Diversão e Arte

Gaitistas brasilienses ganham espaço e reconhecimento nacional

O instrumento atrai não só pelo som, mas também pela praticidade

Camila Beatriz*
postado em 12/10/2017 07:30
O músico Engels Espíritos acredita que o que falta aos gaitistas é visibilidade na capital


O espaço da gaita no Distrito Federal está crescendo. O professor e um dos primeiros músicos a fazer shows de gaita em Brasília, Engels Espíritos, 44 anos, explica: ;Por muito tempo, a gaita foi tida como um brinquedo. Até a década de 1960 era apenas um objeto exótico para a maioria;. Gabriel Grossi e Ricardo Serpa são alguns instrumentistas que ganharam destaque nacional com o instrumento que cabe no bolso.

Brasiliense radicado no Rio de Janeiro, Gabriel Grossi, 38 anos, conta que o instrumento o atraiu pela sonoridade e praticidade. ;Na época, pensei que era fácil carregar, cabe no bolso e isso já é bom demais;, brinca. Ele afirma que o preconceito diminuiu desde as primeiras aparições da gaita na cultura brasileira. ;O Edu da Gaita, pioneiríssimo no país, foi considerado um músico excêntrico, mas mostrou que a gaita não é menor que outros instrumentos e pode tocar músicas eruditas, por exemplo.;

Grossi aponta as dificuldades que um gaitista pode enfrentar para se consolidar como músico. ;Acho que é complicado e me sinto privilegiado, mas me dedico há anos. A maioria não consegue viver disso e acho que a gaita é um pouco mais difícil do que outros instrumentos. A dificuldade pode servir de incentivo para se produzir muito, mais do que outros músicos, como diferencial. O fato é que o músico precisa sempre se reinventar, ser inovador.;

Por outro lado, Serpa, 45 anos, não vê entraves para os gaitistas no cenário musical. ;Não há dificuldades, pelo contrário. Muita gente gosta e hoje há alta procura dos donos de estabelecimento, festas particulares e eventos;, garante. Para Rojas, 35, o público não sabe sobre a realidade do instrumento. ;Vejo que, como as pessoas conhecem pouco, elas se surpreendem com o resultado do som da gaita. Além disso, existe preconceito, as pessoas acham que é um brinquedo;.

Espíritos, que acredita na evolução da gaita dentro da capital, sugere: ;Os gaitistas precisam de visibilidade. As pessoas precisam reconhecer esse instrumento maravilhoso, exótico, carismático;. Engels Espíritos formou gerações de gaitistas em Brasília e Ricardo Serpa faz parte da primeira delas. Garante que ;vários desses alunos são hoje músicos de ponta;. Para eles, desde as primeiras aparições no cenário brasiliense, a gaita tem dado passos largos para se consolidar como instrumento conhecido e aceito pelo público.

Caetano Rojas se forma no ano que vem em música pela Universidade de Brasília e foi o primeiro aluno a consagrar a gaita como base possível para todas as atividades instrumentais do curso na capital. O estudante enfrentou desafios para manter o uso da gaita desde o início das aulas. ;Muita coisa foi difícil na universidade porque o que eu estava fazendo nunca tinha sido feito por ninguém. As atividades não estavam adaptadas para a gaita e eu tive que dar um jeito.;

Quando professores perguntavam a possibilidade de fazer determinada atividade com a gaita, ele descobria na prática. ;Eu espero que ter passado pela formação acadêmica seja um incentivo muito grande. Quando eu comecei o curso, tudo era uma montanha que eu tinha que enfrentar com incerteza, mas agora já se sabe que é possível.; O músico considera a importância do diploma: ;Para mim, é uma prova social para as pessoas reconhecerem, aqui no Brasil, o gaitista como o profissional sério que ele é;.

*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco






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