Os restos mortais do pintor surrealista Salvador Dalí serão exumados em 20 de julho para coleta de amostras de material genético para os exames de DNA. O objetivo é saber se Pilar Abel Martinez é filha do artista.
A exumação de Dalí havia sido protocolada em 26 de junho, e após a coleta das amostras de Pilar na última segunda-feira (11/7) em Madrid, a juíza Maria del Mar Crespo determinou a data para o procedimento de desenterramento.
O corpo do surrealista encontra-se sepultado no Teatro-Museu Dalí em Figueres, na Espanha. Um dos problemas para a exumação do corpo de Salvador Dalí está relacionado com a remoção da lápide que fecha o sepulcro do pintor que pesa cerca de 1,5 toneladas.
As controversas do processo
Nascida em 1956 em Figueras, Pilar Abel Martínez assegura ser a única filha do pintor surrealista. Em uma entrevista dada em março de 2015 à televisão catalã TV3, ela explicou que sua mãe e Dalí mantiveram uma relação clandestina quando ela trabalhava no pequeno enclave costeiro de Port-Lligat (Cadaqués), onde o artista passava longas temporadas.
Ela ainda contou que, após ficar grávida, sua mãe se casou com outro homem, e meses depois ela nasceu. Quando tinha 8 anos, sua avó paterna lhe disse: "Sei que você não é filha do meu filho, sei que o seu pai é um grande pintor". "E me disse o nome, Dalí", completou. Segundo Pilar, sua mãe lhe confirmou essa versão, antes de sofrer de demência senil.
Segundo o advogado dela, Enrique Blánquez, a história é "mais ou menos conhecida no povoado". "Há testemunhas, se não houvesse uma mínima base probatória, não se aprovaria esta decisão", disse à AFP. Ele falou especificamente de uma testemunha "que trabalhava para Dalí e que era paga para investigar o que a mãe de Pilar Abel fazia".
Antes de apresentar o processo contra o Ministério da Fazenda e a fundação, Abel tentou provar sua filiação com supostos restos com material genético do artista que tinham sido conservados. Mas, segundo seu advogado, nunca recebeu os resultados destes testes.
No início, o caso foi conduzido pelo advogado Francesc Bueno, conhecido por ter representado um garçom catalão que dizia ser filho do rei emérito Juan Carlos I, uma ação que foi arquivada pelo tribunal supremo.
Segundo a imprensa local, a mulher denunciou sem sucesso em 2005 o escritor espanhol Javier Cercas por um personagem do romance Soldados de Salamina que supostamente se assemelhava a ela. Em 2011, foi denunciada por uma cliente por uma fraude no valor de 1.000 euros.