Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Festival de Cinema de Berlim: Padilha revive a Operação Entebbe

José Padilha, dirige o filme anglo-americano '7 dias em Entebbe', remake de um drama real

Berlim - O cinema brasileiro ficou fora, este ano, da competição internacional do Festival Internacional de Cinema de Berlim, mas um de seus melhores cineastas, José Padilha, dirige o filme anglo-americano 7 dias em Entebbe, remake de um drama real.

Foi o sequestro, há 41 anos, de um avião da Air France, em 27 de junho de 1976, desviado da rota, ao sair da escala em Atenas, por 7 sequestradores (5 palestinos e dois alemães), indo para Benghazi, na Líbia, e depois para Entebbe, antiga capital de Uganda, na época do ditador Idi Amin Dada.

Os 290 passageiros mais 12 tripulantes foram divididos entre 95 judeus e 195 não judeus, logo libertados. Os judeus ficaram num galpão ao lado do aeroporto com os 12 tripulantes, vigiados pelos sequestradores e por militares ugandenses. Os sequestradores pediam a libertação de 53 palestinos presos em quatro países diferentes, caso contrário iram explodir o avião com os passageiros judeus.

Mas na madrugada do dia 3 de julho, quatro aviões militares Hércules israelenses desembarcaram jipes com cem militares comandos de elite e, numa operação resgate relâmpago recuperaram os passageiros e tripulantes reféns e liquidaram os sequestradores e 20 soldados ugandenses. Morreram três reféns e o chefe da operação, o tenente-coronel Yoni Nataniau, irmão de Benjamin Nataniau, atual primeiro-ministro israelense.

Não se sabe ainda como José Padilha tratou esse tema cheio de suspense, pois a estréia mundial do filme será no Festival de Cinema de Berlim. Existem diversas versões dessa intervenção israelense. Apenas seis dias depois da libertação dos passageiros, o jornalista Alessandro Porro, enviou de Israel, onde era correspondente da Veja, o texto do que seria o primeiro livro - Operação Resgate - publicando imediatamente pela Editora Abril.


Mostra Panorama


O Brasil tem mais dois filmes na mostra Panorama (47 filmes de 40 países): O Processo, de Maria Augusta Ramos, que recebeu, na sua fase final de montagem, um apoio de cem mil reais, oferecido pelo Fundo Mundial de Cinema - uma iniciativa conjunta do Festival Internacional de Cinema de Berlim, Berlinale, com o governo alemão e o Instituto Goethe.

O Processo, do qual já falamos em novembro (Berlinale doa cem mil a cineasta de Brasília), é um documentário sobre os debates parlamentares durante o impeachment da presidente Dilma Rousseff, que também intervém no filme.

Outro filme na mostra Panorama é Tinta Bruta, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher. A dupla de realizadores já havia estado na mostra Fórum, há três anos, com o filme Beira-Mar, sobre a adolescência. Agora, se trata do personagem Garoto Neon, que se cobre de tinta e se deixa filmar por uma webcam em poses eróticas, transmitidas pela Internet. Até descobrir haver um imitador, que deseja encontrar, pois vive na mesma cidade.

Rui Martins, estará de 14 a 25 de fevereiro em Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema Berlinale.