"Cumprimento de modo fraterno todas as vítimas de atos odiosos que possam ter se sentido agredidas por este texto publicado no "Le Monde". É a elas, e apenas a elas, que apresento minhas desculpas", diz a atriz, 74.
A carta, assinada por 100 mulheres, defende a "liberdade de importunar" dos homens, considerando-a "indispensável à liberdade sexual" e indo de encontro à onda surgida com o caso do produtor de cinema Harvey Weinstein nos Estados Unidos, uma posição criticada e muito comentada nos últimos dias.
"Efetivamente assinei a petição (...) Sim, amo a liberdade. Mas não amo essa característica da nossa época em que todos se sentem no direito de julgar, ser árbitros, condenar", explica Deneuve, comentando o assunto pela primeira vez desde a publicação da carta.
"Uma época em que simples denúncias nas redes sociais geram punições, demissões e, com frequência, linchamentos na mídia (...) Não desculpo nada. Não decido sobre a culpa desses homens, já que não estou qualificada para isso. E poucos estão", assinala.
A atriz mostra preocupação com "o perigo das limpezas nas artes". "Vão queimar Sade? Classificar Leonardo Da Vinci como un artista pedófilo? Tirar os Gauguin dos museus? Destruir os desenhos de Egon Schiele? Proibir os discos de Phil Spector? Este clima de censura me deixa sem voz e preocupada com o futuro de nossas sociedades."
"Evidentemente, nada no texto afirma que o assédio tem algo de bom, do contrário não o teria assinado", afirma a atriz, que lembrou seu compromisso feminista na época em que assinou o manifesto das 343 a favor do aborto, em 1971.
Para Deneuve, "a solução virá da educação de nossos meninos e meninas".