial delas. Aí, em novembro de 2016, viemos para São Paulo e tudo começou a acontecer;, conta Pedrinho, vocalista do Atitude 67 em entrevista ao Correio.

Mas o que levou a banda a fazer tanto sucesso? O vocalista acredita ter a ver com a persistência desses anos todos: os seis deixaram os empregos formais e a cidade natal para seguir o sonho. Isso, sem dúvidas, é um dos fatores. No entanto, é a novidade em torno da sonoridade que pode ser um elemento primordial para a virada do grupo. A banda faz uma mistura de pagode e samba com reggae e até um rap melódico. ;Cada um cresceu ouvindo um estilo de música diferente, tivemos criações diferentes. Quando resolvemos criar a banda, unimos todos os ritmos e influências para fazer o nosso próprio som;, completa Pedrinho.

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Também há um outro empurrãozinho. O grupo passou a ser comentado pelo craque Neymar e pelo cantor Thiaguinho. ;O Thiaguinho é um ídolo que a gente sempre teve no mundo da música e hoje é nosso padrinho;, afirma o vocalista. O fato de Thiaguinho ter gostado da banda fez com que eles se aproximassem e até gravassem juntos uma versão de outra faixa de sucesso, a canção Saideira.

Fim do hiato

Nova formação da banda Jeito Moleque
Um dos grupos de maior sucesso dos anos 2000, o Jeito Moleque anunciou, em abril de 2016, que entraria numa ;pausa por tempo indeterminado;. Depois de um ano do hiato, a banda decidiu retornar. No entanto, a volta aconteceu sem a presença do vocalista original, o cantor Bruno Diegues. No lugar dele, quem assumiu os vocais foi Gui Albuquerque, um dos membros do fã-clube oficial da banda, chamado Nosso amor eterno, em referência a um dos clássicos do grupo, e se juntou aos integrantes Felipe, Carlinhos, Rafa e Alemão.

Para marcar o retorno, a banda lançou o disco 1; show de volta aos palcos: Ao vivo em Floripa. Com 17 músicas, o grupo celebrou o repertório dos últimos 20 anos e abriu nova agenda de shows. Com a turnê Um novo momento, a banda tem rodado o país com apresentações lotadas e repletas de nostalgia, o que aconteceu há alguns anos também no retorno do SPC e do Raça Negra.

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Formada nos anos 2001, a banda Inimigos da HP, composta por Sebá, Alemão, Tocha, Cebola e Gui, era sinônimo de sucesso no período. O grupo até chegou a ser indicado ao Grammy Latino na categoria melhor álbum de samba/pagode em 2009. Quando surgiu, o diferencial da banda era a pegada pop.

Depois de um tempo, o Inimigos da HP foi perdendo espaço. O disco Revivendo emoções (ao vivo), de 2016, não teve a mesma repercussão de outros tempos. Mas, este ano, a banda tem apostado tudo na canção Quem não ama não vai entender. Lançada no carnaval, a música tem 380 mil visualizações no YouTube e é celebrada pelos fãs, que estavam com saudades do grupo.

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Duas perguntas / Pedrinho, vocalista da Atitude 67


Por serem considerados artistas da nova geração do pagode, como analisam o cenário musical do estilo no Brasil?
A gente não tem essa preocupação de se encaixar em um único ritmo. Fazemos nosso som e não vemos necessidade de defini-lo. Tem espaço para todo tipo de ritmo no cenário musical daqui. Isso é bem positivo para quem está lutando por um espaço.

Vocês apostaram recentemente em uma websérie com o cotidiano do grupo. Para vocês, qual é a importância dessa plataforma para a carreira da banda?
Nós queremos que as pessoas conheçam a gente melhor, se identifiquem conosco. Acreditamos que essa plataforma faz isso muito bem. Achamos interessante mostrar nosso outro lado, como somos fora do palco, em casa. As pessoas tendem a achar que artista leva uma vida diferenciada, mas não é bem assim. A gente é bem normal, lavamos nossa roupa, cozinhamos, arrumamos a casa.

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