A semana vai ser rica para o público de música instrumental da cidade. Dois festivais e duas orquestras ocupam os palcos de Brasília com apresentações que trazem do jazz à música erudita. A capital é terreno fértil para a produção instrumental, mas boa parte dos músicos e produtores de eventos se queixam da falta de espaços e de agenda para o gênero. ;A grande maioria dos grupos de câmara da cidade são formações que existem há anos, apesar dos problemas de espaço, mas falta também programação para a música de câmara;, lamenta o flautista Welder Rodrigues, que organiza as Conexões camerísticas.
Para Rubens Carvalho, produtor do Concha instrumental, que ocupa a praça do Museu Nacional no fim de semana, seria possível fazer um festival de 12 horas de música ininterrupta. ;A música instrumental é uma das mais presentes na história de Brasília. Até questiono essa coisa de Brasília capital do rock. Brasília, se for pra ser capital de alguma coisa, é capital da música;, diz. ;A música instrumental sempre foi muito forte, só que mal divulgada. Não se dá ênfase, ela sempre fica um pouco de lado. São músicos que acompanham cantores, mas têm o trabalho próprio deles.; Veja quais são as opções e programe-se: há agenda de apresentações durante toda a semana.
Conexões camerísticas
Realizado desde 2015 com duas edições ao ano, o encontro de conjuntos de câmara reúne 18 grupos no palco do Teatro Levino de Alcântara. Boa parte da programação envolve música erudita, mas haverá também um grupo de música popular. Hoje, a abertura faz homenagem ao Quarteto de Brasília. referência para boa parte das formações de câmara na cidade. ;Eles foram, durante muito tempo, o principal grupo de câmara da cidade. Vários quartetos que se formaram por aqui foram de alunos deles;, explica Welder Rodrigues, que organiza o Conexões camerísticas. No programa, há todo tipo de formação, de duetos a quintetos de sopros. A falta de espaços e de programação fixa para a música de câmara em Brasília dificulta a criação de uma agenda regular de apresentações e Rodrigues pensou em criar alternativas quando idealizou o encontro. ;Esse festival é uma tentativa de mudar isso e estimular os espaços a receberem os grupos;, avisa o flautista, que é professor da EMB e integra a orquestra da Sociedade de Concertos de Brasília.
; De hoje a quarta-feira, às 19h, no Teatro Levino de Alcântara (Escola de Música de Brasília)
Concha Instrumental
Com seis apresentações de artistas da cidade e duas de fora, o Concha Instrumental tem um pouco de tudo na lista de gêneros que serão tocados no palco montado na praça do Museu Nacional da República. ;O projeto é uma ideia antiga. Trabalhei muito com música instrumental no Gates, é uma coisa que sempre gostei;, conta Rubens Carvalho, proprietário da casa noturna entre 1988 e 2009. Na programação do evento estão grupos como a Funqquestra, que bebe na fonte da black music carioca, o Muntchako, fusão de ritmos pernambucanos, e Victor Angeleas & Junior Ferreira, com pegada mais voltada para o jazz. Os quintetos Bernardo Bittencourt e Juninho Di Sousa também estão na programação, além de Zé Krishna & Amigos Eternos. Para encerrar as duas noites do festival, Carvalho convidou o Mental Abstrato e o Duofel, ambos de São Paulo. Na apresentação programada para Brasília, o Duofel vai aproveitar para celebrar os 40 anos de trajetória. Acostumados ao público da capital ; Luiz Bueno e Fernando Melo tocaram muito no Gates e todos os anos sobem ao palco do Clube do Choro ;, os violonistas prepararam um repertório com músicas autorais gravadas ao longo das últimas décadas, mas também uma surpresa inédita. O Duofel vai tocar uma série de afro-sambas de Baden Powell cujos arranjos foram recriados a pedido de Carlos Malta para um show ao lado de Diogo Nogueira, Ellen Oléria e Robertinho Silva, realizado no Rio de Janeiro. ;Fomos tomados por essas músicas. A gente se transforma, parece que uma entidade desce quando tocamos;, conta Bueno.
; Sábado e domingo, às 19h, na Praça do Museu Nacional da República
Concerto dominicano
A música da América Latina dá o tom do concerto realizado amanhã pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS) com obras de José Antonio Molina, Bienvenido Bustamante, Carl Reinecke e François Borne. Ex-solista da Orquestra Sinfônica de Leipzig, a dominicana Evelyn Peña Comas é a flautista convidada. ;Procuro sempre, nos meus concertos, incluir uma obra da América Latina de qualquer gênero, seja clássico, folclórico ou popular. É uma música para a qual sinto muita liberdade em tocar;, explica a musicista. ;Cada país é diferente e é isso que faz da nossa música uma coisa rica. Ela transmite muitas emoções.;
; Terça-feira, às 20h, no Cine Brasília. Entrada franca
Ciclo Mendelssohn
A Orquestra Philarmonia dá sequência ao Ciclo Sinfônico em homenagem ao compositor alemão Felix Mendelssohn Bartholdy. A intenção é lembrar os 170 anos da morte do compositor com um programa que inclui todas as sinfonias do músico. Esta semana, a Philarmonia vai executar a Sinfonia n; 5, a Abertura Ruy Blas e a Sinfonia n; 8. Regida pelo maestro Artur Soares, a orquestra conta com 35 músicos e surgiu da vontade de um grupo de amigos de tocar e fazer apresentações. Mendelssohn compôs cinco sinfonias e o ciclo da Philarmonia incluiu quatro no programa. O maestro Soares conta que a ideia de fazer uma série de concertos dedicados a um único compositor há muito o interessava e Mendelssohn foi uma escolha natural. ;É um compositor muito querido para os músicos, gostamos de tocar, e ele se adapta bem em orquestra pequena. Eu queria um compositor que pudesse fazer toda a obra sinfônica dele. E com Mendelssohn consegui, com exceção de uma sinfonia que tem coro e não vamos fazer porque não temos coro;, avisa o maestro.
; Quarta-feira, às 19h30, no Teatro dos Bancários. Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia)