Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Leia crítica do filme 'Armas na mesa', longa com Jessica Chastain

Previsto para estrear nos cinemas, a produção acabou sendo lançada diretamente em DVD


Mulheres meticulosas e que desviam dos padrões esperados nem são raridades no cinema, como confirmam as protagonistas de Mamãe é de morte (Kathleen Turner, que encara uma maternidade assustadora) e de Um sonho sem limites, no qual Nicole Kidman deixa de ser humana, diante da obsessão pelo trabalho. Numa carreira em que alterna leveza (como nas comédias do filão O exótico Hotel Marigold) e suspenses pesados (caso de A grande mentira), o inglês John Madden adota, ao seguir o bom roteiro do estreante Jonathan Perera, o caminho do excesso, que bem combina com a protagonista de Armas na mesa, Elizabeth Sloane, uma mais do que qualificada lobista.

Estatísticas alarmantes sobre uso indiscriminado de armas, manipulação de eleitores, doação de montantes ilícitos, chantagens de senadores e vidas pessoais tornadas públicas ; se tudo isso lembra Brasil, esqueça: Miss Sloane (o título original do filme) opera nos esgotos sociais norte-americanos. Prevendo os gestos de cada oponente (outros lobistas de plantão), numa rotina massacrante, Sloane trafega no fio da navalha: entre a segunda emenda à Constituição, capaz de assegurar porte de armas para americanos, desejos do oportunista político Sanford (Chuck Shamata), e as próprias convicções, mesmo que essas desviem de esferas éticas.

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Difundir informação é vital tanto para Sloane (Jessica Chastain, ótima e batendo na trave das indicações ao Oscar) quanto para o roteiro da fita ; excelente, em termos de equilíbrio. Há muitos personagens coadjuvantes críveis, em Armas na mesa, como a Esme feita por Gugu Mbatha-Raw, o senador Sperling (interpretado por John Lithgow) e o atlético Forde (Jake Lacy). Envolvente, o longa, em última instância, trata da discussão de responsabilidade e integridade.