Conhecida desde muito jovem devido ao poder de sua voz, Amy se transformou no símbolo de uma geração. ;Se ela tivesse vivido mais tempo, talvez estaria ditando novas tendências da música pop. A Amy virou um ícone feminino. Hoje, ela seria uma figura que estaria na cabeça da discussão feminista;, especula o crítico musical Guilherme Guedes.
A mulher com voz de jazz e blues que conquistou o mundo deixou Ricardo Cravo Albin encantado. Em conversa não registrada, no restaurante Tér;ze, Rio de Janeiro, o pesquisador revela que conheceu uma garota alegre, inteligente e amável. O musicólogo afirma que a voz da cantora é o que mais a destaca. ;A Amy vai além da simplicidade do pop. Ela tem um índice de sofisticação que a coloca como uma das melhores.;
[SAIBAMAIS]Durante o almoço, em Santa Tereza, Ricardo contou de quando abrigou Janis Joplin no carnaval de 1970 e a boa relação que criaram durante aquele tempo. ;Amy achou ótima a história e, ao contrário do que pensavam, disse que adorava Janis Joplin.;
Declínio
Um mês antes de morrer, a artista passou por uma apresentação desastrosa na cidade de Belgrado, Sérvia. Durante o show, Amy estava embriagada, caminhou confusa, demorou para cantar, desafinou e, em seguida, foi vaiada por 20 mil pessoas. Ao final recusou-se a receber o cachê e pediu que o público recebesse o dinheiro pago no ingresso.
No dia 23 de julho de 2011, Amy Winehouse foi encontrada morta pela polícia de Londres, no apartamento em que morava. O laudo apontou que a causa foi overdose, para cada 100ml de sangue havia 416mg de álcool.
Entre prêmios e polêmicas, Amy Winehouse ainda deixa uma lacuna. A próxima voz black de uma mulher branca está escondida. ;Além de ser uma grande cantora, compositora e intérprete, a Amy era uma personagem. Um ser humano que entrava muito forte nas emoções e conseguia transformar isso em música;, descreve Guilherme Guedes.
;Acho que não vou ficar famosa, o tipo de música que eu faço não tem essa dimensão. Se isso acontecesse, acho que eu enlouqueceria;, disse Amy Winehouse, em 2003. Após 6 anos da morte da artista, em 23 de julho de 2011, o talento da cantora é incontestável e ainda hoje é difícil enxergar uma sucessora. O musicólogo Ricardo Cravo Albin atesta: ;Amy, mesmo morta, está viva;.
A carreira de extremos a levou a dois Grammys, cachês de US$ 1 milhão e também a constrangimentos. Apesar disso, o lugar de Amy está vazio. ;É preciso uma série de felizes coincidências para que surja alguém como a ela. Por ter morrido de forma tão triste e trágica, Amy virou uma lenda. Da mesma forma que aconteceu com Janis Joplin e Kurt Cobain;, esclarece o apresentador e crítico de música Guilherme Guedes.
Quando a gravadora Island Records lançou o álbum Frank, em outubro de 2003, Amy Winehouse tinha apenas 20 anos. O disco era um presságio do que estava por vir. As músicas apresentam influência do jazz e foram recebidas de forma positiva pela crítica. ;Amy, desde o primeiro disco, mostrou que estava fora da curva. Uma voz muito influenciada pelo jazz clássico. Frank foi o cartão de visitas muito importante para a carreira dela;, atesta Guilherme.
Primeira impressão
Clara Molina, fã da cantora há 10 anos, começou a admirar Amy a partir do momento que a escutou pela primeira vez. ;Eu fiquei abismada quando ouvi uma das músicas do álbum Frank. Eu achei que era uma negra do jazz que estava cantando. Mas era a Amy. Um tipo de voz que eu nunca tinha ouvido antes;, lembra.
A cantora e fã Sol Leles assegura que o disco Back to black (2006) foi um divisor de águas. ;Foi uma fase muito intensa da vida dela. Ali, ela colocou todo sentimento que tinha. Um álbum totalmente Amy, sobre o que ela estava vivendo. Muitas pessoas entenderam pelo que ela passava e começaram a respeitá-la;, afirma.
Compositora e intérprete de jazz, a nova-iorquina Alma Thomas, radicada no Brasil desde 2004, define Amy Winehouse como responsável por trazer de volta ao cenário musical as referências das décadas de 1950 a 1970 e critica os atuais ícones da música: ;Amy era verdadeiramente aquilo que ela era. Ela veio do nada e conquistou a todos. Os artistas de hoje são caricaturas.;
No cinema
O documentário Amy desvendou quem era a pessoa por trás da cantora. Para isso, o diretor Asif Kapadia incluiu fotos, depoimentos de pessoas próximas, apresentações na tevê, vídeos caseiros e de bastidores. O longa mostra que Amy, desde cedo, gostava muito da atenção das câmeras e, pelas particularidades da cantora, atraía sempre a atenção dos holofotes.
Amy expõe a fragilidade da garota que não conseguiu suportar toda a pressão de ser uma celebridade mundial ; e também não recebeu ajuda para tanto. As mesmas câmeras que a consagraram como referência performática e artística também mostraram, passo a passo, o desabamento da carreira. Amy foi flagrada e exposta pelas câmeras sob efeito de drogas, como cocaína, heroína, crack, maconha.
Retratado também como um pai ausente, algo que marcou dolorosamente a cantora, Mitchell Winehouse é peça importante do documentário. Acusado de ganância, Mitchell não poupa as vezes em que os interesses do pai se sobressaem ao bem-estar da filha.
Considerado um dos pivôs da morte de Amy, o produtor Blake Filder-Civil teria sido o responsável por ter iniciado a ex-mulher no uso do crack, da heroína e da cocaína. As imagens do documentário retratam um homem manipulador e egoísta.
* Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader
Prêmios
Brit Awards 2007
Melhor artista feminina britânica
Grammy 2008
Artista revelação e melhor performance vocal pop feminina
Grammy 2012
Melhor performance vocal pop por duo ou grupo
Discografia
Frank (2003)
Back to black (2006)