A ideia da Jornada Literária do DF vem de uma experiência de quase 20 anos, de visitas e participações em feiras, bienais e mostras literárias. O melhor desse conhecimento foi reunido para dar vida ao projeto. A ideia é criar um vínculo entre leitores e autores por intermédio dos livros. Na Jornada, público e criador se encontram em oficinas de mediação de leitura, troca de livros, leituras coletivas e encontros com escritores.
Nesta segunda edição, escolas da rede pública de ensino do DF e o Sesc Gama recebem a segunda edição do projeto. Ao longo destes três meses, romancistas, poetas, ilustradores e quadrinistas, da capital e de outras regiões do Brasil, desenvolvem diferentes atividades com o objetivo de envolver crianças, jovens e adultos no universo da literatura ; são mais de 8 mil pessoas ao longo de todo o período de atividades.
A escolha das regiões que recebem a jornada em suas escolas (Gama, Samambaia, Recanto das Emas e Santa Maria) foi bem pensada. Essas regiões reúnem uma parte significativa da população do DF ; cerca de 630 mil pessoas ;, num universo de 3 milhões de habitantes. Entretanto, apesar de abrigarem tal contingente populacional, o acesso à leitura e ao livro é precário. No Gama, por exemplo, 25,85% declaram gostar de ler; porém, pouco mais de 10% leem de um a dois livros por ano. Essas estatísticas seguem igualmente alarmantes nas outras regiões.
Para o curador do projeto, João Bosco Bezerra Bonfim, a importância de levar esses debates ao ambiente escolar é a de reconhecer que a escola foi e ainda é o espaço privilegiado para as pessoas serem apresentadas à literatura. ;Queremos agir de maneira criativa: não só trazer os clássicos, isto é, os livros consagrados, que são usados na escola para provas e testes acadêmicos. Mas trazer os contemporâneos, os que podem vir se encontrar com os leitores. E produzir esse encantamento do contato face a face;, destaca.
Depois da primeira edição, a percepção é a de que a relação entre escritores e leitores foi de encantamento e de estreitar os laços através do livro. Nos encontros puderam tirar dúvidas quanto às obras e aos processos criativos, ampliando a compreensão acerca do mercado editorial e a possibilidade de novas publicações. ;Como disse o escritor Jéferson Assumção, em sua fala inicial da jornada, a literatura é para ampliar o mundo; para fazer com que o observado, o cotidiano, o dia a dia, seja transformado. Em outras palavras, a literatura muda o mundo. Não de uma hora para a outra. Neste momento, queremos que auxilie a imaginação de crianças, jovens e adultos da periferia de Brasília;, conta João Bosco.
Para ele, a literatura é um tipo de ressignificação do mundo, isto é, um modo de narrar, contar a história das pessoas, dos eventos, mas à sua maneira. As atividades começaram nos primeiros dias de setembro, quando cerca de 300 professores participaram de oficinas de mediação de leitura e de criação literária, além de bate-papo sobre o papel da literatura na formação intelectual e sua importância para a inclusão social das crianças e jovens. A ideia é que as salas de leitura sejam mais frequentadas e que cada escola desperte para uma nova maneira de ver, ler e apresentar o livro aos seus novos e jovens leitores.
Segunda Jornada Literária do Distrito Federal
Até 29 de setembro, de 9h às 21h, no Teatro Sesc Paulo Gracindo (SIND Q. 1, Gama). Outubro e novembro de 2017: Encontros de escritores com leitores em escolas públicas do Gama, Santa Maria, Samambaia e Recanto das Emas.