Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Eye Patch Panda e Túnel do Lago Norte são as novas opções de baladas

Dois lugares inusitados têm atraído fãs de balada em Brasília. Veja outros pontos em que o agito foge do comum


Luzes multicoloridas, música alta, espaço fechado entre quatro paredes. Quem gosta de curtir a noite, mas está cansado da monotonia de alguns eventos, têm razões para comemorar. Duas novas empreitadas em Brasília têm sacudido esse cenário com propostas distintas.

O primeiro é o Eye Patch Panda, que ocupa uma sobreloja na W3 Sul com ar descolado e que se assemelha a uma casa. Por lá, acontece uma festa para poucos chamada Carta Aberta. São, em média, 50 pessoas, em ambiente intimista e acolhedor. O segundo, o Túnel do Lago Norte, é justamente o oposto. Entre um shopping e um supermercado, o local será palco de ocupações culturais durante todo o mês de setembro.

Eye Patch Panda

Situado na 514 Sul (com entrada pela W2), o Eye Patch Panda quer ressignificar o que se entende por balada. Começaram fincando bandeira em um espaço que anda esquecido e pede por revitalização. Localizado em uma sobreloja e entre duas igrejas, o Eye Patch Panda é ;abençoado, com certeza;, brincam os proprietários.

O local funciona nas noites de quinta a sábado e é definido como um endereço multiuso para experiências intimistas em ambientação que simula o conforto do lar. Tem cozinha (um bar com balcão onde são vendidos chopes especiais) e sala de estar (sofás e poltronas espalhados pelo salão). Exposições, venda de produtos e noites musicais integram a programação.



Uma das atrações do novo espaço cultural é a festa batizada de Carta aberta, realizada aos sábados, de três em três meses. Ela foi idealizada pelo produtor cultural e DJ Daniel Amaro, ou Spot, um dos nomes por trás da Moranga, e por Gustavo Capela. Diferentemente dos ;rolês; convencionais, o evento começa cedo, a partir das 20h, e acaba às 2h. A explicação é simples: dá para emendar com outro programa, dá para voltar para casa antes de o galo cantar e, principalmente, aproveitar as manhãs de domingo.

Túnel do Lago

Ocupar os espaços de Brasília se tornou uma alternativa para coletivos e produtoras da cidade que produzem eventos. Os setores Comercial Sul e de Diversões Sul são apenas alguns exemplos. Desde ontem, a capital conta com um novo local de ocupação. É o Túnel do Lago Norte, entre o Pão de Açúcar e o shopping Iguatemi.

O espaço que, ao longo da semana, serve de passagem subterrânea para pedestres e ciclistas, durante todo o mês de setembro será abrigo para festas que prometem celebrar o aniversário da região administrativa, além de ser uma alternativa de espaço e uma forma de identificação com a cidade.

A ideia surgiu do coletivo Crew.Za, composto pelos produtores e DJs Igor Albuquerque, Babisha e Kaká Guimarães, e que está envolvido com o evento Balada em tempos de crise, responsável pela abertura do túnel, e com o movimento Dulcina Vive.

;Sou produtor há quase 20 anos. Em 2015, eu morava com alguns amigos em uma casa no Lago Norte, onde fazíamos vários eventos na beira do Lago (Paranoá). Com a crise econômica, estava se tornando uma fortuna sair em Brasília. Começamos a fazer festas em lugares inusitados, como embaixo da Ponte JK, perto da ciclovia, e no Panteão da Pátria. Já tínhamos ido ao túnel do Lago Norte, e promovemos uma festa bem pequena para amigos;, lembra Kaká Guimarães.



Após essa primeira festa intimista, o coletivo decidiu fazer um evento maior que pudesse misturar balada e instalação artística. Com autorização da Administração do Lago Norte, teve início ontem a ocupação no túnel, que ganhou uma arco-íris feito com 60kg de glitter e muita música aproveitando a boa acústica do espaço que tem 3,5m. ;Como é mês de aniversário do Lago Norte conseguimos a autorização e vamos ocupar o espaço, durante setembro inteiro. Resolvemos juntar vários coletivos artísticos e culturais da cidade para revitalizar o espaço e promover festas e atividades;, completa.

Entre os coletivos e produtoras confirmados estão sintra-FM, que ocupa o local hoje com festa a partir das 22h, Crazy Cake Crew, 5uinto e Play. ;Com todo esse problema em Brasília de conservadorismo, burocracia e a Lei do Silêncio, esse tipo de espaço se torna uma opção. Além de ser uma forma ressignificar a cidade. Brasília é muito jovem e está criando uma identidade. Nós que trabalhamos com cultura alternativa sabemos que essa é a maior missão que temos;, analisa Guimarães.

Para os desbravadores


Setor Comercial Sul
Os coletivos Labirinto e MOB ; Movimente e ocupe seu bairro foram os grandes incentivadores da ocupação e revitalização do SCS. Hoje, o espaço recebe festas, rodas de samba e encontros de food trucks semanalmente, que ocupam o térreo dos prédios e os becos do setor. Além disso, há uma casa de shows batizada de Espaço Cultural Canteiro Central.

Setor de Diversões Sul
No Conic, o principal movimento responsável pelas ocupações é o Dulcina Vive. O coletivo revitalizou o espaços, que, atualmente, recebe festas e eventos culturais no Teatro Dulcina e também no subsolo do local que ganhou o nome de Sub Dulcina.

Buraco do Jazz

O projeto nasceu com edições na 214 Sul, na altura do Eixão. A proposta surgiu devido à ausência de espaço físicos culturais no DF para apresentações de jazz. Atualmente, é realizado nas imediações do Complexo Cultural Funarte, no Eixo Monumental.

Para os intimistas

Hidden

Instalado na passagem subterrânea da Avenida das Nações, com entrada pelo Píer 21, o Hidden funciona de quinta a domingo, das 17h à 1h. A ordem, como a Eye Patch Panda, é dar novo uso a espaços até então obsoletos na cartografia da cidade. O corredor onde foram colocados sofás, mesas de centro e confortáveis poltronas para tomar vinho enquanto beberica petiscos com pegada espanhola estava desocupado há anos. Quem comanda o Hidden é a dupla Mari Braga e o sócio, Pedro Henrique Gaspar. A programação musical é diária e muda semanalmente. Jazz, soul e discotecagem em vinil aparecem entre as atrações.

Sofar Sounds
O evento criado na Europa é sazonal e convida bandas locais para tocar em lugares pouco usuais. Em Brasília, alguns dos endereços onde rolaram edições foi o Espaço Mapatí, onde normalmente são apresentadas peças teatrais. Os convidados só sabem a localização poucas horas antes do show. As atrações são mantidas em sigilo, e se revelam quando as ;cortinas; se abrem.

Criolina e Corina Cervejas Especiais
Embora o foco seja a produção e divulgação de ações relacionadas à cerveja especial, Criolina e a Corina Cervejas Especiais também têm feito festas para cerca de 100 pessoas nos galpões nos Setores de Oficina Sul e Norte, respectivamente.