Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Rock se mantém na ativa e mobiliza fãs por todo o DF

Mesmo sem movimentar cifras milionárias, o estilo continua na ativa, com bandas tradicionais e novos grupos

É impossível dissociar a palavra hardcore do termo resistência. Bandas com décadas de tradição continuam ativas, mesmo que o cenário na música brasileira não seja amigável com ritmos mais pesados. Faz três anos consecutivos que nenhum artista de rock aparece nas 100 faixas mais executadas nas rádios do país, segundo ranking da Crowley (empresa especialista em monitoração eletrônica de rádio) . Isso não significa que o gênero subversivo esteja morto. Longe disso. A cena pode até não movimentar milhões como o funk e o sertanejo, mas ainda lota shows e mobiliza fãs.

Brasília é um celeiro de bandas do gênero. Em 2018, o DFC completa 25 anos de carreira. Ainda que não toque todos os fins de semana, o Galinha Preta é outro exemplo: estão há 15 anos na labuta, sem perder o público cativo. A banda Terror Revolucionário, por sua vez, comemora a turnê pela Europa, em andamento. A plateia também se renova e comprova: o hardcore está mais vivo do que nunca.

;Mais que um estilo musical, o hardcore é uma postura que se assume diante da sociedade. Colocamos para fora toda a indignação com as injustiças e a futilidade do mundo que nos cerca;, defende Túlio Dourado Carlos, vocalista do DFC. Apesar do longo tempo na estrada, o DFC não é o tipo de banda que precisou de programas de tevê para crescer. Ou do empurrão de gravadoras para chegar lá. Eles pregam o extremo oposto. O ideal por trás do gênero, repetido como mantra, é o faça você mesmo.
[SAIBAMAIS]

;O punk e o hardcore têm muito dessa atitude de independência. Foi isso que nos motivou a produzir e divulgar nossos próprios eventos, gravações, discos e tudo mais;, revela. Por conta dessa característica, é comum que muitos grupos criem os próprios projetos e se intercalem em bandas diferentes. Ele também não é elitista. Diversas bandas consolidadas foram formadas em cidades como Ceilândia, Taguatinga, Gama, e até no Entorno do Distrito Federal ; Alarme, Dogbite, Besthoven, OJTB, Suicídio Coletivo, Massacre Bestial, Velha Carcomida, Apocalixo, Crushed Bones, Podrera, Senso Morto, Os Cabelo Duro, Mais Que Palavras, Lost In Hate, Slow Bleeding, DF-147, O Dia D e Kankra.
Gênero vasto
À frente do Galinha Preta há 15 anos, Frango Kaos explica que é impossível enxergar o hardcore como um movimento único. Para entendê-lo, é preciso compreender as várias subdivisões, tanto sonoras quanto ideológicas. ;O importante não é apenas o que eles pensam, mas o caráter;, explica o vocalista e compositor do Galinha Preta.

;A geração atual está preocupada com likes e, sim, isso impactou o trabalho de muitas bandas;, avalia Frango Kaos. ;Antes, nós precisávamos sair de casa para nos atualizar. Tínhamos que ir à Redley Records, do Paulo César Cascão (ex-Detrito Federal), para conhecer as novidades. Hoje, há muitas bandas boas de hardcore, mas muita gente não as conhece porque não vai aos shows. Além do mais, as coisas antigas se perdem um pouco, muitas bandas existiram e ninguém sabe. No entanto, a cena continua viva;, acredita.

Roqueiros, unidos
Para sanar essa lacuna e fomentar a cena, no ano passado foi criada a Liga do Hardcore do Distrito Federal. Apartidário, independente e sem fins lucrativos, o grupo não é fechado ou se destina apenas aos músicos. Qualquer pessoa pode participar e sugerir eventos ou debates. A ideia, no futuro, é promover eventos, palestras, fanzines, oficinas e outras ações. Outro projeto, já realizado, são as coletâneas virtuais Brasília Hardcore Mixtapes, que lembram as antigas fitas cassete. Elas estão disponíveis em sites como o Bandcamp; e nos serviços de streaming Spotify, Deezer e Apple Store.


Do DF!

Conheça algumas bandas de hardcore que fizeram (ou ainda fazem) história na capital

DFC
Uma das bandas mais emblemáticas de Brasília está próxima de comemorar 25 anos.

Possuído pelo Cão
O projeto, já extinto, contava com integrantes das bandas DFC, Violator e Terror Revolucionário.

The Grindful Dead
Projeto de 2014 reúne membros do DFC, NxWx 77 e Dark Flow. Lançou um disco 7; com 11 músicas.

ARD
Em ativa desde 1984. No começo de 2017, a banda fez a primeira turnê pela Europa.

Nada em vão
Hardcore com um pé no rock, com letras positivas e honestas. Até o momento, foram lançados dois EPS.

Deceivers
Uma das bandas mais importantes da cena hardcore na cidade. Conta com uma discografia intensa.

QuebraQueixo
A banda marcada pela presença de Evandro Vieira nos vocais e, atualmente, está em pausa.

What I Want
Grupo de grindcore formado em 2014 e que lançou recentemente o primeiro CD.

Terror Revolucionário
Começou em 1999 como um projeto do vocalista Felipe CDC (do Death Slam). Está em turnê pela Europa.

Macakongs 2099
No ano que vem, o grupo completa 20 anos de letras politizadas e críticas. Lançou quatro álbuns e um DVD.

(Fonte: Arthuálisson Benvindo de Jesus, músico, roadie, criador de zines sobre o hardcore e autor do projeto sonoro Agamenon Project)



ONDE OUVIR

Brazzas Grill
(Área Especial 2, Qd.3, lj. 1, Setor Tradicional, Brazlândia; 3479-1107)

Conic
(Edifício Venância IV e V, SDS; 3223-2648)

Círculo Operário
(St. De Áreas Especiais, Cruzeiro Velho)

Estúdio Formiguero
(QE 40, Conj. M, Lt. 8, Guará 2; 98422-2788)

Palco Pró Estúdio
(CND 4, Lt. 4, lj. 3, Praça Do Bicalho, Taguatinga Norte; 97400-8744)

Saloon Red Rock Alternativo
(QI 616, Conj. 2, lj. 1, subsolo, Samambaia Norte; 3022-1233)

RagnaRock Music & Motorcicle Club
(ADE, Qd. 1, Ceilândia)

República do Rock
(R. 4A, Bl. 2, Módulo 6, Vicente Pires)

Stranjas Club
(513 Sul, Bl. C, lj. 78; 3345-8075)