São Paulo ; ;Há filmes que começam pequenos, pequenos; mas crescem de uma maneira que você poder fazer o que quiser com eles. Transformers não é para todo o mundo, mas tem uma boa base de fãs massiva, ao redor do planeta;, sublinha o diretor Michael Bay, ao tratar da franquia iniciada há uma década. Pudera: até agora, com quatro longas, o lucro da série já bateu cifra superior a US$ 3,7 bilhões. Na ;mistura estranha; de público, o cineasta percebe, indistintamente, jovens e adultos. A meta do mais novo título Transformers ; O último cavaleiro será arrecadar, quando pouco, US$ 700 milhões. A fita estreia na próxima quinta.
Sedento para investir numa praia mais dramática e diferente, no futuro projeto que dirigirá, Bay, por enquanto, só confirma o andamento de um longa derivado de Transformers, no qual atuará como produtor e que estará bastante centrado na figura do imenso carro-robô Bumblebee (o famoso camaro amarelo, um dos protagonistas da série). ;Transformers são filmes muito intensos. Do começo ao fim, demoram, em média, 18 meses ; o que é até rápido para o tamanho. Neste novo filme havia muitos efeitos visuais;, ressalta Michael Bay. Sem créditos no roteiro do longa, o diretor não deixa dúvidas que se trate de uma produção dele: centenas de explosões e incontáveis decibéis testam os limites de processamento mental de cada espectador.
De espectadora à atriz
Prova de fogo, mesmo, foi reservada à jovem Isabela Moner, definida por Bay como ;uma nova atriz que fez seu primeiro grande filme agora;. No papel da menina Izabella, a atriz que tem ascendência peruana, ajuda bastante no desenvolvimento da trama que mostra o robô Optimus Prime afastado da Terra, em órbita, e tentado a descobrir detalhes sobre a origem dos Transformers. Aos 16 anos, ela é quem confirma a familiaridade com a franquia. ;Lembro de ter visto, aos 9 anos, uma maratona de Transformers, com meus irmãos. Cresci assistindo aos filmes, então, senti uma conexão, de cara, com a produção. Ser parte de Transformers é uma loucura: não era nada do que eu esperava que fosse, ; achei que seria bem mais fácil, mesmo;, comenta Isabela Monner.
Ainda que Michael Bay reforce o supremo zelo pela segurança do set, com direito a detalhes como os tampões de ouvido indispensáveis aos atores e intenso uso de dublês, Isabela comenta: ;No set, no primeiro dia, eu estava intimidada e nervosa. Quando falei ;oi;, Bay me perguntou: ;Você sabe usar um extintor de incêndios?; O incêndio, a ser controlado em cena, era enorme, e, à medida em que tentava apagar, ele mandava eu chegar mais perto (risos);.
Bay conta que gosta de incitar os atores para as situações das filmagens. ;Numa das cenas, havia um robô, morrendo, na frente da personagem Izabella (Moner), e, enquanto filmávamos, não existia nada lá de físico, na frente da Isabela. Ela repassava emoções de modo incrível mas, na verdade, a cena foi toda feita com pessoas transitando no estúdio;, esclarece o diretor, recentemente, muito elogiado pelo longa 13 horas ; Os soldados secretos de Benghazi (2016).
[SAIBAMAIS]
Se naquele longa, baseado em fatos reais ocorridos na Líbia e relacionados ao terrorismo, o foco estava na ação política e Bay se mostrou eloquente, no discurso; o mesmo não serve para o cineasta, quando questionado sobre as atitudes do presidente Donald Trump ; esquivo, Bay não abre a boca.
;Isabela Moner não é nada quieta; ela fala bastante;, alerta Bay, ao que a atriz rebate: ;Sim, mas sei quando eu devo falar;. Forte também na telona, Isabela Moner soube como fortalecer sua personagem. ;Ao decidir que heroína ser na tela, acho que quero ser alguém bem resolvida, uma heroína real. Há no cinema heróis invencíveis, quase sem emoção. Mas você pode ter emoções, ser vulnerável, para ser um personagem forte. Acho que cabe o poder se lutar pelo que se acredita;, conclui.
O repórter viajou a convite da Paramount.
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Número de criações de Michael Bay, enquanto produtor
"O que eu gosto de fazer é entreter as pessoas. Eu sou umas das pessoas responsáveis pela instauração do blockbuster de verão"
Michael Bay, diretor
; Entrevista // Michael Bay, diretor
Com o personagem do robô Cogman, de Transformers ; O último cavaleiro, tiveram a vontade de reverenciar a saga Star Wars?
No histórico dos Transformers, há robôs que podem se transformar tão somente numa cabeça, sem corpo, se for o caso. Essa é uma das habilidades de alguns deles, na origem. Com o Cogman (um robô meticuloso, na trama), há detalhes nos desenhos de criação que são tão incríveis que, quando você olha, há algo do C-3PO. Ele é ótimo, meio genérico, e cresci familiarizado com C-3PO. Os Transformers existem há algum tempo neste mundo e, nisso, me deu o estalo: houve uma reverência, no fim, sim. Mas vamos fingir que não estamos homenageando, vou me desviar disso (risos).
Você não curte que vejam tuas produções nas telas pequenas?
Na verdade, eu já produzi muitos shows de tevê. Mas é triste ver que as crianças usem isso (aparatos como tablets e celulares) para ver os filmes, né? Ir ao cinema tem a ver com a ideia da experiência compartilhada. Acho que isso nunca vai morrer. A tevê é ótima, hoje em dia, para se desenvolver grandes estudos de personagens; coisas que não podem ser feitas no cinema. O negócio de cinema não vai desaparecer, mas tende a diminuir.
Como se dá o embate como os outros veículos em ação que estrelam o candidato a hit Carros 3?
Não faz parte do meu trabalho escolher as datas em que filmes serão lançados. O Transformers já obteve mais de R$ 4 bilhões (só nas bilheterias norte-americanas) e tem se afirmado como muito lucrativo. A perspectiva é a de que o novo filme chegue à faixa de faturamento de US$ 700 milhões. Talvez tenhamos sido muito mimados pelos resultados nas bilheterias dos outros quatro filmes anteriores (risos).
Como você realimenta um projeto que chega ao quinto exemplar?
Esse filme aponta para onde a franquia Transformers irá, de agora em diante. Por isso, disse que seria meu último filme como diretor. Nesse longa, os personagens estão indo em várias direções, por terem sido criadas várias histórias. Steven Spielberg teve uma parte de decisões nisso. Eu gostaria de ver os filmes de Transformers com poucos personagens. Quando me apresentaram o filme, o projeto, era sobre um menino que compra o primeiro carro e o automóvel é um Transformer. Eu conheço Steven Spielberg (produtor) há bastante tempo e considerei, inicialmente, uma péssima ideia (risos). Fui para a Hasbro (empresa que gerencia os produtos relacionados a Transformers), e fiz uma aula por um dia sobre o universo dos personagens. Não cresci com Transformers; eu já era um pouco velho para isso. Vendo alguns desenhos japoneses, eu disse: ;e se conseguisse transformar os robôs em algo muito real poderia vir a ser uma ótima ideia integrar o filme;. Às vezes, em cinema, a gente fixa uma só ideia na cabeça. Fixei no fato de o menino ter que esconder os Transformers em casa, como um segredo.
Você foi aplaudido pelo comando do filme 13 horas ; Os soldados secretos de Benghazi, mas amargou vitórias como pior
diretor, com troféus, por Transformers...
Fui apontado como pior diretor; mas você acha que, de fato, ligue para isso? Sabe, o pessoal da imprensa adora me perseguir. Uma vez até tentei esclarecer o motivo da perseguição, e um repórter me respondeu: ;É porque você foi muito bem-sucedido ainda muito jovem;. Eu me sinto muito à vontade com tudo que fiz. E se as pessoas não gostam; não estou nem aí. Eu não leio as críticas que estão nos jornais.
Como equilibra o lado comercial com o artístico, na carreira?
Meu trabalho é para a plateia de cinema. E no meu último filme tive público de 110 milhões de pessoas. O que eu gosto de fazer é entreter as pessoas. Eu sou umas das pessoas responsáveis pela instauração do blockbuster de verão. Ajudo na construção da linguagem destes filmes de diversão. É um tipo de filme completamente diferente do de 13 horas. A gente emprega diferentes músculos na elaboração, com habilidades de filmagem diferenciadas. São completamente diferentes as chaves para o bombástico Transformers e o aprofundamento psicológico de 13 horas.