Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Referência pop, Frida Kahlo faria 110 anos hoje se estivesse viva

O rosto da artista plástica é inconfundível, assim como o trabalho. Frida Kahlo se aplicou a arte de uma forma única e hoje o resultado é uma popularização de sua imagem


Há exatos 110 anos na pequena comunidade de Coyoacán ; hoje um distrito ;, no México, nascia um dos maiores símbolos das artes plásticas do mundo: Frida Kahlo. O trabalho da artista se tornou uma verdadeira referência pop, tendo o expressivo rosto impresso em camisetas, buttons e até mesmo em canecas.
Mas como Frida saiu do profundo interior mexicano para os quatro cantos do mundo? Basicamente, com a qualidade técnica das obras e coragem. Essa segunda é a que chama mais atenção. Não é preciso ser nenhum especialista para encarar as obras de Frida como algo que sai do comum. Corpos mutilados, autorretratos e muito honestidade formaram o conteúdo das mais famosas pinturas da artista. Segundo o mexicano Francisco Haghenbeck, autor do livro O segredo de Frida Kahlo, em entrevista ao portal BBC Brasil, a identificação de Frida com suas obras foi algo fundamental para atrair atenção do público: ;O conceito de usar a si mesma como tema de sua obra elevaram Frida a um lugar excepcional;.

Obras de Frida Kahlo
Dentre notáveis produções de Frida, destacam-se a que mais se aproximam de sua vida e de todo o sofrimento que a artista teve que suportar ao longo da vida. Hospital Henry Ford, pintada em 1932, após a mexicana sofrer três abortos, mostra Frida nua em uma cama de hospital circundada por um bebê, um esqueleto e uma flor. Já Autorretrato com o cabelo cortado aponta Frida com o cabelo curto, espalhado pelo chão, em um estilo que publicamente desagradava o marido, o também pintor Diego Rivera. Em outras obras também é possível perceber a autorretratação de Frida em imagem anatômicas ; clara referência ao acidente de bondinho que ela sofreu.
Ídolo pop 110 anos depois
Ironicamente, a reprodução da vida em suas obras foi um dos principais fatores que levaram a popularização da imagem de Frida pelo mundo. A mexicana não fazia questão de esconder vertentes complicadas de seus relacionamentos ; muitas vezes até em suas obras. E, se dentro do casamento Frida sofria com um matrimônio abusivo e violento com Diego Rivera, fora do casamento Frida se envolveu com o intelectual Leon Trotsky, ao mesmo tempo que o marido teve um relacionamento com a irmã mais nova de Frida.
O acidente de bondinho que Frida sofreu em 1925 também se transformou em arte. Depois de ter vários órgãos internos perfurados por uma barra de ferro ; como o útero e o intestino ;, a artista passou a retratar sua dor física em obras. Foi também do sofrimento que Frida se tornou uma referência de estilo. Para combinar com o colete de gesso que usava ; em decorrência do acidente ;, e esconder a perna mais curta (decorrente de complicações da poliomielite que lhe acometeu ainda criança), a mexicana passou a adotar saias Tehuana, típicas do sul do México. Mas o estilo não era ocasional: Tehuana foi uma região predominada por um sistema matriarcal, raro no contexto da época.
Sobre a relação entre tragédia e obra na arte de Frida, a professora da PUC ; RS, Edla Eggert, a BBC Brasil, explica: ;Há esse enigmático ponto de contato que ela produz com todo mundo que já viveu uma tragédia com seu corpo; há a tensão de viver um amor que, em grande medida, consumia sua vida, mas ao qual ela deu um basta em determinado momento e, por meio da criação, construiu um outro espaço para si mesma;.
Que tal conhecer um pouco da artísta além dos buttons? Esse vídeo mostra:
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